Este método de pesca destrói há 10 anos um total de 118 montes submarinos ao arrastar o solo oceânico e desmontar o habitat das espécies vivas da região
Nesta semana, ambientalistas observaram com preocupação a decisão do senado chileno de rejeitar o pedido da proibição da pesca de arrasto, e o anúncio de um possível aumento da extração de cavala (no Chile: jurel), um dos peixes que correm perigo de extinção em consequência a sobre-exploração.
De acordo com um comunicado do Ministério da Economia do Chile, a pesca de arrasto tem destruído há 10 anos os ecossistemas de 118 montes submarinos. Neste aspecto, a nova lei proibia somente a pesca de arrasto nos ecossistemas considerados vulneráveis, entretanto podendo ser praticada em outras áreas.
Esse sistema de pesca, bastante criticado pela comunidade científica internacional, vai arrastando e levando todo o habitat e seus respectivos seres vivos em solo submarino.
“Esses sistemas foram arrasados no Chile por frotas industriais das companhias Pesca Nova, pela transnacional espanhola Pesca Chile e pela Frio Sur, levando a falência os pesqueiros Orange Rought, Besugo e Alfonsino”, declarou Juan Carlos Cárdenas, diretor do Instituto Ecoceanos, ao Epoch Times.
“As frotas industriais já não pescarão nos montes submarinos, devido a sua destruição. É notável que a transnacional Oceana, com sede em Washington, celebrou o fato como um grande avanço, dando apoio ao governo”, agregou Cárdenas.
O executivo Alex Muñoz Wilson, diretor da Oceana no Chile, comunicou em seu portal nesta quinta-feira (29) que “pela primeira vez a empresa tem planos de manejo com cotas globais de pesca fixadas com base em avaliações científicas; proteção dos ecossistemas marinhos vulneráveis diante deste tipo de pesca, incluindo o fechamento imediato de 118 montes submarinos, e planos de redução de pesca acidental e descarte de espécies. Porém, faltam recursos para uma fiscalização aceitável, especialmente para o investimento em novas tecnologias de vigilância remota, assim como para investigação”.
De acordo com um comunicado oficial de 2010, 68% dos pesqueiros no Chile encontram-se sobre-explorados ou falidos.
O cavala, também chamado de jack mackerel e trachurus murphiyi, segundo a estatística oficial, perdeu 80% de biomassa, e a merluza, cerca de 60%.
“A quantidade do cavala tem caído abruptamente desde a captura de 4,5 milhões em 1995 até a presente data. Em 2010, o Conselho Nacional de Pesca fixou a cota de captura em 1,3 milhões de toneladas, mas só capturaram 446 mil toneladas de cavala. Em 2011 se estabeleceu uma cota de 315 mil toneladas, e na temporada 2012, só se capturou 252 mil toneladas” declarou ao Epoch Times, Cárdenas, director de Ecoceanos.
Segundo Cárdenas, com o fim da discussão da nova Lei de Pesca “o Conselho Nacional de Pesca onde a indústria possui maioria de representantes, aprovou aumentar em 7% a cota de captura para a temporada 2013”.
O subsecretário de Pesca, Pablo Galilea, explicou à imprensa que a Organização Regional de Pesca (ORP) está discutindo elevar a cota global a todo o Pacífico Sul a 441 toneladas. Esse montante supera em 12,5% as 392 mil toneladas de cavala que foram estabelecidas para 2012.
Galilea disse que agora “a ideia do governo é subir levemente o direito de captura do recurso durante 2013” e agregou que “nos últimos anos houve uma diminuição da cota de captura devido a falta de recursos em águas nacionais. Uma das conclusões da ORP expostas na última reunião, realizada há aproximadamente um mês no Peru, é que os índices biológicos do cavala têm se recuperado” de acordo com o jornal La Tercera.
Outro aspecto da lei que foi aprovada essa semana e que preocupa a Ecoceanos, é a indicação de que as zonas de desova de peixes se alternarão entre artesanais e industriais.
A ONG defende que estas áreas de desova devem estar protegidas evitando operações de captura neste período, já que é o momento preciso em que ocorre a reprodução das espécies.
“É uma medida básica de conservação dos recursos marinhos. O que se desenha é que as áreas de captura serão compartilhadas entre os grandes barcos pesqueiros com redes de cerco, arrasto ou espineles (longas linhas que podem ter 30 mil anzóis), competindo com embarcações artesanais de até de 18 metros de comprimento”.
“É Davi contra Golias destruindo os mesmos recursos marinhos em uma mesma área geográfica. Este é um outro exemplo de lógica a qual opera o estado chileno diante da influência da grande indústria pesqueira”, complementa.
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