O governo de Macri está focado na tentativa de alterar um dos pontos mais controversos do acordo bilateral assinado pelo governo anterior, de Cristina Fernández de Kirchner, com a China: incluir uma cláusula que afirma especificamente que a base de lançamento espacial chinesa em Neuquén “não terá nenhum uso militar”.
O governo argentino está tentando acabar com a polêmica, indignação e preocupação geradas pelo tratado entre diversos analistas e políticos, devido à velocidade com que o projeto foi acordado. Além disso, eles abordaram com sigilo e negligência um tema extremamente delicado como a segurança nacional e internacional.
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O tema em questão é sobre a construção, atualmente em estágio avançado, da base de lançamento espacial da China em Neuquén, que poderia ter uso militar e civil, uma vez que a empresa estatal China Satellite Launch and Tracking Control General (CLTC), responsável pela gestão e controle da base, reporta-se diretamente ao Departamento Geral de Armamento do Exército de Libertação Popular da China. A empresa CLTC foi acusada de espionagem pela Austrália, em 2011.
O presidente argentino ficou encarregado de negociar com o regime chinês, através do embaixador da China, Diego Guelar, e da chanceler Susana Malcorra, com quem deve fechar o acordo antes da reunião de cúpula do G-20 em setembro, o qual Macri planeja participar, conforme informou La Nación. O governo também irá analisar todos os outros acordos assinados por Cristina Fernández com a China.
Controvérsias
A CLTC, empresa que está construindo a base chinesa em Neuquén, apresenta-se como uma empresa dedicada a operações de telemetria, rastreamento e comando de operações espaciais, tendo se destacado por ter atuado no Programa de Exploração da Lua pela República Popular da China. Mas os adversários, incluindo o ex-vice-chanceler Roberto Garcia Moritan, têm apontado que a tecnologia e as atividades cotidianas na base poderão ser usadas para fins militares, como “digitalização de informações, rastreamento e localização de satélites, incluindo, caso seja necessário, controle de lançamentos de mísseis, aviões e outras atividades militares em escala global”, segundo uma afirmação do ex-vice-chanceler em uma coluna no jornal Infobae.
Em uma entrevista para o Epoch Times, o engenheiro aeronáutico e especialista em segurança, Ricardo Runza, também mencionou que a operação, de médio e longo prazo, seria uma base paramilitar na Patagônia argentina.
Para o engenheiro, a região latino-americana “deixará de ser uma zona de paz, precisamente porque existirá uma base paramilitar chinesa no Cone Sul, que irá desempenhar um papel importante em uma futura guerra espacial, especialmente entre a China e os EUA.; pois existem tensões que estão ocorrendo neste momento”, disse ele.
“O futuro de toda a América do Sul será o de não estar isento de uma participação. Esse será o principal impacto”, acrescentou.
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