Local escolhido para Memorial das Vítimas do Comunismo no Canadá será mantido

13/04/2015 20:28 Atualizado: 13/04/2015 20:28

A construção do Memorial Nacional das Vítimas do Comunismo prosseguirá, disse Pierre Poilievre, apesar da controvérsia em torno de sua localização.

Poilievre, ministro responsável pela Comissão Nacional da Capital, disse que é importante que o Canadá “reconheça os cem milhões de vítimas do comunismo que foram vítimas dos regimes comunistas” e que o memorial está “em um lugar que as pessoas podem vê-lo.”

“Nós temos 8 milhões de canadenses que vieram de países oprimidos pelo comunismo, e o Canadá enfrentou o comunismo na Guerra da Coreia”, disse ele em 7 de abril.

Leia também:
Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês
Direito da posse de arma reduz criminalidade, afirma Harvard
Encontro entre Tsipras e Putin pode gerar empréstimo bilionário à Grécia
Obama realiza encontro com dissidentes cubanos antes de falar com Raul Castro
Pró-russos realizam execuções sumárias de ucranianos, denuncia Anistia Internacional

“É totalmente apropriado que reconheçamos todos na história e sua ligação com o Canadá, através de um comovente memorial em um lugar onde as pessoas possam vê-lo na capital da nação.”

O local proposto para o memorial é um pequeno espaço na esquina do Supremo Tribunal do Canadá, e do outro lado da rua onde fica o Departamento de Justiça – local muito criticado pelos adversários, incluindo alguns deputados liberais e o Chefe de Justiça da Suprema Corte, Beverley McLachlin, entre outros.

Trata-se apenas de um monumento que mostra uma realidade histórica.
Asher Honickman, da Adovagos para o Estado de Direito

Na semana passada, 17 ex-presidentes da Ordem dos Advogados do Canadá começaram uma briga, condenando em uma carta aberta “a decisão de instalar uma mensagem política permanente na própria porta da mais alta corte do país.”

“O local foi mal concebido”, afirma a carta, “posicionando uma escultura imponente que sinaliza uma forte mensagem política, polêmica ou não, literalmente na cara da própria instituição que é o árbitro final no Canadá de disputas envolvendo os canadenses, o governo federal e os governos provinciais e litigantes estrangeiros “.

Os ex-presidentes se queixaram de que o monumento vai lançar uma “sombra” sobre as “escadas majestosas” do tribunal.

Mas o advogado de Toronto, Asher Honickman, presidente da Advogados para o Estado de Direito, um think-tank oficial, critica a posição dos últimos presidentes.

Honickman disse que é improvável que alguém vá pensar que o memorial é uma extensão do Supremo Tribunal Federal.

“O monumento não está na soleira da porta”, diz ele. “Eu não acho que alguém vai fazer essa suposição ou observação, porque verá claramente que se trata de estruturas diferentes em diferentes espaços do terreno.”

Ele acrescentou que é “simplesmente falso” dizer que o memorial transmite uma mensagem política.

“O memorial não é uma declaração político-partidária, não é uma declaração em favor de qualquer partido do Canadá. Nem sequer é um monumento que condena a teoria por trás do comunismo. É apenas um monumento que mostra uma realidade histórica. Portanto, não é mais político do que a nossa própria Carta dos Direitos e Liberdade. Não é mais político do que todo o nosso sistema constitucional.”

Honickman observou que “os regimes comunistas não apenas assassinaram brutalmente, eles expropriaram, de diversas formas eles oprimiram grandes segmentos de suas sociedades, de seu povo.”

“O fato de que existem milhões de vítimas do comunismo é tão reconhecido quanto o holocausto. E certamente seria incorreto considerar o monumento do Holocausto como sendo um monumento político”, disse ele.

Membro do Parlamento canadense, o conservador Wladyslaw Lizon, que cresceu na Polônia comunista e fez parte do movimento de solidariedade local, envolveu-se com o projeto desde o início. Ele sente que o lugar é “o local certo.”

“É um ótimo lugar para este tipo de monumento, em frente de um edifício que simboliza a lei e a igualdade, a igualdade de tratamento para todos os cidadãos”, diz ele.

Lizon acredita que há uma grande falta de compreensão e falta de educação sobre o que é realmente o comunismo, e, portanto, o monumento deve estar em um lugar de destaque.

O livro de 1999 “Black Book of Communism: Crimes, Terror, Repression” (Livro Negro do Comunismo: Crimes, Terror e Repressão) apurou que o comunismo causou a morte de até 100 milhões de pessoas no mundo e provocou muito sofrimento e catástrofes humanas.

No entanto, os autores observaram que os crimes resultantes do comunismo parecem ter sido desculpados mais facilmente pela comunidade internacional em comparação aos crimes cometidos pelos nazistas.

Jung Chang, autor do livro “Mao: A História Desconhecida”, classifica o comunismo chinês de Mao Tsé-tung como sendo responsável por mais mortes em tempos de paz do que Hitler ou Stalin. Mais de 70 milhões de chineses morreram sob o governo de Mao, disse Chang.