Dezenas de milhares se reuniram em Tóquio, em 16 de julho, na maior manifestação antinuclear do Japão desde o desastre de Fukushima em março do ano passado.
Exibindo faixas coloridas, um número recorde de cerca de 170 mil manifestantes se congregou no Parque Yoyogi, segundo o Sayonara Nukes, um dos organizadores do evento.
O website do grupo explica que o meio ambiente do Japão tem sido contaminado e as pessoas expulsas de suas casas por causa da radiação nuclear.
“Mais de 80% das pessoas no Japão não querem usinas nucleares”, afirma o website. “Eletricidade suficiente já está disponível. Podemos fazer esforços para economizar eletricidade. Não há sentido em insistir numa energia que sacrifica a vida e a saúde das pessoas. A energia deve existir para o povo. Nós já tivemos o suficiente de usinas nucleares, que só atendem os direitos e interesses de um determinado grupo.”
Os manifestantes exigiram que o governo encerre as centrais nucleares existentes e planos de construção de novas, mude para um plano de energia natural e acabe com usinas que usam plutônio, o material radioativo mais perigoso.
Eles exibiram cartazes em inglês ou japonês, tais como, “Proteja seu povo mais precioso”, “Não Nuclear”, “Sem mais Hiroshima. Sem mais Nagasaki. Sem mais Fukushima. Mais? Sofrido governo kamikaze.”
Numa declaração no website do famoso compositor e músico Ryuichi Sakamoto, ele disse, “Agora que o pior acidente na história nos despertou de nosso sonho de ilusão de ‘usar a energia nuclear de forma pacífica’, o próximo passo é provar ao mundo que as pessoas e as bombas nucleares não podem coexistir, seja para armas ou eletricidade.”
Sakamoto também fez um discurso no comício de segunda-feira, assim como Kenzaburo Oe, um Prêmio Nobel em literatura, que criticou duramente o primeiro-ministro Yoshihiko Noda pela realização dupla de “usinas de energia e uma reeleição desnecessárias”.
Alarmes dispararam no domingo à noite e na segunda-feira na usina nuclear Oi, alimentando ainda mais o sentimento público antinuclear.
Na semana passada, a unidade 3 da usina Oi retomou operação plena, marcando o fim da curta pausa da energia nuclear no Japão. Um segundo reator está previsto para ser reativado em breve.
O primeiro alarme indicou um aumento da pressão no tanque de resfriamento do reator 4, mas segundo um comunicado da Kansai Electric Power Co. (KEPCO), não houve problemas de segurança. A empresa realizou uma verificação e determinou que não havia problemas. O segundo alarme chamou a atenção para um mau funcionamento do motor auxiliar no gerador do reator de emergência, segundo a KEPCO.
Um relatório publicado recentemente chamou o acidente de Fukushima de um desastre de origem humana, citando o conluio com empresas nucleares, uma cultura de seguir cegamente a autoridade e um desejo de confiar apenas na energia nuclear.