O líder comunista Xi Jinping invocou memórias da “Gangue dos Quatro” num evento oficial na véspera do Ano Novo chinês, quando homenageou a esposa do sucessor de curta duração de Mao Tsé-Tung com um aperto de mão e uma reverência. Comentaristas especulam sobre o significado do que foi sem dúvida um ato cuidadosamente orquestrado.
Com mais de 2 mil oficiais seniores do Partido Comunista Chinês (PCC) reunidos para a celebração do Ano Novo chinês no Grande Salão do Povo em 8 de fevereiro, Xi Jinping estendeu uma saudação notável à Sra. Han Zhijun, a idosa esposa do líder chinês Hua Guofeng.
Hua Guofeng sucedeu Mao em outubro de 1976. Ele desempenhou um papel importante para acabar com a Revolução Cultural e ajudou a iniciar o que tem sido chamado de “era da reforma”. Ele também foi uma figura-chave na prisão da “Gangue dos Quatro”, um grupo de oficiais do PCC, incluindo a última esposa de Mao, Jiang Qing, que controlava os órgãos de poder do PCC na última etapa da Revolução Cultural. Os quatro foram julgados por traição, rotulados de uma força contrarrevolucionária importante e culpados pela morte de centenas de milhares de pessoas.
Em 10 de fevereiro, dia do Ano Novo chinês, Yanhuang Chunqiu, um jornal político liberal, publicou um longo artigo sobre Hua Guofeng, incluindo como ele orquestrou a prisão da “Gangue dos Quatro” após a morte de Mao.
Muitos observadores têm identificado uma nova “Gangue dos Quatro”: o príncipe deposto Bo Xilai, o ex-líder chinês Jiang Zemin, o ex-membro do Politburo Zeng Qinghong e o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang.
Eliminando a facção
Sun Wenguang, ex-professor da Universidade de Shandong, disse à Rádio Som da Esperança (SOH), “Atualmente, há luta acorrendo no PCC, como a prisão de Bo Xilai. Será que isso pode esse ser estendido a outros? Será que pode provocar efeitos semelhantes à prisão da ‘Gangue dos Quatro’ como no passado? Ainda há alguns altos figurões no PCC que aderem às formas conservadoras. Trazer Hua Guofeng a tona é um reflexo de tais mudanças. Então, acho que tem um significado muito simbólico.”
Hua Po, um analista político do continente, diz que uma enorme limpeza dentro do PCC é inevitável.
Ele disse à SOH, “Xi Jinping parece muito composto agora. Acho que essa é a calmaria antes da tempestade. No PCC, os elementos corrompidos são na verdade um grupo de interesse, eles são o maior inimigo no caminho da reforma. Eles são principalmente da facção de Jiang Zemin. Mas há grandes dificuldades associadas com tal limpeza do PCC antes da tempestade, assim Xi Jinping permanece firme e tenta primeiro ganhar a maioria da opinião pública – assim, ele aperta a mão de Han Zhijun. Primeiro para ganhar os esquerdistas e alguns moderados, segundo para fazer amizade com muitos outros em preparação para a grande limpeza.”
Zhou Xiaohui, um comentarista do Epoch Times, interpreta o evento como uma tentativa de Xi Jinping de conquistar os moderados do partido e combater as forças conservadoras. Ele também prevê que o PCC deva começar a limpar o restante da facção de Jiang Zemin.
“Hua Guofeng e sua família foram tornados invisíveis pelo PCC nas últimas décadas. Por que estão agora, de repente, vindo a público?” comentou Zhou Xiaohui. “Obviamente, o destacado encontro de Xi Jinping com a esposa de Hua Guofeng e o artigo sobre ele no Yanhuang Chunqiu são intencionais. A aparição de Han Zhijun aponta para Hua Guofeng e sua ordem de prisão à ‘Gangue dos Quatro’”, disse ele.
Zhou Xiaohui acrescentou que após Xi Jinping chegar ao poder em novembro passado, ele iniciou uma série de ações para minar o poder da facção de Jiang Zemin, como enfraquecer o poder do aparato de segurança, libertar peticionários da detenção, prender subordinados de Zhou Yongkang e anunciar planos recentes para acabar com o sistema de trabalho forçado. Além disso, peticionários e advogados que delataram Zhou Yongkang usando seus nomes reais não sofreram qualquer retaliação das autoridades.
Zhou Xiaohui disse que a liderança do PCC já determinou como lidar com a nova ‘Gangue dos Quatro’. No entanto, ainda não está claro se Xi Jinping abordará seus principais crimes: a perseguição e o assassinato em massa de praticantes do Falun Gong por seus órgãos.
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