Líder chinês anuncia que expurgo político continuará

07/08/2014 13:49 Atualizado: 07/08/2014 13:49

Menos de uma semana após a longamente esperada investigação do ex-chefe da segurança comunista chinesa ser anunciada oficialmente, o líder chinês Xi Jinping disse numa reunião interna que a luta contra a corrupção é uma questão de “vida ou morte”.

“Quando se trata de lutar contra a corrupção, a vida e a morte e a reputação não significam nada para mim”, disse ele, conforme reportado.

A observação foi retransmitida por uma equipe anticorrupção itinerante ao chefe do Partido Comunista Chinês na cidade de Changbaishan e em seguida publicada em 1º de agosto no Diário de Changbaishan, uma mídia oficial na província de Jilin.

Posteriormente, o artigo estava inacessível no website do jornal, embora ainda apareça como a matéria principal de 4 de agosto.

A Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês, e grandes portais de notícias seguiram com comentários e análises do artigo, embora estes tenham sido apagados pouco depois. O sentimento entre os observadores é que os comentários foram um sinal de como a situação continua grave na China, com o andamento da retificação do Partido Comunista Chinês (PCC) ou o expurgo político, que é oficialmente chamado de ‘campanha anticorrupção’.

No contexto político comunista chinês, as campanhas anticorrupção são normalmente um meio de disfarçar um objetivo político. Zhou Yongkang, o chefe da segurança derrubado, era uma das figuras mais importantes na principal facção do PCC que se opõe e procura minar e substituir o governo de Xi Jinping.

Em 2012, fontes bem colocadas e observadores disseram que Zhou Yongkang tinha a intenção de colocar Bo Xilai em seu lugar como chefe da segurança – Bo Xilai era um membro do Politburo que governava Chongqing. Com o controle do imenso aparato de segurança firmemente em suas mãos, Zhou e Bo planejavam substituir Xi Jinping com Bo Xilai.

Zhou e Bo eram protegidos do ex-líder chinês Jiang Zemin, e todos estes estavam unidos politicamente por causa de seus papéis na condução da perseguição à prática espiritual do Falun Gong, uma campanha violenta que se tornou o foco dos últimos anos do mandato de Jiang Zemin, e cuja manutenção ocupou suas energias por quase uma década após sua aposentadoria da liderança do PCC em 2002.

Vários observadores do sistema político da China, entre estes Li Dongwei, o ex-editor do jornal China Reform e um intelectual e comentarista político sobre a China, acreditam que uma boa parte dos amplos esforços anticorrupção de Xi Jinping nos últimos 18 meses foram represálias pela tentativa de golpe de 2012.

Li Dongwei explicou seu ponto de vista numa entrevista recente à Voz da América. Observadores disseram que seria politicamente perigoso e insustentável para Xi não lidar duramente com os indivíduos que tentaram derrubá-lo.

A reportagem recente sobre as declarações de Xi surgem em meio a uma série de alegações igualmente fortes, formuladas pelo aparato de propaganda estatal da China, todos expressando sua determinação em continuar a luta “anticorrupção”.

Uma manchete recente no Diário do Povo, uma mídia porta-voz do PCC, afirmou: “Não haverá brandura na erradicação da corrupção.” Estas e outras declarações nos meios oficiais foram ainda mais elaboradas pela Central Chinesa de Televisão (CCTV), outra mídia porta-voz do regime chinês, para que o público e os membros do PCC pudessem digerir o que vem ocorrendo.

Um apresentador do programa “News1+1” da CCTV referiu-se aos anúncios no contexto da expulsão do PCC de Xu Caihou, o ex-vice-presidente do Comitê Militar Central, e de uma série de outros funcionários.

Xu foi um dos militares mais poderosos da China. Sua punição pública chocou muitos observadores, o que demonstra a natureza profunda da campanha que Xi Jinping está travando contra seus opositores políticos, que também são culpados de corrupção massiva. Xu foi nomeado pelo ex-líder chinês Jiang Zemin, que também é patrono de Zhou Yongkang e de uma série de outros funcionários que Xi Jinping tem derrubado.

Cada vez mais, parece que a persistente e estranha presença de Jiang Zemin – agora com 88 anos – nos bastidores desta campanha têm vindo mais e mais à tona.

Relatos não confirmados apareceram recentemente no Weibo, uma mídia social chinesa similar ao Twitter, mostrando funcionários chineses em várias cidades por todo o país arrancando grandes placas com caracteres chineses compostas por Jiang ou que destacavam seu nome. Jiang tem a reputação de desejar a atenção da mídia e também é um alvo favorito para o ridículo na China. Um artigo recente se tornou viral na internet comparando Jiang a um sapo gigante.

Além disso, uma série de vazamentos de informação para a mídia chinesa no exterior nas últimas semanas e meses, incluindo para o Epoch Times, indicam que Xi Jinping está visando uma série de outros aliados-chave e agentes de Jiang Zemin, incluindo Zeng Qinghong e Jia Qinglin, ambos ex-membros do Comitê Permanente do Politburo, o órgão máximo do poder político na China.

De acordo com Li Dongwei: “O plano de Xi é ir atrás dos ex-membros do Comitê Permanente e esmagar a arrogância manipuladora de Jiang Zemin. Então, os outros 19 membros seniores aposentados do Comitê Permanente dirão: ‘Nós nos submetemos, você é o chefe, não interferiremos mais, apenas nos deixe aposentar em paz.”