Com os olhos do mundo sobre o que a nação comunista recalcitrante vai fazer a seguir após seu lançamento de foguete ter falhado na sexta-feira, a Anistia Internacional (AI) diz que o mundo deveria observar a “catastrófica situação de direitos humanos” no país.
Num relatório publicado na quinta-feira, a AI disse que a deplorável situação de direitos humanos do país ofusca o lançamento de foguetes do mesmo, que Pyongyang afirma ser para colocar um satélite em órbita.
Durante os preparativos para o lançamento do foguete, a Coreia do Norte vangloriou-se que colocar um satélite em órbita no dia do aniversário do nascimento de Kim Il Sung, fundador do país e avô do atual líder Kim Jong Un, torná-los-ia próspero.
No entanto, como destaca a Anistia, desde os anos 90, cerca de 1 milhão de norte-coreanos morreram de fome e há inúmeros relatos de que milhões mais estão subnutridos. Em 29 de fevereiro, Washington e Pyongyang chegaram a um acordo que a Coreia do Norte pararia de lançar mísseis e testar suas capacidades nucleares em troca de ajuda alimentar desesperadamente necessária.
“Para alcançar uma ‘forte e próspera nação’, o novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong Um, teria de reverter a repressão que tem sido característica no país há décadas”, afirmou Rajiv Narayan, um especialista em Coreia da Anistia Internacional.
Num artigo da semana passada do Diário NK, um camponês informante no interior do país na província de Hamkyung do Norte, a mesma província que no passado realizou dois testes de bombas nucleares, disse que há escassez de trabalhadores capacitados em fazendas e muitos adultos jovens são preguiçosos ou estão atrofiados por anos de má nutrição.
Os jovens adultos com idades entre 17 e 30, que a fonte descreve como “tropas de choque agrícolas”, chegaram na fazenda do informante na infância durante o auge da fome. Por causa da desnutrição, eles têm entre 1,20 e 1,30 metros de altura, o que é muito abaixo da média, disse a publicação.
Se a Coreia do Norte se tornasse próspera e forte, como ele proclama, ela teria de tomar medidas para fornecer alimentação e saúde para toda a população, afirma a Amnistia.
O custo de lançar o foguete Unha-3 e o satélite é cerca de 850 milhões de dólares, de acordo com documentos obtidos pelo jornal Daily Telegraph. O Telegraph estima que esse montante pudesse alimentar milhões de pessoas.
Os documentos também mostram que 1,14 bilhões de dólares ganhos em exportações de carvão ajudaram a financiar projetos do regime, incluindo 140 milhões de dólares na remodelação de 3 mil apartamentos para as elites. Outros 50 milhões de dólares foram gastos no Parque Temático de Rungrado.
A Anistia também notou que existem centenas de milhares de pessoas em campos de trabalho, uma afirmação que foi corroborada pelo Comitê para os Direitos Humanos na Coreia do Norte, sediado nos Estados Unidos, que disse que entre 150 e 200 mil estão atualmente presos em gulag secretos, como campos de trabalho forçado. Os relatórios de ambos disseram que os prisioneiros são submetidos a condições horríveis e a tortura.
“Estes são lugares fora da vista do resto do mundo, onde quase toda a gama de proteção aos direitos humanos é ignorada”, disse Narayan.