O líder chinês Xi Jinping criou uma nova comissão encarregada de “aprofundar a reforma das forças militares”, e se nomeou o chefe desta nova missão. A comissão se soma a uma longa lista de outros grupos de alto nível que Xi Jinping chefia, inclusive um sobre reforma econômica, segurança na internet e uma nova comissão de segurança nacional.
Os objetivos precisos do novo órgão ainda não foram anunciados na imprensa chinesa, mas a notícia é uma demonstração da contínua consolidação do poder de Xi Jinping no Partido Comunista Chinês. O controle dos militares sempre foi um elemento-chave do poder na China comunista.
Xi Jinping têm sido o líder supremo do regime chinês desde março de 2013, quando ele assumiu o título de presidente da República Popular da China. Mas o verdadeiro poder reside em seu papel como secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) e como presidente do Comitê Militar Central, o órgão do PCC que supervisiona os assuntos militares. Xi assumiu o poder sobre o Comitê Militar diretamente no final de 2012, quando assumiu o posto de liderança do PCC. O ex-líder chinês Hu Jintao renunciou ao comando militar, ao invés de preservar a posição por mais dois anos, como o líder anterior Jiang Zemin insistiu em fazer em 2002.
De acordo com Jin Jing, um analista sobre o exército chinês, a nova comissão de Xi continuará sua transição para controlar o poder e submeter o sistema militar. Como Jiang Zemin ainda exercia algum controle nos bastidores durante todo o mandato de Hu Jintao, o movimento também tem a intenção de tomar mais rapidamente o controle total.
Em seu primeiro discurso como chefe da nova comissão de reforma militar, Xi enfatizou que quadros do PCC “devem unir seus pensamentos e ações de acordo com as decisões do Comitê Militar Central do PCC”.
Ele acrescentou: “Devemos usar o objetivo de uma força militar forte como o centro da reforma”, em declarações que foram parafraseadas pela Xinhua, uma mídia estatal porta-voz oficial do regime chinês. O desenvolvimento de uma força militar forte seria uma “vantagem” do sistema de “socialismo com características chinesas”, o termo que o Partido Comunista usa para caracterizar seu controle sobre a China. “A reforma é para melhor realçar a liderança absoluta sobre os militares”, disse Xi.
A direção do desenvolvimento militar da China é uma preocupação para os Estados Unidos e países vizinhos da China, que se preocupam com intenções potencialmente expansionistas. O Partido Comunista Chinês tem reivindicado como seu território vastas áreas do Mar do Sul da China, áreas que hoje são águas principalmente internacionais.
O exército chinês mantém mais de mil mísseis direcionados para Taiwan, uma democracia vizinha que os comunistas chineses reivindicam como parte da China, e muitos dos esforços militares de modernização da China parecem ser destinados a combater as capacidades militares dos EUA. Estes incluem a alardeada série de “transportadores assassinos” de mísseis balísticos intercontinentais de médio alcance, que são destinados a negar aos Estados Unidos o acesso às águas perto de China, possivelmente para evitar que os militares americanos ajudem Taiwan em caso de uma emergência.
Recentemente, os líderes comunistas chineses anunciaram outro grande salto nos gastos militares, aumentando o orçamento anual em 12,2%, para US$ 131 bilhões. Isso levou a mais murmúrios de preocupação dos países vizinhos. Essa elevação de gastos militares também incitou temores de uma corrida armamentista na Ásia, enquanto outras nações correm para acompanhar o ritmo de militarização e belicosidade da China.