Livro que está transformando a China é discutido em conferência

09/12/2014 14:52 Atualizado: 14/01/2015 19:33

O dissidente chinês Tang Baiqiao, que é presidente da Federação para a Paz e Democracia na China, disse recentemente que, no presente, muitos chineses possuem um melhor entendimento sobre o Partido Comunista Chinês (PCC), em parte graças ao livro ‘Nove Comentários sobre o Partido Comunista’.

“Um amigo meu uma vez me contou esta história. Esse amigo é um cristão e um ativista de direitos humanos”, disse Tang.

“Após a publicação dos ‘Nove Comentários’, meu amigo começou a distribuí-lo para várias pessoas. Esse meu amigo então conheceu um líder de quadrilha famoso que se tornou cristão por causa desse meu amigo. Esse ex-criminoso esteve preso e falou de como sua fé no cristianismo o ajudou durante seu tempo na prisão.”

“Depois de sair da prisão, ele perguntou a meu amigo o que ele poderia fazer para mostrar seu agradecimento. Meu amigo casualmente perguntou se ele poderia ajudar a distribuir os ‘Nove Comentários’ e ele respondeu que certamente ajudaria.”

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“Naquela noite, algo de grandioso ocorreu na cidade”, disse Tang Baiqiao. “Cópias dos ‘Nove Comentários’ foram colocada nas mesas dos cinco funcionários mais importantes na cidade – o secretário municipal do PCC, o prefeito, o dirigente do Congresso Popular Municipal, o chefe do Congresso Consultivo Político Popular do município e o comandante militar do município.”

“Todos sabem que há policiais militares que fazem guarda nos prédios do governo e complexos militares. É difícil para qualquer um entrar neles. No entanto, numa única noite, o livro mais temido pelo regime chinês apareceu nas mesas das cinco pessoas mais poderosas da cidade.”

“Foi-me dito que Zhongnanhai [o complexo central da liderança do PCC em Pequim] tinha conhecimento desse incidente. Foi emitida uma ordem pela alta liderança para resolver esse caso e prender a pessoa que fez isso o mais rápido possível. Líderes do gabinete da segurança municipal fizeram tudo o que podiam para resolver o caso a fim de salvar o próprio emprego.”

“Eu conto esse relato, uma história verdadeira, para que todos saibam que os ‘Nove Comentários’ foram distribuídos por toda a China. E há muitas histórias comoventes e fabulosas relacionadas com os ‘Nove Comentários’”, disse Tang.

Uma cópia em quase todos os lares

Tang Baiqiao contou essa história em 22 de novembro, durante fórum realizado em Washington DC para comemorar o 10º aniversário da publicação dos ‘Nove Comentários sobre o Partido Comunista’, uma série editorial publicada pelo Epoch Times.

A série foi posteriormente lançada como um livro online e impresso e em pouco tempo provocou um grande movimento popular na China chamado ‘Tuidang’, que significa ‘Renunciar ao Partido’, o que implica em o povo chinês renunciar a sua associação com o PCC e organizações afiliadas, como a Liga da Juventude Comunista e os Jovens Pioneiros. Até 1º de dezembro, mais de 185 milhões de chineses já haviam se desligado desses grupos.

O advogado cego de direitos humanos Chen Guangcheng disse que tomou conhecimento dos ‘Nove Comentários’ quando usado com sucesso o software anticensura Free Gate para ouvir os programas pela Rádio Som da Esperança (SOH). Chen Guangcheng disse que todos os seus amigos estão usando esse software anticensura para contornar o firewall do regime chinês.

Chen disse que ele tem uma memória muito boa a respeito do dia 9 de abril de 2008, pois foi nessa mesma data que ele pôde começar a ouvir claramente as transmissões da SOH. Antes, ele só podia ouvir cerca de 10 minutos da transmissão por dia.

Chen Guangcheng acrescentou que a popularidade dos ‘Nove Comentários’ permitiu que o povo chinês expandisse suas mentes. Ele explicou que os ‘Nove Comentários’ têm basicamente se espalhado por todo o país, e que todos os lares teriam recebido uma cópia do livro.

Advogados tomam posição

Peng Yongfeng é um ex-advogado de direitos humanos na China que assumiu mais de 10 processos relacionados com a prática espiritual tradicional do Falun Gong – uma atitude problemática na China que pode custar ao advogado sua profissão e liberdade. Ele disse que a leitura dos ‘Nove Comentários’ mudou sua forma de pensar.

“Eu comecei a aceitar os casos referentes ao Falun Gong após ler o ‘Nove Comentários’, assim como as três cartas públicas escritas pelo colega advogado Gao Zhisheng.” O advogado de direitos humanos Gao Zhisheng escreveu três cartas abertas, dirigidas a alta liderança chinesa, pedindo o fim da perseguição ao Falun Gong.

Peng Yongfeng disse que quase todos os casos do Falun Gong em que ele trabalhou tinham a ver com praticantes do Falun Gong que distribuíram materiais para explicar às pessoas o que é o Falun Gong e por que ele é perseguido, incluindo os ‘Nove Comentários’.

Ele considera que essas detenções mostram o quanto o regime chinês teme os ‘Nove Comentários’.

Dos mais de 12 mil advogados na China que receberam ligações do exterior sobre o ‘Tuidang’, mais de mil decidiram deixar o Partido Comunista e suas organizações afiliadas. Deste total, 624 disseram que aceitariam casos relacionados ao Falun Gong e que argumentariam no tribunal que os praticantes do Falun Gong são inocentes.

