Laços militares de Bo Xilai provocam investigação oficial

18/04/2012 19:00 Atualizado: 18/04/2012 19:00

Guardas da marinha chinesa gritam durante uma marcha em Pequim em 2009. A questão militar no contexto do drama político de Bo Xilai permanece inconclusiva. (Frederic J. Brown/AFP/Getty Images)De acordo com um ditado maoísta, “o poder brota do cano de uma arma”. Quem controla as armas, o exército, na China comunista tem sido a chave para o controle do Partido Comunista Chinês (PCC) e consequentemente da nação. Os desdobramentos recentes na luta pelo poder que estão sacudindo a liderança do PCC têm aparecido em editorias na primeira página dos jornais da China e, nos bastidores, um esforço para assegurar a lealdade dos militares prossegue.

A luta pelo poder, até agora, girava em torno de Bo Xilai, o ex-chefe do PCC na megalópole centro-oeste de Chongqing. Bo foi deposto em Chongqing em 15 de março e de todos seus postos no Partido em 10 de abril. Agora, ele está sob investigação da Comissão Disciplinar do Partido.

A carreira de Bo no PCC parece ter acabado e a única questão que permanece é quão séria será sua punição. Mas se há esperança para resgatar o destino de Bo, e o destino da facção política que ele pertence, essa esperança residiria nos militares tomarem uma ação extraordinária para protegê-lo.

Em meio a rumores de um esforço militar para resgatar Bo, a Comissão Militar Central, que controla as Forças Armadas da China, já enviou cinco equipes de inspeção para Sichuan, Chongqing, Kunming, Guizhou, e outros lugares, para investigar as ligações dos líderes militares na região de Chengdu com Bo, conforme relatado pelo Diário da Manhã do Sul da China em 15 de abril.

Quando o vice-presidente da Comissão Militar Central, Guo Boxiong, apareceu na Região Militar de Chengdu, ele sublinhou que nesse momento os militares permanecem tranquilos, prevenindo maiores problemas de segurança e assegurando que nenhum evento afete a situação geral ou interfira com as autoridades, de acordo com Xinhua.net, a mídia porta-voz do regime comunista, em 14 de abril.

A base de poder de Bo está no centro-oeste e sudoeste da China, onde as equipes de fiscalização estão concentradas. É dito que Bo Xilai tem relações com militares da região devido a conexões feitas através de seu pai, Bo Yibo, e sua esposa, Gu Kailai, cujo pai foi um general no noroeste da China.

Os líderes militares já deram sinais mistos de sua lealdade ao líder do Partido, Hu Jintao, ou a Bo Xilai e a facção liderada pelo ex-líder do Partido, Jiang Zemin.

O comissário político da Marinha, Liu Xiaojiang, e outros comandantes militares publicaram artigos no Diário do Povo em 12 de abril manifestando seu forte apoio para condução da questão de Bo Xilai pelo Comitê Central do PCC.

O “Diário do Exército da Liberação” também publicou um artigo em 13 de abril, intitulado “As Forças Armadas e a Polícia Militar inteiras apoiam firmemente a correta decisão do Comitê Central do PCC”. O artigo levantou tantas perguntas quanto respondeu.

O relatório citou as palavras de vários oficiais, incluindo o General Yin Fanglong, diretor do Departamento Político do Segundo Corpo de Artilharia (SCA) do Exército da Liberação Popular; Pan Yong, comissário político do sub-distrito militar de Sichuan Meishan; e Lee Sailau, comissário político de um Exército Vermelho na região militar de Pequim, e assim por diante.

Ausente da lista de oficiais estava Zhang Haiyang, o ex-comissário político (2005-2009) da região militar de Chengdu e atual comissário político do SCA. O SCA é uma unidade altamente sensível, a força de mísseis estratégicos.

Zhang Haiyang é um homem influente. Ele é considerado um candidato para diretor do Departamento Político Geral da Comissão Militar Central, em outras palavras, o chefe do departamento político que dirige as Forças Armadas.

Diz-se que Zhang tem relações estreitas com Bo Xilai, de acordo com o jornalista Jiang Weiping, entre outras fontes. Jiang cumpriu prisão por vários anos depois de escrever um artigo acusando Bo Xilai de corrupção na cidade de Dalian e mencionou a relação entre Bo Xilai e Zhang Haiyang em vários de seus artigos.

As vozes dentro do SCA são contraditórias. O segundo no comando da hierarquia do Partido sob Zhang no interior do SCA é Yin Fanglong, que publicou um artigo apoiando a Central do Partido em 13 de abril no Diário do Povo.

Seu artigo criticou a lealdade baseada em conexões pessoais, como as que Bo tem em toda a região militar de Chengdu.

“Nós devemos excluir a interferência de sentimentos”, escreveu Yin. “Quando a amizade e os princípios se contradizem, é um pequeno laço de camaradagem insistir na relação pessoal, mas precisamos de grandes laços de camaradagem para acompanhar a evolução do Partido.”

De acordo com postagens de blogue publicadas em 13 de abril, pelo menos um general e um importante homem de negócios agiram pressionando as autoridades do Partido para “resgatar Bo Xilai” e exigindo que a questão de Bo seja tratada corretamente. De acordo com blogues no Chinese Duowei News, que são publicados fora da China, o apoio a Bo veio do General Peng Xiaofeng e Wang Zhen. Peng é um ex-comissário político do SCA e Wang é presidente de uma empresa estatal de investimento, o Grupo CITIC.

Com arquivos da NTDTV, e pesquisa de Sunny Chao.