A maior mina de realgar da Ásia foi desativada, deixando para trás contaminação maciça por arsênio e pessoas doentes e morrendo em aldeias vizinhas.
A mina de 1.500 anos, localizada no distrito de Baiyun, condado de Shimen, província de Hunan, China, outrora uma fonte de suplemento medicinal chinês, se tornou progressivamente um deserto tóxico nas últimas seis décadas. Arsênio contaminou o solo e a água em 9 quilômetros quadrados ao redor da mina e envenenou mais de mil moradores, segundo um artigo da mídia chinesa Legal Weekly.
Hu Lizhen, um morador local, disse que cinco de seus 11 familiares já foram diagnosticados com envenenamento por arsênio, mas nem todos foram examinados ainda. Outro morador disse que a água não é potável, e que eles têm de obter água de fontes externas distantes. Pessoas das áreas circundantes não compram os legumes destas aldeias contaminadas. Assim, os moradores não têm escolha, senão comer sua própria produção devido a dificuldades financeiras.
Pessoas que sofrem de envenenamento por arsênio geralmente ficam acamadas, incapazes de esticar os dedos, e sua pele é marcada com hematomas escuros. Se o envenenamento por arsênio não for tratado precocemente, desenvolve-se câncer de pele ou pulmão. Segundo o dr. Zhao Guangming, vice-presidente do Hospital Huang, uma média de 10 pessoas por ano morreu de envenenamento por arsênio na região, com o maior número sendo 30. De 1976 a 1998, houve mais de 300 mortes, disse ele.
Realgar é um mineral, o sulfeto de arsênio, também conhecido como ‘rosalgar’, ‘rubi de enxofre’ ou ‘sandáraca’. Ele foi usado como um pigmento vermelho na antiga China, Índia, Roma e Egito. O realgar também tem sido empregado na fabricação de fogos de artifício, na produção de couro e no controle de pragas por causa de sua toxicidade. Ele também tem aplicação na medicina chinesa; quando misturado com licor de arroz, por exemplo, para preparar vinho de rosalgar.
A mina de Baiyun, outrora próspera e explorada com moderação por centenas de anos, tem declinado progressivamente nos últimos 60 anos devido à exploração excessiva, segundo os habitantes locais. A riqueza antes associada com a mineração de rosalgar é agora apenas uma memória distante. “Costumava ser um privilégio poder trabalhar numa mina de realgar, e os jovens tentavam duramente conseguir um emprego lá”, disse o taxista Wang, ao explicar a história da mina ao Legal Weekly.
Tang Shengyong, que vive entre a mina e o forno de refino de arsênio ao pé da montanha, testemunhou o declínio da mina. “Havia um trilho de ferrovia entre a mina e o forno de refino de arsênio”, disse Tang. “Às vezes, as pessoas trabalhavam na mina durante toda a noite. Longas linhas de luzes brilhavam nas estradas.” Hoje, os trilhos foram retirados, deixando várias colinas e ruínas nuas.
Um morador disse a um repórter do Epoch Times que esta contaminação é um desastre causado pelo homem, e que o governo local deve ser responsabilizado. Internautas chineses postaram comentários críticos às autoridades, condenando-as por “desperdiçar recursos, poluir o meio ambiente, prejudicar as pessoas, corrupção e especulação; graças ao regime comunista chinês”.