A história da tortura de Zhang Lianying soa como algo saído de um livro de história medieval, quando as pessoas eram arrastadas e esquartejadas por alta traição. Zhang foi pendurada pelos pulsos, com as pernas amarradas e recebeu chutes em lugares sensíveis de guardas prisionais de botas. Isso foi há apenas alguns anos, seu único “crime” era sua fé.
Edward McMillan Scott, o vice-presidente do Parlamento Europeu, publicou o vídeo-testemunho de Zhang em seu website recentemente, como uma forma de marcar o ‘Dia Internacional em Apoio às Vítimas de Tortura’, criado pelas Nações Unidas e que cai em 26 de junho.
Zhang pratica o Falun Gong, uma disciplina espiritual chinesa que tem sido perseguida na China desde 1999. Um apoiador de longa data da prática e um oponente franco de sua supressão, em 2006, Scott viajou à China, onde teve um encontro clandestino com o marido de Zhang e outro aderente do Falun Gong, Cao Dong. Apesar das precauções extremas, seu marido e Cao foram posteriormente detidos e torturados por falarem sobre a perseguição.
“A China continua a ser o pior perpetrador de tortura de seu próprio povo. A maioria das vítimas é totalmente inocente e é punida por suas crenças religiosas ou políticas”, disse Scott num comunicado.
Em sua declaração em vídeo, Zhang discute seu calvário na China e eventual fuga para os Estados Unidos. Ela também fornece uma lista de 50 Passos de Tortura a que ela foi submetida continuamente durante os sete anos que esteve presa.
Os métodos incluem estrangulamento, isolamento na escuridão, alimentação forçada, privação de sono, uso negado do banheiro, exposição a temperaturas baixas extremas no inverno e sol escaldante no verão, arrancar seus cabelos, amarrá-la por dias, ser algemada por longos períodos, ser posta sentada num banquinho durante 20 horas por dia, perfurar as solas dos pés com objetos cortantes e dezenas de outros. Zhang disse que experimentou pessoalmente todos eles.
O pior, escreveu ela, foi ser asfixiada com toalha de papel molhado, “que ainda me dá calafrios de lembrar”. Ela foi quase sufocada até a morte nove vezes. Cada vez que ela ficou inconsciente, ele se tornava incontinente e seu corpo afrouxava; seus algozes, em seguida, removiam a toalha de seu nariz e boca e, então, faziam tudo de novo. “A dor era tão severa que eu sentia que ia explodir”, escreveu ela.
Agora, Zhang está segura nos Estados Unidos. A única vez que ela aparece no vídeo quase em lágrimas é quando ela discute o fato de que a perseguição ainda ocorre.
“Em janeiro de 2011, minha família conseguiu escapar para os Estados Unidos e minha filha começou a sorrir. No entanto, a cada dia, há muitos casos de tortura, até mesmo o assassinato de praticantes do Falun Gong”, diz ela próximo do fim.
Zhang continuou, “A perseguição brutal tem sido realizada há 13 anos com o propósito de destruir a crença de 100 milhões de praticantes do Falun Gong na verdade, compaixão e tolerância e para destruir a consciência humana e a bondade. Espero, sinceramente, que o Parlamento Europeu e a União Europeia tomem medidas para trazer a justiça de volta a este mundo. Obrigado!”