Lula, Foro de São Paulo e as FARC

12/02/2014 09:27 Atualizado: 12/02/2014 09:27

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nega qualquer relação entre si, seu partido (PT) e as Forças Revolucionárias da Colômbia (FARC), uma organização narcoterrorista que pretende instaurar o comunismo na Colômbia através das táticas de guerrilha (como Fidel Castro e Che Guevara fizeram em Cuba e guerrilheiros tentaram fazer no Brasil entre 1961 e 1985).

Contudo, Lula presidiu o Foro de São Paulo junto com os falecidos líderes das FARC, Manuel Marulanda Vélez (o “Tiro Fijo”) e Raul Reyes, de 1990 até 2003, quando assumiu como Presidente do Brasil, com Reyes e de 1990 até 2008 com Marulanda, anos de seus respectivos falecimentos. O próprio Reyes assumiu o contato por longos anos com Lula através do Foro de São Paulo, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, em 24 de agosto de 2003. Quando Tiro Fijo e Raul Reyes morreram (em ações do Governo colombiano contra as FARC), tanto Lula quanto o PT enviaram suas condolências à organização. Inclusive, no XIV Foro de São Paulo, ocorrido em 2004, Lula e diversas figuras petistas ovacionaram Daniel Ortega pelo discurso de lamentação pela morte de Manuel Marulanda Vélez.

Como, então Lula pode negar seu envolvimento com membros do mais alto escalão das FARC? E muito se engana quem acha que as relações pararam após Lula assumir a presidência da república, ou depois da morte de Marulanda Vélez. Tanto, que o falso padre Oliverio Medina (codinome de Francisco Antonio Cadena Colazzos) assumiu (em 2008, após a morte de Marulanda) durante uma festa na chácara “Coração Vermelho”, próxima a Brasília/DF, ter intermediado doação das FARC à campanha presidencial de Lula em 2002. O valor da doação foi de US$ 5 milhões e consta em relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). O número do relatório é 0097/3100. Até hoje representantes das FARC participam ativamente do Foro de São Paulo, assim como o ex-presidente Lula.

Rasgando ao meio a Constituição Federal e o próprio estatuto, o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) concedeu status de refugiado político ao falso padre Oliverio Medina, em 2006, após um ano preso, que na Colômbia responde a acusações de terrorismo, assassinato, sequestro e extorsão e que por isso não poderia receber o status. Não satisfeitos em abrigar um terrorista assassino, o Governo brasileiro também concedeu cargo comissionado no Ministério da Pesca a Angela Maria Slongo, esposa do falso padre, em 2007.

Falando em sequestro. As FARC institucionalizaram o ato como parte fundamental de sua guerrilha. Sequestram desde empresários de diversos países (como ocorreu com Abílio Diniz) até senadores e diplomatas.

O ex-presidente Lula se negou a classificar as FARC como um grupo terrorista e se fez ouvir através do ex-chanceler e hoje (pasmem) Ministro da Defesa, Celso Amorim, que fez coro a Lula dizendo: “O Brasil não faz classificação de quais organizações são terroristas e, por isso, não iria discutir se as FARC entram ou não nessa categoria”. Menos de um mês depois, o Governo de Álvaro Uribe, na Colômbia, conseguiu resgatar a ex-senadora Ingrid Betancourt (da “esquerda caviar” francesa) e outros 14 reféns das mãos das FARC, impossibilitando o plano do Governo brasileiro de conseguir a libertação através de negociação direta com os narcoterroristas e dar o crédito a Lula que se afirmaria ainda mais como líder do Foro de São Paulo e na América Latina.

Tanto, que o nosso ex-presidente disse: “Eu espero que as FARC tenham a sensibilidade de participar do jogo democrático e liberar todos os reféns que ainda existem em suas mãos”. Essa posição de Lula significou um recuo estratégico no que costumava pregar sobre os terroristas e narcotraficantes da guerrilha, antes classificada como “organização insurgente”.

Voltando ao Foro de São Paulo! Engana-se quem pensa que a entidade age apenas através da própria organização interna. Diversos líderes contribuem ou contribuíram individualmente e muito para a ascensão do socialismo e do narcotetrrorismo na América Latina. Não só Lula, que podemos considerar o grande expoente, mas também o falecido líder socialista bolivariano da Venezuela, Hugo Chávez (que diferente de Lula fazia questão de expor seus laços de amizade com Manuel Marulanda Vélez e Reyes, lamentando publicamente a morte de ambos e chamando de assassinato) fala sobre o que pensa das FARC e o vídeo do discurso encontra-se no Youtube no seguinte link: http://www.youtube.com/watch?v=BRW-fdcaMfM. A ele juntam-se Fidel Castro e o presidente equatoriano Rafael Correa, todos participantes diretos do Foro de São Paulo (no caso de Chávez hoje o substituto é Nicolás Maduro). Não falarei ainda de Evo Morales (presidente da Bolívia), pois para este precisarei de muito mais espaço do que disponho neste artigo, principalmente por Morales ser cultivador de Coca e grande interessado nas atividades dos narcotraficantes da América Latina.

