O presidente Barack Obama dos EUA e os líderes do G8 foram otimistas sobre suas reuniões de cúpula em Camp David dizendo que foram encorajados por suas conversas sobre o Irã, a Síria e, sobretudo, a Europa e a economia da zona do euro.
Falando no sábado, após a reunião de sexta-feira com os líderes mundiais, o presidente Obama qualificou as discussões de “francas e úteis”. “Isso me dá grande otimismo sobre nossa habilidade de enfrentar esses desafios no futuro”, disse Obama.
A cúpula do G8 foi a maior reunião de dirigentes mundiais já realizadas em Camp David, o retiro presidencial em Maryland nos EUA a cerca de 60 milhas a noroeste da capital. A residência de campo já foi palco de 50 chefes de Estado diferentes em sua história de 70 anos, além de muitos outros retiros e reuniões importantes.
A cúpula ofereceu a primeira oportunidade para os líderes das principais economias desenvolvidas para se encontrarem cara-a-cara desde a eleição do presidente François Hollande na França e as convulsões políticas na Grécia. Foi também a primeira reunião do G8 para o primeiro-ministro Monti da Itália e o primeiro-ministro Noda do Japão.
Estratégia da zona do euro
Ponto alto na agenda foi a economia da zona do euro em dificuldade. “Como todos os líderes aqui hoje concordam, o crescimento e o emprego devem ser nossa prioridade”, disse Obama no encerramento da cúpula na noite de sábado, segundo um relatório da Casa Branca. “Uma economia europeia estável e em crescimento é do melhor interesse de todos, incluindo dos Estados Unidos”, disse ele.
Os líderes dedicaram a manhã de sábado a uma sessão de trabalho sobre a Europa e sua crise econômica.
Numa indicação de que os líderes procuraram um meio termo entre a austeridade defendida pela chanceler alemã Angela Merkel e os gastos de estímulo propostos pelo socialista François Hollande, o presidente Obama disse que eles discutiram maneiras de fazer crescer a economia no “contexto de reformas fiscais e estruturais”.
“Nós sabemos que isso é possível, em parte devido a nossa própria experiência aqui”, disse ele citando sua própria abordagem preferida de longo prazo de redução da dívida enquanto promovendo crescimento de curto prazo. Ao mesmo tempo, ele reconheceu que a situação da Europa é mais complicada.
O presidente norte-americano disse que os líderes chegaram a um consenso para a Europa, que incluiu manter a Grécia na zona euro. “Nós concordamos sobre a importância de uma zona do euro forte e coesa e reafirmamos nosso interesse na Grécia permanecer na zona do euro, e respeitando seus compromissos”, disse ele.
Obama disse que seus congêneres europeus “entendem os riscos”, se não chegarem a uma solução, mas acrescentou, “A direção tomada pelo debate ultimamente deve nos dar confiança.”
O primeiro-ministro italiano Mario Monti disse que estava satisfeito com o resultado, dizendo aos jornalistas que o acordo para acelerar o crescimento na Europa foi “o sinal mais significativo e encorajador do G8 para a Itália”, disse ele segundo a imprensa italiana. A economia italiana e o tecido social também estão sob extrema pressão sob o peso de ter de implementar 26 bilhões de dólares em medidas de austeridade. Monti tem trabalhado exatamente por esse tipo de abordagem equilibrada.
Junto com a zona do euro, os líderes também discutiram o preço do petróleo. O primeiro-ministro britânico David Cameron disse que a crise da zona do euro e do preço do petróleo representavam as duas maiores ameaças para as economias do G8. “Estamos fazendo progressos em ambos”, disse ele à BBC.
Acordo geral
O G8 remonta a 1975 e a criação de uma plataforma de discussão multilateral entre os chefes das então seis maiores nações industrializadas: Estados Unidos, Itália, França, Reino Unido, Japão e Alemanha. O grupo agora inclui o Canadá e a Rússia, com a União Europeia também representada.
A cúpula deste ano abrangeu um conjunto de questões começando com o Irã. O presidente Obama disse que os líderes estavam unidos em sua crença de que o Irã tinha o direito à energia nuclear pacífica, mas se comprometeram a manter a pressão através de sanções e outras medidas se o Irã violar as regras internacionais.
“A incapacidade [do Irã] até agora de convencer a comunidade internacional de que não está perseguindo armamento nuclear é algo de grande preocupação para todos nós”, disse o presidente Obama.
Os líderes também discutiram sobre a Síria e concordaram que “uma solução pacífica e a transição política” era o resultado preferido. O plano de Kofi Annan deve ser apoiado, disse Obama, mas com condições. “O plano de Annan tem de ser totalmente implementado e um processo político tem de avançar de forma mais oportuna para resolver essa questão.”
O presidente Hollande disse a jornalistas no sábado que tinha pessoalmente incentivado os países do G8 a continuarem apoiando os esforços de paz de Kofi Annan na Síria. Annan, ex-chefe das Nações Unidas, é um enviado especial da ONU e da Liga Árabe.
Um caminho para a Coreia do Norte se juntar a comunidade internacional caso pare suas “ações provocativas”, também foi discutido, junto com a abertura da Birmânia. Os Estados Unidos anunciaram o alívio das sanções de investimento na semana passada sobre a Birmânia.
“Muitos de nós já tomaram medidas para abrir o comércio e o investimento com a Birmânia pela primeira vez em muitos anos e tivemos discussões com os líderes de lá. Nossa esperança é que esse processo continuará, e faremos tudo que pudermos para incentivar esse processo”, disse Obama.
Originalmente, a ser realizada em Chicago em conjunto com a OTAN, a cúpula do G8 foi transferida para Camp David no início deste ano depois que o presidente Obama decidiu que seria mais fácil falar individualmente com os líderes mundiais.
Por todas as considerações funcionou. “Acho que o ambiente nos deu oportunidade de realizar algumas discussões íntimas e fazer algum progresso genuíno”, disse Obama, antes de voar para Chicago na noite de sábado para a cúpula da OTAN no domingo e segunda-feira.