Livro analisa palavras censuradas que não aparecem na internet chinesa

23/09/2013 17:52 Atualizado: 23/09/2013 17:53
Jason Q. Ng, um Google Policy Fellow no Laboratório Cidadão da Universidade de Toronto, no lançamento de seu novo livro "Bloqueado no Weibo" (Zhou Xing/Epoch Times)
Jason Q. Ng, um Google Policy Fellow no Laboratório Cidadão da Universidade de Toronto, no lançamento de seu novo livro “Bloqueado no Weibo” (Zhou Xing/Epoch Times)

Jason Q. Ng, um Google Policy Fellow do Laboratório Cidadão da Universidade de Toronto, Canadá, apresentou seu novo livro “Bloqueado no Weibo” em 29 de agosto. O livro revela um grande número de palavras censuradas pelas autoridades chinesas no serviço de microblogue chinês chamado Weibo.

Desde 2011, Ng passou quase dois anos estudando as palavras de pesquisa bloqueadas. Ele disse ao Epoch Times que, entre as 1.500 palavras na lista negra, 500 são únicas, 150 das quais estão listadas em seu livro. Ele acredita que pode ajudar os leitores a entender como os internautas chineses usam a internet, empregando várias abordagens para coletar dados no Weibo.

Ng disse que às vezes é difícil prever que palavras serão bloqueadas ou porque, mas aquelas que são críticas ou problemáticas às autoridades são geralmente escolhidas.

Por exemplo, a palavra “tanque” está associada ao Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) de 1989 e, assim, não é surprese que esteja bloqueada. Mas, uma vez, o termo “mulher rica” foi bloqueado. “Mulher rica” esteve associado com Guo Meimei, uma jovem que ostentava riqueza proveniente da malversação de doações e seria uma oficial da Cruz Vermelha Chinesa. Esta combinação de palavras circulou rapidamente na internet e logo foi bloqueada.

“Franco-canadense” torna-se um termo proibido

A pesquisa de Ng mostra que as autoridades chinesas incluem nomes próprios, topônimos e termos improváveis em sua censura. O nome de Jiang Yanyong foi bloqueado porque ele revelou o fato de que o Partido Comunista Chinês (PCC) estava escondendo a epidemia de SARS em 2003. Kashi, um lugar em Xinjiang, onde protestos e manifestações populares ocorrem com frequência, também está bloqueado.

Mas um termo improvável como “franco-canadense” é um tabu no Weibo da China, porque a pronúncia chinesa de “franco-canadense” é “jianada-fayu”, que contém dois caracteres “da-fa”, um termo usado em “Falun Dafa”, uma disciplina espiritual tradicional chinesa.

Desde 1999, o regime comunista chinês persegue brutalmente os praticantes do Falun Dafa, também conhecido como Falun Gong. O PCC tem usado toda a rede de mídia da China continental para demonizar o Falun Dafa, voltar a opinião pública contra a prática pacífica, enquanto censura seus livros e quaisquer materiais que descrevam o que é realmente o Falun Dafa. Porque a frase “franco-canadense” contém dois dos caracteres de seu nome, isso foi considerado digno de censura.

Coincidentemente, o estudo de Ng também constatou que a “Faculdade de Direito da Universidade Renmin da China”, uma instituição do Partido Comunista, também contém os caracteres “da-fa”, por isso ela foi censurada pela mesma razão que ‘franco-canadense’.

Ng nota que os países ocidentais respondem às necessidades de seus cidadãos com menos restrições ao livre fluxo da informação, mas a China mantém um controle rigoroso. “Acredito que os cidadãos chineses querem mais liberdade de expressão, mas eles ainda não tiveram a chance de participar da discussão sobre o controle da rede”, disse Ng.

O pesquisador também estava muito interessado em quanto o Partido Comunista investia no controle da rede. Ele disse que deve haver pelo menos 100 mil pessoas censurando palavras no Weibo, porque alguns bloqueios ocorrem segundos após os quase 600 milhões de usuários do Weibo terem circulado palavra(s) sensíveis.

Até mesmo o título do livro de Ng foi eliminado poucos minutos após ser postado por um usuário do Weibo. Ng disse que mesmo que o texto postado seja convertido numa imagem, ele ainda seria censurado.