Mais de 140 milhões de chineses renunciam ao Partido Comunista Chinês

16/07/2013 15:23 Atualizado: 16/07/2013 15:23
Em 24 de abril de 2011, praticantes do Falun Gong e ativistas dos direitos humanos realizaram uma manifestação contra a perseguição ao Falun Gong na China e comemoraram o 12º aniversário do Apelo Pacífico de 25 de Abril de 1999, quando 10 mil praticantes apelaram pacificamente em Pequim pela libertação de 45 praticantes detidos na cidade de Tianjin. A faixa maior diz: “Você já renunciou?” (Epoch Times)

O ressentimento público continua a ferver sobre queixas generalizadas de injustiça e a agitação social aumenta em todo o país. Depois de décadas de opressão e violência do Estado, muitos chineses não têm mais qualquer confiança no regime comunista e estão desesperados por uma mudança.

Até 28 de junho, 140 milhões de chineses renunciaram ao Partido Comunista Chinês (PCC) e a suas organizações afiliadas, segundo o site Tuidang do Epoch Times (‘Tuidang’ em chinês significa ‘sair do Partido’). Houve mais uma onda de renúncias em 1º de julho, data do aniversário do PCC, com muitos chineses escolhendo esta data específica para cortar seus laços com a maior organização comunista do mundo.

Problemas generalizados de segurança alimentar

Há um antigo ditado chinês que diz que “a comida é como o céu para as pessoas”, o que significa que o alimento é de importância fundamental. No entanto, essa sensibilidade básica é completamente ignorada pelas autoridades chinesas e a segurança alimentar tem se tornado um problema crítico para os cidadãos.

Escândalos de alimentos contaminados se tornaram comuns, incluindo escândalos recorrentes de leite em pó com melamina, medicamentos impregnados de mercúrio e a descoberta no início deste ano que quase metade do arroz numa cidade do Sul da China continha altos níveis de cádmio, isso logo após um relatório anterior que dizia que quase 10% de todo o arroz na China estaria contaminado com metais pesados venenosos.

Preocupações de segurança alimentar surgiram pela primeira vez entre o público chinês quando leite em pó falsificado matou pelo menos 12 bebês na cidade de Fuyang, província de Anhui, em 2004. Em 2008, o público soube que as empresas chinesas acrescentavam intencionalmente melamina plástica industrial em produtos lácteos e muitos chineses perderam a confiança nos produtos alimentares nacionais, especialmente no leite em pó. Muitos chineses agora migram para o exterior para comprar grandes quantidades de leite em pó e enviá-los para a China, de forma que os supermercados em alguns países agora impõem limites sobre a quantidade de leite em pó que cada cliente pode comprar por vez.

Em 30 de junho, descobriu-se que o arroz da área de Xiangtan, província de Hunan, estava contaminado com metais pesados que poluíram o solo local, gerando pânico em Changsha, a capital de Hunan, e na província vizinha de Guangdong. Rizicultores locais foram posteriormente incapazes de vender suas colheitas de arroz de qualidade superior mesmo a preços muito reduzidos, resultando em grandes perdas para eles.

Funcionários do alto escalão do PCC, muitas vezes obtêm seus alimentos a partir de fornecedores especiais ou têm fazendas particulares, garantindo a segurança da própria comida e distanciando-se da questão da segurança alimentar que afeta o cidadão comum.

Aumento dos protestos em massa

Diante dos crescentes problemas de corrupção, injustiças sociais, degradação ambiental e crescente desigualdade de renda, muitos chineses não apenas começaram a expressar sua insatisfação em fóruns online, mas também por meio de manifestações e protestos em todo o país.

A agitação social na China aumentou dramaticamente nas duas últimas décadas. De acordo com um relatório da Rede de Pesquisa e Assessoria Europa China (ECRAN), foram registrados poucos incidentes de manifestações públicas ou tumultos na década de 1980. Mas entre 1997 e 2005, o número de protestos em massa cresceu dez vezes de 8.700 para 87.000 por ano. Estima-se que entre 180 e 230 mil protestos públicos ocorreram em 2010.

