Líder chinês lida com facção rival nos bastidores

06/01/2013 15:11 Atualizado: 06/01/2013 15:11
O novo líder chinês Xi Jinping num encontro com estrangeiros no Grande Salão do Povo em 5 de dezembro de 2012 em Pequim, China (Ed Jones-Pool/Getty images)

Enquanto alardeia uma campanha anticorrupção para salvar o Partido Comunista Chinês (PCC) e o Estado, o novo líder chinês Xi Jinping herdou o negócio inacabado de controlar e purgar as forças rivais e facções que no ano passado explodiram em escândalos e lutas internas entre os oficiais na liderança comunista.

No topo da lista está o envelhecido ex-líder chinês Jiang Zemin engasgado com a questão não resolvida da perseguição ao Falun Gong. Outro alvo de Xi Jinping é o Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), o aparato de segurança pública da China que é a organização mais corrupta do país e se tornou um segundo centro de poder sob o comando de seu ex-chefe Zhou Yongkang, que é também um dos aliados mais próximos de Jiang Zemin. Como Xi Jinping tratará estas questões determinará o destino do PCC.

Durante estas poucas semanas desde que Xi Jinping foi anunciado líder do PCC, Jiang Zemin já desafiou abertamente a autoridade de Xi Jinping diversas vezes. Em 4 de dezembro, oito regulamentos para melhorar o funcionamento da Secretaria Política, conhecidos como “oito regras de Xi Jinping”, foram aprovadas pelo PCC. Uma regra proíbe que oficiais publiquem seus próprios escritos, discursos, cartas de felicitações e telegramas ou inscrições de qualquer espécie sem a aprovação prévia do regime central.

No entanto, num período de seis dias, de 22 a 28 de dezembro, Jiang Zemin desafiou as regras de Xi Jinping quatro vezes, segundo artigos da mídia estatal. Em 22 de dezembro, Jiang Zemin escreveu o prefácio para um livro de poemas. Dois dias depois, lançou um livro intitulado “Huang Ju”, dedicado a seu seguidor Huang Ju que também foi uma peça-chave na perseguição ao Falun Gong e que morreu em 2007. Em 25 de dezembro, Jiang Zemin fez outra inscrição, revelada na Ponte Nanjing. E, em 28 de dezembro, seu mais recente livro foi publicado.

De acordo com analistas políticos, a intenção de Jiang Zemin é lembrar a Xi Jinping e a todos mais que ele ainda tem influência política. Uma fonte no campo de Xi Jinping disse à emissora estatal Rádio Nacional da China que a exibição de indiferença de Jiang Zemin foi, em certa medida, tolerada por Xi Jinping. Permitir a Jiang Zemin fazer estas exibições públicas serviu de cobertura para a operação real – recapturar o poder de Jiang Zemin, desmembrar o CAPL e evitar que Zeng Qinghong, um assecla da facção de Jiang Zemin, realize qualquer operação de “suicídio” que possa pôr o PCC fora de controle.

De acordo com esta fonte, como parte de sua luta contra a corrupção, Xi Jinping planeja prender o ex-chefe da segurança pública Zhou Yongkang – um dos principais culpados na perseguição ao Falun Gong, que foi recentemente removido da chefia do CAPL e se aposentou do Comitê Permanente do Politburo – e outros oficiais relacionados à camarilha de Jiang Zemin, mas sem tocar no próprio Jiang Zemin. Com este movimento, Xi Jinping tenta ganhar o apoio do povo chinês e ao mesmo tempo readquirir o poder concentrado pela facção de Jiang Zemin.

Shi Zangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, diz que Jiang Zemin representa um problema e salvar o PCC é praticamente impossível; a melhor jogada de Xi Jinping seria desmantelar o Partido. Segundo Shi Zangshan, se Xi Jinping continuar sua reforma política sem tocar em Jiang Zemin, ele acabará sendo controlado por Jiang. Enquanto a facção de Jiang Zemin tiver qualquer fração de poder, eles não agirão segundo as normas ou se comportarão com moderação. Nesse caso, tudo pode acontecer e Xi Jinping não seria capaz de manter suas promessas de reforma.

Mas se Xi Jinping for atrás de Jiang Zemin agora, o público chinês certamente exigiria que os crimes de Jiang Zemin contra o Falun Gong fossem abordados, o que levaria ao colapso imediato do PCC, disse Shi Zangshan. “Os crimes chocantes de Jiang Zemin na perseguição ao Falun Gong já criaram um destino sem esperança para o PCC e destruíram sua credibilidade”, acrescentou ele.

“Se Xi Jinping não tomar a iniciativa de desintegrar o PCC, o vulnerável equilíbrio de poder entre os atuais líderes do PCC e Jiang Zemin eventualmente resultará em feudos, o que levará ao colapso do PCC de qualquer maneira”, concluiu Shi Zangshan.

Dilema de Xi Jinping

As recentes campanhas políticas e anticorrupção de Xi Jinping têm sido limitadas pela linha limite do PCC: não causar o colapso do PCC. As promessas de reforma de Xi Jinping estarão condenadas assim que ele tocar esta linha. Como Xi Jinping ainda quer salvar o PCC, ele não é capaz de trazer Jiang Zemin à justiça e expor seus crimes contra a humanidade, como a colheita forçada de órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, que provocariam o colapso do PCC.

Mas se Xi Jinping quer liderar o país e tentar salvar o PCC, ele não tem escolha a não ser lidar com o CAPL, limitando seu poder. O CAPL se tornou a organização mais corrupta na última década e tem sido amplamente criticado pelos cidadãos chineses. O CAPL estava de fato acima de todos os outros sistemas de autoridade e era capaz de mobilizar grandes recursos e controlar a política nacional.

Xi Jinping já tomou iniciativas contra o CAPL. Li Chuncheng, vice-secretário do PCC na província de Sichuan e um fiel seguidor de Zhou Yongkang, foi removido de seu posto logo após Xi Jinping se tornar secretário do PCC. Recentemente, a emissora estatal CCTV fez reportagens negativas sobre o CAPL.

Peticionários com faixas exigiram que Zhou Yongkang divulgue seus bens e a polícia não interferiu. Ling Jihua, um aliado do ex-líder chinês Hu Jintao, foi transferido para chefiar a Secretaria de Trabalho da Frente Unida antes que Hu Jintao transferisse o poder a Xi Jinping. O objetivo era controlar a rede de espionagem no exterior antes controlada pela facção de Jiang Zemin.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.