Líder relutante prestes a comandar o palco na China

15/11/2012 08:50 Atualizado: 15/11/2012 07:04
Xi Jinping, o esperado próximo líder chinês, na sessão de abertura do 18º Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês em 8 de novembro de 2012 em Pequim, China (Feng Li/Getty Images)

Na véspera de sua ascensão ao trono comunista, as aspirações políticas do próximo líder da China permanecem um mistério para o mundo. Na quinta-feira, Xi Jinping, com 59 anos, será apresentado como o novo secretário-geral do Partido Comunista Chinês (PCC) e, em março 2013, ele se tornará o presidente da República Popular da China.

Xi Jinping era um candidato de consenso, agradável tanto à facção do ex-líder chinês Jiang Zemin quanto à do atual líder chinês Hu Jintao. Os dois lados têm estado envolvidos numa luta de poder acirrada durante o mandato de 10 anos de Hu Jintao, com a luta tendo crescido enormemente desde que o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, tentou desertar no consulado dos EUA em fevereiro.

Wang Lijun revelou uma trama de seu chefe Bo Xilai, que era o bastião da facção de Jiang Zemin, e de outros para derrubarem Xi Jinping do poder depois do 18º Congresso. Desde então, o PCC tem sido perturbado por tentativas da facção de Jiang Zemin de interromper a transferência de poder para Xi Jinping; pela facção de Hu Jintao enfraquecendo a facção de Jiang Zemin; e pela questão do destino do Bo Xilai.

Em setembro, Xi Jinping desapareceu por quase duas semanas. Isso, segundo uma fonte bem colocada, foi devido a sua profunda relutância de tomar as rédeas. Seu recuo causou consternação entre os líderes do PCC, pois não havia ninguém mais aceitável para ambos os lados.

Um acordo foi feito: Xi Jinping continuaria como líder do regime; a data de 8 de novembro foi definida para a convocação da conferência do PCC; foi concordado que a carreira política de Bo Xilai estaria encerrada; e o PCC começaria a “eliminar sistematicamente as influências residuais da Grande Revolução Cultural e gradualmente descartaria o pensamento de Mao Tsé-tung, o marxismo-leninismo e assim por diante”, segundo a fonte.

Xi Jinping nasceu em 1º de junho de 1953 em Pequim. Ele é filho de Xi Zhongxun, um camarada veterano do PCC que lutou ao lado de Mao para tomar o poder na China. Devido ao papel de seu pai como ministro da propaganda, Xi Jinping cresceu desfrutando dos privilégios da elite comunista. No entanto, isso mudou em 1962, quando seu pai foi afastado do cargo e colocado sob prisão domiciliar por apoiar a publicação de um livro que criticava Mao.

Quando Xi Jinping tinha 13 anos, ele fez comentários contra a Revolução Cultural e assim foi detido num campo de trabalho para jovens.

Em 1969, antes de completar 16 anos, Xi Jinping foi enviado para Liangjiahe, uma pequena aldeia na província de Shaanxi, para fazer trabalho manual. Ele passou sete anos numa área rural, sem eletricidade, até o fim da Revolução Cultural, quando foi capaz de atender à faculdade. Ele tinha 23 anos.

Conforme a reabilitação política de seu pai progredia, Xi Jinping entrou na prestigiosa Universidade Tsinghua. Ele se formou em 1979 e posteriormente se tornou secretário de Geng Biao, o ex-ministro da Defesa. Lá, ele aprendeu como funcionam os militares e como suas facções operam.

Em 1982, Xi Jinping se tornou vice-secretário do PCC no condado de Zhengding na província de Hebei. Durante esse mandato, ele teve a oportunidade de visitar Muscatine, Iowa, EUA, como parte de uma delegação agrícola.

Sarah Lande, que organizou um jantar para ele na ocasião, lembra-se de Xi Jinping. “Ele é confiante e competente como indivíduo”, disse ela numa entrevista recente por telefone. Lande atualmente está envolvida na criação de uma relação de cidades-irmãs entre Zhengding e Muscatine.

Em 1985, ele se tornou secretário do PCC em Fuzhou, uma cidade na província de Fujian. Mais tarde, ele se tornou governador da província e, em seguida, secretário do PCC na província de Zhejiang, e depois em Shanghai, antes de ser promovido ao Politburo e seu Comitê Permanente, o centro do poder real do regime.

Xi Jinping foi feito vice-presidente da Comissão Militar Central do PCC em 2010, um passo fundamental no processo da unção ritual para assumir a liderança do PCC nesta semana.

Em 1987, Xi Jinping se casou com sua segunda esposa, a famosa soprano Peng Liyuan. Ela é chefe do Conjunto de Música e Dança Chinesa do Departamento Político Geral do Exército da Liberação Popular e major-general.

Sua filha, Xi Mingze, estuda com outro nome na Universidade de Harvard. Nenhum dos familiares diretos de Xi Jinping permanece na China.

Em que direção Xi Jinping conduzirá a China não está claro, embora um relato da Reuters sobre conversas de Xi Jinping com o reformador Hu Deping sugiram que Xi Jinping considera seriamente a reforma política.

No primeiro dia do 18º Congresso Nacional do PCC, Hu Jintao anunciou que o regime não deveria “nem andar na velha e rígida estrada nem no caminho maligno de mudar de bandeira”. O que isso significaria para possibilidades de reforma na China não ficou claro, mas para muitos isso é quase a extinção da esperança.

Enquanto Hu Jintao fazia seu discurso e durante a cerimônia do PCC, meia dúzia de veteranos do PCC se retirou para causar impressão. Apesar de muitos deles, incluindo o ex-líder chinês Jiang Zemin, não deterem postos oficiais, eles ainda exercem influência sobre a política do PCC. São essas figuras entrincheiradas que sugerem que qualquer impulso de Xi Jinping por mudança rápida será difícil.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.