Em 27 de junho, a polícia de trânsito na cidade de Chengdu, província de Sichuan, interceptou impropriamente um veículo de transporte numa estrada, fazendo-o colidir de frente com um caminhão de grande porte e matando o motorista. A tragédia provocou um grande protesto envolvendo centenas de caminhoneiros e milhares de espectadores. As autoridades locais enviaram uma força de mil policiais militares para reprimir os protestos e, no confronto que se seguiu, várias viaturas da polícia foram viradas e destruídas e dezenas de pessoas ficaram feridas.

Em outro exemplo em 24 de junho, cerca de mil moradores bloquearam a entrada da administração do governo local de uma cidade na província de Hebei para protestar contra a extensão do contrato de arrendamento de um lote de terra que funcionários municipais haviam aprovado sem o consentimento da comunidade. Em resposta, as autoridades locais mobilizaram mais de 20 viaturas e 200 policiais para enfrentar os manifestantes, o que resultou num engarrafamento que durou mais de 10 horas.

Em maio, três protestos foram realizados nas províncias de Sichuan e Yunnan contra a instalação de fábricas químicas que produziriam paraxileno, um produto altamente cancerígeno e grave poluente ambiental. Manifestações similares sobre questões ambientais também têm ocorrido este ano em muitas cidades importantes, incluindo Pequim, Shanghai, Chengdu e Shenzhen.

De acordo com um relatório publicado pela Human Rights Watch este ano, estatísticas oficiais e acadêmicas estimam que entre 250 e 500 protestos ocorram na China a cada dia, com o número de participantes variando entre dezenas de pessoas até muitos milhares.

Corrupção e impunidade sem freio

A corrupção desenfreada em todo aparato do regime chinês é plenamente reconhecida e bem documentada por jornalistas profissionais e acadêmicos.

Num artigo da escritora e economista chinesa He Qinglian, intitulado “Sobre a corrupção sistêmica na China e sua influência”, ela escreveu que desde 1998 a corrupção na China tem sido caracterizada por um padrão de comportamento organizado que se transformou em corrupção sistêmica.

De acordo com ela, o discurso “1º de Julho”, feito em 2001 pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, introduzindo “a entrada de empresários privados no PCC”, efetivamente abriu uma via institucional para a integração das elites política e econômica da China, permitindo que estas e suas famílias cooperassem para o benefício mútuo em detrimento do povo.

Os escândalos de corrupção de Jiang Zemin e seu filho são exemplos claros. Jiang Zemin foi o chefe do PCC entre 1989-2002 e isso lhe permitiu abusar do poder político e desviar recursos públicos para benefício pessoal. Seu filho, Jiang Mianheng, também foi envolvido em vários escândalos de corrupção que ocorreram durante o mandato do pai.

Em 1994, Jiang Mianheng usou apenas alguns milhões de yuanes para comprar a empresa estatal Shanghai Joint Venture que valia na época centenas de milhões de yuanes na Bolsa de Shanghai. Por meio da privatização ilegal de bens do Estado, muitas empresas estatais, incluindo a China Netcom, a Indústria Automobilística de Shanghai, a Rede de Informação de Shanghai e a Corporação Aeroporto de Shanghai, acabaram por se tornar propriedades particulares da família Jiang, embora nominalmente permanecessem empresas estatais.

O ex-vice-presidente Zeng Qinghong, também conhecido como o “braço direito” de Jiang Zemin, é outro exemplo de corrupção na elite política da China.

Exposto pelo Epoch Times e outras fontes, Zeng Qinghong e sua família, com a ajuda de um empresário de Taiwan, criaram empresas como a China Eastern Airlines, bem como o Acordo de Parceria Econômica (CEPA), que permitiu as famílias Zeng e Jiang a lavarem dinheiro e transferirem fundos secretamente para fora do país.

Em maio de 2006, 91,6% das ações da empresa estatal Luneng, avaliadas em 73,8 bilhões de yuanes (US$ 9,47 bilhões na época), foram secretamente transferidas para duas empresas privadas pouco conhecidas e baseadas em Pequim por meros 3,73 bilhões de yuanes (US$ 478 milhões), reportou a revista financeira Caijing. Estima-se que pelo menos US$ 7 bilhões em ativos estatais foram perdidos no negócio.

