Usando recursos obtidos em superfaturamentos e comissões desviadas na contabilidade de obras públicas, empregados e laranjas de empreiteiras foram usados para pagar as multas milionárias no processo da famosa Ação Penal 470. O principal beneficiado foi José Dirceu de Oliveira e Silva. A mesma jogada favoreceu José Genoíno e Delúbio Soares – todos felizes por terem ganho o benefício de passar o natal em “prisão domiciliar” com a família. Eis a suspeita da elite de investigadores da Lava Jato.
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Peritos contábeis a serviço da Lava Jato, analisando registros de pagamentos feitos por empreiteiras, apuram, também, como o esquema estaria remunerando, por debaixo dos panos, um ilustre reeducando que até agora amarga cadeia, em silêncio obsequioso: Marcos Valério Fernandes de Souza. A Lava Jato esparge lama no Mensalão – aquele caso que, diante dos novos escândalos, merecia julgamento em tribunais de pequenas causas.
Os indícios aumentaram com a revelação do contrato assinado entre a empreiteira Camargo Corrêa e o reeducando José Dirceu de Oliveira e Silva, assinado em 21 de fevereiro de 2010, para prestação de consultoria na “integração dos países da América do Sul” e análise de aspectos sociológicos e políticos do Brasil. Os comprovantes apreendidos pela Polícia Federal, que devem parar nos autos de processos da Lava Jato, mostram que a JD Assessoria recebeu R$ 886,5 mil. Marcado como sigiloso, o acordo previa o pagamento de R$ 75 mil por mês.
O nome de Dirceu aparece, por enquanto indiretamente, na Lava Jato. Dirceu foi o padrinho de Renato Duque na diretoria de Engenharia e Serviços da Petrobras. Pedro Barusco, gerente da área e braço-direito de Duque, em sua delação premiada, pode ter comprometido Dirceu. Paulo Roberto Costa, em sua “colaboração”, revelou que a área de Duque comandava a arrecadação de 2% a 3% de propina na área de Serviços. Na de Abastecimento, comandada por Costa, a comissão era de 2%.
No mesmo endereço em que apreendeu o contrato com Dirceu, a Polícia Federal apreendeu contratos assinados entre a Camargo Corrêa e outras empresas de consultoria. Entre elas, estão a Treviso, de R$ 18 milhões, e a Piemonte, de R$ 6,1 milhões. As duas empresas pertencem a Júlio Gerin Camargo, outro delator premiado que contou ao Ministério Público Federal que vários contratos foram assinados apenas para justificar a saída de dinheiro dos consórcios que prestavam serviços à Petrobras. O dinheiro destinado aos políticos do PP eram depositados em contas controladas pelo doleiro Alberto Youssef, no Brasil, em Hong Kong e na China.
A Lava Jato se aproxima, perigosamente, do núcleo duro do poder petista.
Editado por Epoch Times