O Partido dos Trabalhadores do México participa do Foro de São Paulo desde sua XV edição, em 2005, e assumiu manter relações com as FARC através da entidade, em 2008.

Devido a todos esses fatos, o ex-presidente Lula, ainda exercendo tal função, lutou pela “democratização” da entrevista de Raul Reyes à Folha de São Paulo, concedida em 2003. Lula desejava a “retificação” e uma “reconstrução histórica”. Objetivamente falando, Lula queria naquela época mudar o que estava escrito em uma entrevista já concedida e publicada de quase sete anos antes para que servisse ao seu próprio interesse, modificando as palavras de Reyes para que corroborassem o próprio discurso.

Nesse contexto, a palavra “democratização” serve para atenuar o que realmente ocorreria e enganar o cidadão desatento. Uma tática antiga da esquerda, que utiliza termos “politicamente corretos” e “belos” para esconder intenções nefastas.

Um dossiê do “International Institute for Strategic Studies” (Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, ou IISS), de 2011, revelou as relações íntimas dos líderes latino-americanos Hugo Chaves (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Lula (Brasil), além de citar “por cima” alguns outros, com as FARC ao ponto de Chávez iniciar uma operação para entrega de US$ 300 milhões em dinheiro ou em armas às FARC. Tal operação foi interrompida após a morte de Raul Reyes, conta o editor do dossiê, James Lockhart Smith.

Também segundo Smith, um ex-guerrilheiro das FARC testemunhou ao IISS sobre conversas com Ricardo Patiño (político de esquerda e Ministro do governo Rafael Correa, no Equador) sobre a “doação” de dinheiro para a campanha presidencial de Correa em 2009. Inclusive, o ex-guerrilheiro informa que Patiño falou sobre o dinheiro e que conversou com Correa três vezes sem mencionar a questão, mas que o presidente equatoriano mostrava estar bem a par do estágio das conversas.

Entre as propostas de Correa, Chávez (e agora Maduro), Lula (e agora Dilma) e Evo Morales não se vê diferenças gritantes, mas três pontos em comum e fortemente alinhados: controle do mercado, democratização da mídia e combate a pobreza. Nesses pontos leia-se: intervencionismo econômico ferrenho, controle da mídia para imposição de censura a quem não esteja alinhado ao discurso e ações do grupo no poder e distribuição de esmolas sem exigir nenhuma contrapartida válida, nem possibilitar acesso a educação e saúde privadas através de aumento do poder aquisitivo e mérito (este odiado pela esquerda).

Por fim, fica claro que temos uma entidade poderosa e influente que ajuda a desenvolver e manter governos socialistas, intervencionistas e repressivos pela América Latina, que é financiada por grupos terroristas como FARC e MIR (chileno), através do narcotráfico, guerrilha, sequestros e assassinatos, e da qual participam os principais líderes latino-americanos junto com os líderes dos grupos terroristas mencionados e de outros mais.

São relações perigosas à liberdade dos cidadãos desses países, principalmente Venezuela, Brasil e Equador, e que possibilita uma rede de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influências jamais imaginada.

Mas, apesar de presidir o Foro de São Paulo ao lado de todos esses terroristas e manter relações estreitas com eles e políticos bolivarianos como o falecido Chávez, Evo Morales e Rafael Correa, de ter um assessor especial como Frei Betto e o chefe da secretaria geral da presidência da República em seu governo e no atual, Gilberto Carvalho, juntos a Emir Sader na publicação da revista America Libre (em parceria com as FARC e na qual Reyes e Marulanda Vélez foram do Conselho Editorial até suas mortes), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirma desconhecer essas relações, claramente expostas pelos demais, e que pensava que as FARC “se dedicavam à pecuária e que são grandes produtores de azeitonas”. Como sempre, se disse (ainda como presidente) “traído” e que “não sabia de nada”.

Roberto Barricelli é Assessor de Imprensa do Instituto Liberal. É autor de blogs, jornalista, poeta e escritor. Paulistano, assumidamente Liberal, é voluntário na resistência às doutrinas coletivistas e autoritárias.

Esse conteúdo foi originalmente publicado no portal do Instituto Liberal