Renascimento da cultura tradicional chinesa

O dr. Zhang Tianliang, colunista do Epoch Times e comentarista da NTDTV, disse que a ciência política moderna tem ensinado que qualquer partido político pode manter seu domínio pela violência, pela riqueza e pela cultura. Das três, a cultura tem um poder enorme.

“Na antiga China, Confúcio não usava a violência para intimidar os alunos, tampouco ele usava o dinheiro para suborná-los. Confúcio era tão pobre que, por vezes, não tinha nada para comer. No entanto, seus alunos ainda o seguiam devido à essência cultural que ele carregava consigo”, explicou o dr. Zhang.

O dr. Zhang disse que o PCC também reconhece a importância da cultura. O PCC estabeleceu sua cultura, impôs uma rigorosa censura da informação e revogou as virtudes tradicionais chinesas relacionadas à benevolência, retidão, propriedade, sabedoria e confiança. Esse ataque às virtudes tradicionais foi sintetizado na campanha chamada ‘Erradicando os Quatro Velhos’, durante a Revolução Cultural chinesa.

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“Antes do comunismo, qualquer cultura tinha associação com as divindades, já que a cultura em si provém do divino. A cultura chinesa não é exceção. A antiga cultura chinesa é tradicional e divina, relacionada ao taoísmo, confucionismo e budismo. O Imperador Amarelo, o fundador da cultura tradicional chinesa, foi um cultivador do taoísmo”, disse o dr. Zhang.

O dr. Zhang enfatizou que o movimento ‘Tuidang’ acabaria por levar ao colapso do Partido Comunista Chinês, o que resultaria na desintegração da cultura do PCC e no ressurgimento da cultura tradicional chinesa e da moralidade.

Uma nação poderosa, mas débil em sua essência

Dong Fang, apresentador da emissora NTDTV, contou como estudou numa universidade em Pequim há 25 anos e acompanhou pessoalmente o massacre da Praça da Paz Celestial. Dong Fang disse que, desde então, desistiu de qualquer esperança no PCC.

Ele também disse que é muito interessante que até hoje o PCC não tenha feito qualquer declaração pública sobre os ‘Nove Comentários’.

“O PCC geralmente responde imediatamente quando é criticado por qualquer país”, disse Dong Fang. “No entanto, até agora, o PCC não refutou os ‘Nove Comentários’ de forma alguma. A verdade é que os ‘Nove Comentários’ expõem à luz do dia sua verdadeira natureza. Se o PCC fosse responder às críticas, ele só faria mais pessoas lerem a obra. Assim, o PCC não se atreve a responder de forma alguma”, afirmou ele.

He Bin, um especialista que vive em Washington DC, disse que a China é um país fraco que parece ser poderoso. Ele explicou que qualquer país poderoso não seria facilmente derrubado.

Na China, uma pessoa pode facilmente ser jogada na prisão sob a acusação de ‘subversão do poder do Estado’ por gritar uma palavra de ordem na Praça da Paz Celestial, por pendurar uma faixa numa área residencial local ou fazer comentários sensíveis ao regime na internet.

Por outro lado, uma nação poderosa deve permitir que seu povo se expresse livremente, desfrute de liberdade de religião e tenha suas liberdades garantidas pela Constituição – o PCC não satisfaz qualquer das opções acima.

He Bin disse que o maior inimigo de qualquer nação vem de dentro do país. “Quem é o maior inimigo do PCC? Os norte-americanos? Não, isso é apenas propaganda. O povo chinês é a maior ameaça ao regime do PCC”, disse ele.

“Os cidadãos de qualquer país poderoso deveriam ser felizes vivendo em seu país. Por que todos os chineses ricos se mudam para o exterior? É porque essas pessoas temem o PCC – uma bomba instável pronta para explodir.”

Colapso iminente

Chen Guangcheng disse que o ‘Tuidang’ levará o PCC ao colapso. “Se o PCC fosse como um prédio, que tivesse sido construído com tijolos, agora ele é simplesmente composto por terra. O cimento usado antes perdeu sua adesão. Agora, é necessária a força de todos para empurrar o edifício para baixo”, explicou Chen.

Nieh Sen, professor de engenharia mecânica na American Catholic University e anfitrião do fórum, disse que diferentes institutos, governos, grupos de reflexão e muitos especialistas sobre a União Soviética não previram a dissolução da URSS há 25 anos. Da mesma forma, ninguém pode prever com exatidão quando o PCC entrará em colapso.

Em meados de outubro deste ano, cerca de 120 mil pessoas por dia renunciavam a suas ligações com o PCC e suas organizações afiliadas, o que significa que 3 pessoas a cada dois segundos abandonam o Partido Comunista, segundo o Prof. Nieh Sen. Atualmente, o número total de pessoas que cortou seus laços com o PCC é de 186,5 milhões e, em poucos meses, o número chegará a 200 milhões, disse Nieh Sen.

“O colapso da PCC é inevitável”, enfatizou Nieh Sen.

“Não pense que o PCC é tão poderoso a ponto de ser indestrutível. É uma questão de minutos para ele entrar em colapso”, disse Tang Baiqiao. “O colapso da antiga superpotência, a União Soviética, é a prova.”