O verme microscópico Caenorhabditis elegans está ajudando os cientistas a aprenderem sobre os efeitos do voo espacial prolongado no envelhecimento em seres humanos.
Uma equipe internacional de pesquisadores enviou amostras de C. elegans a bordo da Estação Espacial Internacional por nove dias e, posteriormente, analisou as amostras de volta na Terra para ver como os processos de desenvolvimento e envelhecimento diferem no espaço.
Eles descobriram que microgravidade baixa o acúmulo de proteínas tóxicas nos músculos em envelhecimento. Além disso, um grupo de genes se expressou em níveis mais baixos e, depois de voltarem a Terra, estes vermes viveram por mais tempo. “Nós identificamos sete genes que foram reprimidos no espaço e cuja inativação estendeu a vida em condições de laboratório”, disse o coautor Nathaniel Szewczyk da Universidade de Nottingham num comunicado à imprensa.
Os genes podem alterar o metabolismo do verme e ajudá-lo a se adaptar às mudanças em seu ambiente. “A maioria de nós sabe que a musculatura tende a encolher no espaço”, disse Szewczyk. “Estes últimos resultados sugerem que isto é quase certamente uma resposta adaptativa ao invés de um sinal patológico.”
Esta pesquisa é parte de um projeto em andamento chamado de primeiro experimento internacional C. elegans (ICE-FIRST). Ele sugere que o envelhecimento é alterado através de respostas neurais e hormonais aos estímulos ambientais no espaço. “Contraintuitivamente, músculos no espaço podem envelhecer melhor do que na Terra”, disse Szewczyk. “Pode ser também que o voo espacial retarde o processo de envelhecimento.”
O C. elegans é utilizado como um modelo de pesquisa porque tem muitas características biológicas essenciais em comum com os seres humanos. Ele pode viver e se reproduzir pelo menos seis meses no espaço e sofre perda muscular em condições semelhantes aos seres humanos.
O estudo foi publicado no jornal online Scientific Reports em 5 de julho.