Lai Changxing, acusado de contrabando, aguarda julgamento na China

08/04/2012 03:00 Atualizado: 02/02/2014 10:37

O acusado de comandar uma rede de contrabando massiva que operou por vários anos no sul da China atendeu seu primeiro dia de julgamento em 6 de abril, segundo a mídia estatal.

O momento dos processos judiciais não deixou de ser relacionado ao atual contexto político: Analistas chineses observaram que Jia Qinglin, membro do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista, o órgão chefe do poder na China, era o secretário do Partido na província de Fujian durante o auge das alegadas atividades de contrabando de Lai. Lai operava a partir de Xiamen, uma cidade na província de Fujian.

Xi Jinping, o aparente próximo líder do Partido, era vice-secretário do Partido de Fujian e secretário do Partido da cidade de Fuzhou.

Analistas têm especulado que o Presidente Hu Jintao e o Primeiro-Ministro Wen Jiabao estavam mantendo Lai Changxing na reserva, como uma forma de restringir Jia Qinglin, um forte apoiador do ex-líder do regime Jiang Zemin. Como o pretenso cabeça de uma grande operação criminosa que floresceu sob os narizes dos chefes do Partido, seria de se esperar que Lai saiba de muita coisa que os líderes prefeririam que não fosse revelado.

Desde sua extradição para a China em 23 de julho de 2011, Lai tem permanecido no 2º Centro de Detenção da Cidade de Xiamen. Foi notado que a Procuradoria Popular de Xiamen procedeu a seu caso com eficiência incomum, tendo preparado para o julgamento pelo final de dezembro do ano passado. A agência de notícias estatal Xinhua anunciou o julgamento em 6 de abril.

De acordo com artigos da mídia estatal, o grupo Yuan Hua de Lai estava envolvido no contrabando de carros, cigarros, petróleo, produtos químicos industriais, e muito mais.

Lai é acusado de ter evadido 3,6 bilhões de dólares em impostos como o fundador e mentor do esquema de 10 bilhões de dólares, durante o qual ele teria subornado oficiais de alta posição.

Mais de 600 pessoas estiveram envolvidas no caso Yuan Hua de contrabando, 300 dos quais foram condenados quando o expurgo começou. Daqueles, 21 enfrentaram a pena de morte e oito foram executados.

Antes que pudesse ser capturado, Lai e sua família fugiram para o Canadá, onde ele permaneceu no exílio por 12 anos. A extradição de Lai no ano passado foi o desfecho de uma negociação diplomática de 12 anos entre a China e o Canadá, considerada por muitos como questionável. Tem sido frequentente discutido se Lai terá um julgamento justo.