O BNDES já tem em sua carteira mais de 300 bilhões de reais em empréstimos. Por mais estranho que possa parecer, o BNDES quer mais, a Medida Provisória 633 fornece mais R$ 50 bilhões ao BNDES, fazendo com que o banco possa emprestar incríveis R$ 372 bilhões em financiamentos subvencionados pela União. Se você não acredita em mim, aqui está o link para a MP 633. Para acompanhar a votação da MP 633clique aqui. Como vocês podem notar, a MP 633 está praticamente aprovada.
O impacto fiscal dessa nova generosidade do BNDES é de R$ 12,3 bilhões. Isso mesmo leitor: doze bilhões e trezentos milhões de reais de nossos impostos irão financiar essa expansão de crédito subsidiado do BNDES. Note que esse custo se refere apenas ao acréscimo de R$ 50 bilhões nos empréstimos. Mas a mágica do governo não tem limites! Por questões metodológicas esse impacto fiscal não irá aparecer no superávit primário de 2014! O governo vai te enganar, dizendo que economizou um dinheiro que na realidade já gastou! Por questões metodológicas (altamente questionáveis, mas legais) essa operação não gerará impacto fiscal (contábil) em 2014, e nem em 2015. Isso mesmo! O buraco dessa operação só irá aparecer entre 2016 e 2017.
Em resumo, após a aprovação da MP 633 o BNDES (e a FINEP) terá autorização para emprestar, a juros subsidiados, R$ 372 bilhões. O custo para o contribuinte, apenas em relação a equalização de juros da expansão de R$ 50 bilhões, será de R$ 12,3 bilhões. O impacto disso nas contas públicas só irá aparecer entre 2016 e 2017. E, para fechar com chave de ouro, eventuais prejuízos também só irão aparecer daqui há dois anos. Mas até lá novas Medidas Provisórias irão aparecer, transformando prejuízos em participações acionárias, ou qualquer outro dispositivo para enganar a população, maquiando prejuízos, e tornando as contas públicas brasileiras cada vez mais insustentáveis e fictícias.
Adolfo Sachsida é pós-doutor em Economia pela University of Alabama (EUA) e especialista do Instituto Liberal