Liberdade de imprensa se deteriora em Hong Kong, diz relatório

10/07/2013 16:13 Atualizado: 10/07/2013 16:13
Uma banca de jornal em Hong Kong. A Associação dos Jornalistas de Hong Kong publicou um relatório anual em 7 de julho de 2013 concluindo que no ano passado a cidade sofreu séria deterioração da liberdade de imprensa (Guang Niu/Getty Images)

No ano passado, viu-se uma deterioração notável na liberdade de imprensa de Hong Kong, desde a transferência da soberania do território para a República Popular da China em 1997, segundo um relatório de 7 de julho da Associação dos Jornalistas de Hong Kong (AJHK).

A AJHK é o único sindicato de toda a indústria para os jornalistas em Hong Kong.

Intitulado “Nuvens negras no horizonte”, o 20º relatório anual da associação sobre o estado da mídia de Hong Kong disse que a liberdade de imprensa em 2012 estava “sob ataque” de duas forças: a administração do chefe-executivo Leung Chun-ying e os líderes do Partido Comunista Chinês (PCC) em Pequim.

O relatório criticou a administração de Leung por sua tendência a liberar declarações escritas e organizar eventos de cobertura de imprensa em que o governo só convida fotógrafos e operadores de câmera, limitando assim a oportunidade de jornalistas fazerem perguntas a funcionários do governo.

Desde que Leung tomou posse em julho de 2012 até maio de 2013, ele e seus ministros emitiram 182 declarações escritas, representando 21,5% do número total de vezes que o governo se dirigiu à imprensa, em comparação com 22 declarações ou 0,6% na administração anterior de Donald Tsang. Leung participou de apenas quatro conferências de imprensa no mesmo período.

O relatório também citou “a apatia do governo” sobre os ataques a jornalistas de Hong Kong e organizações de mídia. A AJHK contou 11 casos de assédio ou ataque ocorridos em Hong Kong no ano passado, em comparação com uma ou duas agressões graves por ano nos últimos anos. Dos 11 casos, apenas dois resultaram em punição dos atacantes. Nenhuma prisão foi efetuada em incidentes recentes, como os que envolveram a Next Media, quando a casa do fundador Jimmy Lai foi atacada, e milhares de cópias do jornal do Apple Daily que foram incendiadas premeditadamente.

O governo de Hong Kong também não agiu ou reagiu aos ataques a jornalistas de Hong Kong estacionados no continente, disse o relatório.

Em fevereiro, os advogados de Leung emitiram uma carta ameaçando tomar medidas legais contra o comentarista Joseph Lian, que escreveu um artigo crítico sobre Leung, publicado no Jornal Econômico de Hong Kong um mês antes. O movimento ameaça a liberdade de imprensa na cidade, disse o relatório.

No ano passado também houve um aumento da pressão de Pequim sobre a imprensa de Hong Kong para reportar favoravelmente a China e o que acorre no continente. Como consequência, mais da metade dos proprietários de mídia de Hong Kong já são designados pelo Congresso Popular Nacional e pela Conferência Consultiva Política Popular, dois órgãos do legislativo-carimbo chinês. Em dezembro de 2012, um jornalista veterano da Xinhua, uma mídia estatal porta-voz do regime chinês, foi apontado como editor do Diário Sing Tao, um jornal de ampla distribuição em Hong Kong.

A AJHK também alertou que o novo chefe do Departamento de Ligação de Pequim, Zhang Xiaoming, fez declarações que indicam a intenção de Pequim de ganhar maior controle sobre Hong Kong, enquanto a nomeação de Yang Jian como novo vice-diretor do Departamento de Ligação sugere uma maior erosão da liberdade de imprensa no futuro. Yang Jian foi ex-vice-diretor do Departamento de Propaganda da província de Guangdong e trabalhou na Xinhua por muitos anos.

Em recomendações do relatório, a AJHK instou que Leung ajude a passar uma lei de liberdade de informação para substituir o código de acesso à informação do governo implementado pela administração colonial britânica em 1995. Em fevereiro do ano passado, Leung assinou um compromisso esboçado pela HKJA prometendo “um papel ativo” em aprovar a legislação, mas a lei transitou para uma comissão que examinará se Hong Kong precisa de tal lei.

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