Mais de 10.000 presos em operação contra ‘crime na internet’

31/07/2012 12:00 Atualizado: 31/07/2012 12:00

Internautas chineses usam um laptop num café em Pequim em 2009. (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)Mais de 10.000 foram presos num último esforço do Partido Comunista Chinês (PCC) para reduzir os alegados crimes na internet, segundo um comunicado divulgado pelo Ministério da Segurança Pública chinesa em 25 de julho.

O Ministério disse estar combatendo websites de pornografia e que vendem armas de fogo, munições, explosivos ou informações pessoais desde que a campanha começou em março. No entanto, muitos acreditam que esses esforços visam de fato às críticas online contra o regime comunista.

Num artigo da mídia estatal Xinhua de 24 de julho, o chefe de polícia de Pequim, Fu Chenghua, advertiu contra websites que “vendem mercadorias proibidas; inventam e espalham boatos políticos; [ou] atacam o PCC, os líderes do Estado e o sistema atual”, observando que os infratores serão punidos.

Em Pequim, 5.007 pessoas foram presas, com mais de 120 mil policiais despachados para inspecionar mais de 10 mil cibercafés, dos quais 263 foram fechados, segundo o artigo da Xinhua.

Em todo o país, um total de 3,2 milhões de mensagens online foi eliminado, com mais de 10 mil “unidades de serviço de internet” punidas, observou o Ministério.

Internautas chineses especulam que a repressão possa ser uma tática de silenciamento diante do 18º Congresso Nacional Popular que será realizado ainda este ano, quando a próxima geração de líderes comunistas assumirá oficialmente as rédeas.

O usuário do Twitter “Renrenping” escreveu, “Uma medida tomada para salvaguardar o 18º Congresso Nacional Popular”, junto com um link para o artigo da Xinhua.

No Sina Weibo, um serviço de microblogue chinês, o advogado Zhang Xing de Pequim citou as palavras do chefe de polícia Fu Chenghua, “O que significa ‘atacar o PCC e os líderes do Estado’? ‘Atacar’ não implica crítica? Mas o artigo 41 da Constituição da República Popular da China estipula que os cidadãos têm o direito de fazer críticas ou dar sugestões a qualquer órgão estatal ou funcionário do governo.”

Também no Weibo, a personalidade da mídia An Ti disse que a julgar pelo calendário destes artigos, a repressão é provavelmente uma preparação para o 18º Congresso, um esforço para reprimir a opinião pública.

Ambas as mensagens já foram excluídas.