Líder chinês Hu Jintao envia mensagem de advertência às forças armadas

31/05/2012 03:00 Atualizado: 31/05/2012 03:00

O atual presidente chinês Hu Jintao. (Prakash Singh/AFP/Getty Images)Sinais da perda de poder do ministro da Defesa

Durante anos, o líder do Partido Comunista Chinês (PCC), Hu Jintao, tem estado em desacordo com o ministro da Defesa, Liang Guanglie, que repetidamente desafiou o controle Hu sobre os militares, o Exército da Liberação Popular (ELP). No entanto, comentários recentes publicados no Diário do ELP, o jornal oficial dos militares, foram recheados com slogans de “buscar o progresso dentro da estabilidade” e evitar “aproveitar-se do caos para benefício próprio”, uma indicação de que Hu está tentando enviar uma mensagem de advertência para seus adversários no exército respeitarem sua liderança.

O jornal é publicado pela Comissão Militar Central, o órgão militar máximo do regime, que é encabeçado por Hu.

Liang, um amigo de longa data de Bo Xilai, o recém-deposto secretário do PCC em Chongqing, tem consistentemente assumido uma abordagem linha-dura ao lidar com disputas internacionais da China, desafiando abertamente o comando de Hu sobre o exército. De acordo com um artigo do Epoch Times publicado no início de maio, Liang foi o adversário mais poderoso de Hu na disputa sobre a Ilha Scarborough no Mar da China Meridional. Depois que um navio de guerra filipino tentou prender pescadores chineses ao largo da costa da ilha em 10 de abril, Liang fez uma visita à província de Guangdong e Guangxi, duas regiões fronteiriças com o Mar do Sul. Seu discurso durante a visita sugeriu seu desejo de uma resposta militar agressiva, “Usar os militares com cuidado, avaliar a situação quando utilizando os militares, e usar as forças armadas de acordo com a lei.”

Mas se a China tomasse uma ação militar, isso provavelmente provocaria uma resposta dos EUA, já que as Filipinas são um aliado de longa data dos norte-americanos.

A abordagem de Liang está em oposição direta à de Hu sobre as relações sino-norte-americanas, que Hu deixou claro no Diálogo Estratégico e Econômico da China-EUA, realizado em 3 e 4 de maio: “O mundo em que vivemos tem espaço suficiente para a China, os EUA e outros países se desenvolverem juntos […] Ambas as partes devem ter confiança mútua e entendimento, enquanto atuam no espírito de igualdade e manejam propriamente nossas diferenças.”

Mas um artigo publicado no Diário do ELP em 12 de maio pode sugerir que Hu está finalmente ganhando vantagem na luta pelo controle do ELP. O artigo deu uma mensagem de advertência aos militares que pediram uma resposta mais forte à disputa com as Filipinas, criticando-os de “querer iniciar uma guerra de raiva e desencadear um grande conflito com os Estados Unidos […] os provocadores estão fazendo isso para atingir o objetivo sinistro de ‘pescar em águas turvas para se beneficiar com o caos’.”

Liang também suavizou sua retórica quando visitou os Estados Unidos entre 4 e 10 de maio. Em 7 de maio, Liang reuniu-se com secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, no Pentágono e expressou seu desejo de uma relação China-EUA, o que ecoou a política de longa data de Hu, “Atualmente, o relacionamento bilateral China-EUA segue uma nova linha na história para construir um novo tipo de relacionamento militar com base na cooperação, igualdade e benefício mútuo.”

Além disso, o Taipei Times relatou que ao responder a uma pergunta sobre a venda de armas dos EUA para Taiwan, em setembro do ano passado, Liang disse que sua atual visita, bem como seu convite a Panetta para visitar a China mais tarde este ano, são representativos de “um tipo de mudança nas relações militares da China-EUA, mesmo após as vendas de armas norte-americanas para Taiwan”. Isto pode ser um sinal de que o ministro da Defesa finalmente cedeu seu controle sobre o exército e decidiu seguir o comando de Hu.

Além disso, em resposta ao relatório anual do Pentágono ao Congresso sobre o poderio militar chinês, divulgado na semana passada, o porta-voz chinês do Ministério da Defesa, Geng Yansheng, acusou os Estados Unidos de exagerar as capacidades de defesa da China. Ele declarou em 21 de maio, “A divulgação dos Estados Unidos da chamada ‘ameaça militar chinesa’ é completamente infundada.” Como Hu Jintao é o principal comandante militar, este é um movimento que pode ser interpretado como uma rejeição de Hu aos esforços anteriores de Liang para aparecer amigável enquanto em sua visita aos Estados Unidos, novamente sugerindo a perda de poder de Liang.

No dia seguinte, outro comentário publicado no Diário do ELP revelou o último aviso de Hu aos desleais a ele: “Respeitar a disciplina partidária é a responsabilidade política de cada membro do PCC, o mais importante é o cumprimento rigoroso da disciplina política.”

Num artigo anterior do Epoch, o colunista Li Tianxiao do jornal comentou que a abordagem linha-dura de Liang na disputa da Ilha Scarborough pode ser vista como uma maneira de desviar a atenção de Hu de punir seu amigo Bo Xilai e o chefe da segurança Zhou Yongkang, ambos integrantes da “facção das mãos ensanguentadas”, que está envolvida na perseguição ao Falun Gong. “Se Hu não enfatizar o conflito do Mar do Sul da China, então isso pode enfraquecer o controle de Hu sobre os militares e marcar Hu como trazendo humilhação ao país. Se Hu se envolver no conflito do Mar do Sul da China, então isso enfraquecerá e diminuirá a punição de Bo Xilai e Zhou Yongkang.”

No entanto, devido a recente expulsão vergonhosa de Bo Xilai do PCC, a decisão de Liang de finalmente seguir o comando de Hu pode ser um sinal de que a facção das mãos ensanguentadas está rapidamente perdendo o controle sobre os militares.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.