Líder chinês fortalece controle sobre militares antes de sair

02/11/2012 11:22 Atualizado: 02/11/2012 11:22
Hu Jintao inspeciona o batalhão do Exército da Liberação Popular na Base Naval Stonecutters em Hong Kong em junho de 2007. (Mike Clarke/AFP/Getty Images)

Hu Jintao, o líder do Partido Comunista Chinês (PCC), posicionou um punhado de fiéis em postos militares principais, marcando o que a mídia estatal Global Times chamou de a maior remodelação de pessoal no Exército da Liberação Popular (ELP) em uma década.

A mudança é um movimento decisivo para o líder chinês Hu Jintao manter sua influência sobre as forças armadas após deixar o cargo de secretário-geral do PCC no 18º Congresso Nacional que será realizado no início de novembro e é um duro golpe para a facção rival liderada pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, segundo analistas da China.

De acordo com o website do Ministério da Defesa Nacional em 25 de outubro, Fang Fenghui, de 61 anos, Zhang Yang, de 61, Zhao Keshi, de 65, e Zhang Youxia, de 62, foram apontados como chefes do Departamento Geral de Estado-Maior (DGE), do Departamento Geral de Política (DGP), do Departamento Geral de Logística (DGL) e do Departamento Geral de Armamento (DGA), respectivamente.

Outros novos nomeados incluem dois vice-diretores do DGE e outros dois vice-diretores do DGP.

A emissora estatal CCTV também informou em 23 de outubro que Ma Xiaotian, de 63 anos, foi recentemente nomeado comandante da Força Aérea.

Protegidos de Hu Jintao

Os novos nomeados são basicamente protegidos do atual líder chinês Hu Jintao, segundo analistas políticos. A maioria deles foi promovida três vezes por Hu Jintao desde que ele ascendeu à liderança suprema em 2002.

Quando o novo comandante da Força Aérea, Ma Xiaotian, era vice-diretor de gabinete do ELP, houve um impasse entre a China e as Filipinas sobre as ilhas Scarborough disputadas no Mar do Sul da China. Ma Xiaotian disse numa entrevista à emissora Phoenix TV de Hong Kong que a China não estava preparada para usar a força militar no Mar do Sul da China, informou o Oriental Morning Post em 29 de maio.

As observações de Ma Xiaotian ecoaram o discurso de Hu Jintao na quarta rodada do Diálogo Estratégico e Econômico China-EUA em 4 de maio, no qual Hu Jintao disse esperar que a China e os Estados Unidos pudessem explorar maneiras de construir uma parceria China-EUA cooperativa.

O ministro da defesa Liang Guanglie, que é um amigo de longa data do político chinês deposto Bo Xilai, apôs diretamente a posição de Hu Jintao e as observações de Ma Xiaotian estavam em clara discordância com Liang Guanglie.

O novo chefe do DGP, Zhang Yang, é um dos principais líderes militares que prometeram lealdade ao presidente Hu Jintao após o escândalo de Bo Xilai eclodir no início deste ano. Num artigo que ele escreveu para o Diário do Povo em 5 de junho, ele enfatizou que o exército deve seguir as ordens de Hu Jintao de “obedecer firmemente a orientação do PCC”.

Aliados de Bo Xilai

Dois generais, Liu Yuan e Zhang Haiyang, que tinham laços com Bo Xilai e foram previamente considerados candidatos a cargos de liderança, não foram incluídos nas novas promoções.

Liu Yuan é o filho do ex-líder chinês Liu Shaoqi. Zhang Haiyang é filho de Zhang Zhenzi, um ex-vice-presidente da Comissão Militar Central (CMC).

Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing cuja tentativa falha de deserção para o consulado dos EUA em fevereiro provocou a queda dramática de Bo Xilai, forneceu informações ao Comitê Central de Inspeção Disciplinar sobre Bo Xilai, Liu Yuan, Zhang Haiyang e outros oficiais do exército que tramavam um golpe contra o indicado próximo líder chinês Xi Jinping, segundo um artigo da revista Open de Hong Kong em maio.

O artigo também disse que Bo Yibo, o pai de Bo Xilai, foi assessor de confiança de Liu Shaoqi e as duas famílias, portanto, têm uma relação estreita. Bo Xilai prometeu a Liu Yuan fazê-lo presidente da CMC assim que ele usurpasse com sucesso o poder de Xi Jinping, acrescentou o artigo.

Vários altos oficiais militares que são aliados de Bo Xilai atingiram a idade de reforma e se aposentarão após o 18º Congresso do PCC. Entre eles estão Guo Boxiong e Xu Caihou, que são vice-presidentes da CMC, assim como o ministro da defesa Liang Guanglie.

Mudanças na paisagem política e militar

Agora, Hu Jintao está no controle total dos militares e ganhará uma presença ainda mais forte se puder nomear seus aliados como vice-presidentes da CMC, segundo o dissidente Song Yuxuan, que supervisiona o Centro de Pesquisa de Assuntos da China do Partido Social Democrático da China, baseado nos EUA, em entrevista ao Epoch Times.

“Liu Yuan e Zhang Haiyang foram implicados por Bo Xilai e agora a facção liderada pelo forte aliado de Bo Xilai, o ex-líder chinês Jiang Zemin, não tem qualquer outro candidato para concorrer aos melhores postos militares”, disse Song, acrescentando, “A facção foi desmantelada nesta remodelação.”

A maioria desses novos nomeados serão membros da CMC, que será muito diferente da atual CMC, segundo o comentarista político Wen Zhao da NTDTV.

A influência direta de Jiang Zemin no exército será eliminada posteriormente e, a julgar pelas recentes mudanças de pessoal nas organizações sob o Comitê Central, incluindo o Departamento da Frente Unida e o Gabinete Geral do PCC, a paisagem política global na China também mudou e a facção de Jiang Zemin perdeu terreno, acrescentou Wen Zhao.

Shi Zangshan, um especialista de Washington DC sobre a política chinesa, disse ao Epoch Times que o fato de que o proeminente príncipe Liu Yuan não conseguiu uma promoção nesta rodada de remodelação militar é um sinal de que Bo Xilai receberá uma dura sentença em seu julgamento próximo.

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Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.