Shatia não conseguia conter suas lágrimas ao falar sobre o futuro brilhante que via para a sua filha. Ela estava otimista quanto ao seu futuro também, planejando uma carreira cuidando de animais. Mas, as coisas poderiam ter tomado outro rumo, há meses atrás quando era desabrigada.
Shatia cresceu junto à uma mãe viciada em drogas (cujo o sobrenome recusou em fornecer), cresceu se sentindo abandonada. Passou a desafiar seu guardião, fugir das aulas e viver nas ruas.
Porém, sua vida mudou quando engravidou. “Eu preciso fazer algo diferente agora”, ela percebeu. “Preciso encontrar um modo melhor para viver”.
Ela já não era menor de idade e, portanto, a sociedade esperava que pudesse tomar conta de si mesma. Foi então que uma amiga falou da Covenant House.
A Covenant House existe há aproximadamente 42 anos. É um abrigo sem fins lucrativos que promove assistência a 50 mil jovens desabrigados em 21 cidades dos Estados Unidos, Canadá e América Central.
Shatia foi aceita pelo programa da Covenant House para mães jovens em Nova Jérsei. “Estou muito agradecida por ter a chance de ter um teto sobre nossas cabeças”, ela afirma. E talvez, o mais importante é o fato de ela ter se sentido amada e cuidada lá.
“Estou focada em ser a melhor mãe que eu poderia ser para minha filha”, ela afirmou na sexta feira, dividindo sua história em uma sala cheia de outras mães. “Vou dar à ela a melhor infância e vida que eu não tive”.
Aproximadamente 100 jovens no encontro escutaram atentamente, algumas com lágrimas nos olhos.
Em seguida, Shatia e as outras levaram seus sacos de dormir e seus cartazes para a rua. Todas participaram do evento da Covenant House para dormir na rua, um evento que arrecadou US 240 mil dólares.
O conceito é incomum, mas funciona: as participantes passam a noite fora em sacos de dormir em um estacionamento em frente às instalações da Covenant House. Elas avisam a seus amigos de suas decisões e pedem doações para a causa: “Eu durmo fora para que a juventude não tenha que fazê-lo”.
Edição das mães
Desta vez, o evento foi específico para as mães – isto é, somente mães foram convidadas a participar. Cada mãe tinha o objetivo de arrecadar US 2 mil dólares através de doações online em páginas da Convenant House.
Algumas sofreram para arrecadar a soma, afirmando que tiveram conhecimento do evento tardiamente. Por outro lado, as que começaram cedo, foram muito além. Jennifer Satz Enslin, do bairro de Upper West Side, chegou ao limite, arrecadando aproximadamente US 20 mil dólares. “É algo que mexe com as pessoas”, ela disse. Duas de suas amigas se juntaram à ela, arrecadando juntas mais de US 30 mil dólares.
O ambiente do evento era encorajador e intenso. As participantes foram recebidas rapidamente, e depois várias histórias foram compartilhadas pela equipe da Covenant House, composta por alguns dos 400 jovens que foram abrigados na instalação localizada em West Side Manhattan.
Kevin Ryan, presidente da Covenant House International, contou a história de uma menina que conheceu em 1992 em uma das instalações. Ela nunca conheceu seu pai, perdeu sua mãe quando tinha 12 anos, e foi estuprada e forçada a se prostituir aos 15. Com 17 anos se tornou desabrigada. Graças ao Convenant House a menina conseguiu um emprego na escola de enfermagem e hoje tornou-se enfermeira encarregada do Hospital de Nova Jérsei. “Como isto aconteceu?” Ryan perguntou. Sua resposta se baseia nos princípios da Covenant House, que são o amor mundial por jovens que não o sentiram e foram abandonados.
A manhã seguinte
Aproximadamente à meia noite, as mães estavam prontas para dar boa noite, experimentando a sensação de dormir ao relento. Os sacos de dormir eram confortáveis e quentes, mas devido ao barulho das ruas de Manhattan próximo à elas, não conseguiram dormir bem.
“Eu estava feliz, mas muito cansada”, disse Pam Hess, uma professora de educação especial de Nova Jérsei. “Eu tentei me colocar no lugar de um adolescente, enfrentando sua primeira noite sozinho e sem um lar”, ela contou por e-mail.
“Enquanto a noite ia acabando, minhas amigas e eu refletimos sobre como a solidão é nosso maior medo. Os adolescentes contaram como a equipe da Covenant House de fato os ouvia e se importava com eles, algo que seus pais nunca puderam dar. Que presente maravilhoso” a Covenant House os deu.