A lista dos políticos e autoridades envolvidas no esquema da corrupção da Petrobras é o mistério mais importante da História da República. Em setembro, a revista “Veja”, sem apresentar documentos e valores, informou que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa listou nomes ligados à base da presidente Dilma Rousseff (PT) e à campanha de Marina Silva. Entre os políticos envolvidos com o esquema de corrupção na Petrobras, estaria o ministro Edison Lobão, os líderes do Congresso e até o ex-governador Eduardo Campos.
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No documento obtido pela “Veja”, Paulo Roberto Costa cita pelo menos 25 deputados federais, seis senadores, três governadores, um ministro de Estado e pelo menos três partidos políticos (PT, PMDB e PP), que teriam tirado proveito de parte do dinheiro desviado dos cofres da Petrobras. Mas a Veja só publicou uma relação bem menor:
-Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, PMDB
-João Vaccari Neto, secretário nacional de finanças do PT
-Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara dos Deputados, PMDB
-Renan Calheiros, presidente do Senado, PMDB
-Ciro Nogueira, senador e presidente nacional do PP
-Romero Jucá, senador do PMDB
-Cândido Vaccarezza, deputado federal do PT
-João Pizzolatti, deputado federal do PT
-Mario Negromonte, ex-ministro das Cidades, PP
-Sergio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, PMDB
-Roseana Sarney, governadora do Maranhão, PMDB
-Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco, PSB – morto em um acidente aéreo.
Por sua vez, a “Folha de S.Paulo” divulgou ter obtido acesso a documentos mostrando que a lista de políticos teria no total 12 senadores e 49 deputados federais. Mas o jornal não conseguiu saber os nomes dos parlamentares. E o mistério continua.
Políticos dizem que doações foram legais
No final de semana, a imprensa se adiantou e começou a ouvir os políticos que integram a lista dos que mais receberam doações das empresas investigadas pela Polícia Federal. Todos eles se defenderam, é claro, afirmando que os recursos foram recebidos na forma da lei e que não havia até então suspeitas contra as companhias.
Em reportagem publicada pelo jornal mineiro O Tempo, os dois deputados do PP do Paraná, Dirceu Sperafico e Nelson Meurer deram respostas similares: que o recurso foi definido pela direção nacional do partido e que não houve nenhum contato deles com as empresas.
Já o senador eleito Otto Alencar (PSD-BA) afirmou que é amigo de dirigentes das três empreiteiras que lhe direcionaram doações, todas da Bahia, e defendeu amplo direito de defesa a elas. Mas ressaltou que não tem compromisso com eventuais erros de seus diretores. “Tenho visto nesses casos muitos presos serem soltos amanhã como inocentes. Tem muita pirotecnia nesse negócio, uma dessas pessoas que faz essa delação é do submundo do crime. Agora, não tenho compromisso com o erro de ninguém.”
Por sua vez, o deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA) disse que as doações que recebeu não têm nenhuma influência em sua atuação na CPI da Petrobras e que nenhum de seus doadores pediu nada em troca nem teve abertura para isso. “A doação pode influenciar quem seja venal, eu não sou.”
Já o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) afirmou, via assessoria, que procurou diretamente a UTC por ser egresso da indústria naval e a empresa atua na área. “Na época […] não havia, que fosse de conhecimento geral, qualquer suspeita ou investigação em curso.”
Petista pediu pessoalmente
Carlos Zaratinni (PT-SP) afirmou que pediu pessoalmente as doações à OAS e à UTC e que não há reflexo no mandato. “As doações foram absolutamente legais, não operamos nenhum contrato nem nada disso, não vejo problema”.
O senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou que procurou essas e outras mais de 50 empresas “conforme permite a lei eleitoral”. “As empresas eram consideradas idôneas e aptas a contribuir. Não cabe ao financiador responder pelas minhas ações no Parlamento.”
O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) disse que foi procurado pela direção da UTC, que ofereceu as doações, mas que não conhece os investigados e que não sabia de suspeitas contra as empresas na época. Alexandre Leite disse que as doações foram definidas pelas direções municipal, estadual e nacional do DEM.
O deputado eleito José Carlos Aleluia (DEM-BA) afirmou que conhece alguns dos empresários acusados e que percebeu “o constrangimento deles e de outros com a regra que passou a imperar” nas gestões do PT. “Nenhuma empresa trabalha na Petrobras sem propina.”
Traduzindo: até agora, poucos sabem quem está no esquema ou não. Somente quando for levantado o sigilo do processo é que os nomes serão revelados ao respeitável público. Por enquanto, continuarão a circular na internet as listas dos políticos que receberam doações da empreiteiras envolvidos na corrupção da Petrobras. Não prova nada, mas indica muita coisa, porque na hora da verdade os políticos do esquema vão culpar os partidos. E a confusão vai aumentar ainda mais.