A revista Foreign Policy nomeou a pessoa mais sensível envolvida no negócio como Zeng Wei, o filho de Zeng Qinghong. Em seguida, a família Zeng transferiu para o estrangeiro a maior parte do dinheiro adquirido no negócio.

Um total de US$ 3,79 trilhões em fundos ilícitos fluiu para fora da China entre 2000 e 2011, segundo um relatório de 2012 da Integridade Financeira Global (GFI), um grupo de vigilância anticorrupção baseado em Washington DC. As saídas ilícitas cresceram de US$ 172,6 bilhões em 2000 para US$ 602,9 bilhões em 2011, o que implicou um crescimento médio anual de 7,2%, pouco abaixo da taxa de crescimento médio anual de 10,2% do PIB da China.

“Embora fundos possam ser obtidos por meio de suborno, propina ou outras atividades ilícitas, eles podem muito bem ser adquiridos por meios legítimos”, disse a GFI. “É a transferência em violação aos controles de capital ou o não pagamento de impostos que torna os fundos ilícitos.”

Mais pessoas renunciam ao PCC

O Epoch Times publicou os “Nove Comentários sobre o Partido Comunista” em 2004, uma série editorial que explora a natureza e a história do Partido Comunista Chinês (PCC). O livro se difundiu rapidamente pela China e pelo mundo, o que resultou no movimento de renúncia ao PCC. Após décadas de propaganda e censura, um número crescente de chineses vêm compreendendo a verdade por trás do PCC e renunciado suas conexões com ele e suas organizações juvenis afiliadas.

Muitos chineses escolheram a data simbólica de 1º de julho deste ano, o 92º aniversário da fundação do PCC, para anunciar seu abandono do PCC. Li Lianpao, um delegado do Congresso Popular Nacional, declarou publicamente sua decisão em sua conta no Sina Weibo na véspera de 1º de julho.

Pan Renqiang, de 61 anos e ex-juiz do Tribunal Popular Intermédio de Wuhan, também renunciou ao PCC com seu nome real. Justificando sua decisão, ele disse que ter visto a natureza enganosa do PCC por décadas de experiência pessoal.

Algumas semanas atrás, Shi Zongwei, um oficial da administração provincial de Henan, usou seu nome real para retirar-se do PCC. Ele escreveu em seu blogue: “Espero poder espalhar a verdade e desfazer a lavagem cerebral [do PCC], de modo que o público possa acordar e fazer valer os seus direitos como seres humanos.”

Em meados de junho, cerca de 5 mil projecionistas de várias vilas e cidades na província de Hunan denunciaram em conjunto e em público o PCC.

Em 15 de abril, o Fórum Popular, um serviço de mensagem no site do Diário do Povo, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês, publicou os resultados do que chamou de pesquisa de “confiança, crença e fé” na capacidade do PCC concretizar suas reformas políticas e econômicas.

Das cerca de 3 mil pessoas que participaram da pesquisa, 80% mostraram descrença e 10% não tinham certeza. A esmagadora maioria das respostas negativas levou a remoção da pesquisa do site no mesmo dia.

Durante décadas, o regime comunista chinês nunca tratou com os cidadãos chineses por canais de comunicação legítimos, mas continuamente recorre à violência, evidentemente incompatível com qualquer sociedade civilizada. Muitos dos que renunciaram ao PCC denunciaram-no como uma organização maligna.

Um cidadão de Guangzhou disse à Rádio Som da Esperança (SOH): “Com a ajuda de ferramentas para contornar a censura e o bloqueio da internet na China, fui capaz de ler os ‘Nove Comentários’ e conhecer minuciosamente o PCC. Assim, eu renuncio ao PCC. Acho que é inevitável que o destino o destrua.”

Em outra entrevista com a SOH, um morador de Pequim disse que declarou em sua renúncia ao PCC no site Tuidang do Epoch Times: “Com mais e mais chineses superando seus medos íntimos e traumas em relação ao PCC, este regime totalitário eventualmente desmoronará por conta própria”, concluiu ele.

Epoch Times publica em 35 países em 21 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT