Kit de imunoestimulantes e antibióticos naturais

20/01/2015 08:00 Atualizado: 22/01/2015 23:04

Antibióticos são remédios cujas funções estão ligadas diretamente ao tratamento de infecções causadas por micro-organismos (como bactérias, fungos e vírus). Eles matam (bactericidas), inativam o metabolismo ou impedem a reprodução de micro-organismos (bacteriostáticos) que provocam as infecções.

Os antibióticos naturais têm uma longa história dentro da civilização humana, já que praticamente todos os povos utilizaram elementos antibióticos, como plantas, minerais e outros. Mais recentemente, a ciência moderna sintetizou diversas substâncias que agem como antibióticos.

Mas, os antibióticos produzidos artificialmente pelas indústrias químicas trouxeram, além dos benefícios imediatos do combate às infecções, diversos efeitos secundários bastante prejudiciais, intoxicando órgãos e danificando o organismo.

Ao contrário dos antibiótcos artificiais, os antibióticos naturais tendem a combater infecções sem prejudicar o organismo, e muitas vezes, inclusive, beneficiam órgãos, funções e melhoram a saúde geral.

Já os imunoestimulantes são substâncias que incrementam a atividade do sistema imunológico e/ou fortalecem os diferentes elementos que compõem o sistema imunológico.

O sistema imunológico é um grande e complexo sistema de proteção do corpo, que identifica, neutraliza, combate e destrói micro-organismos nocivos e substâncias prejudiciais ao organismo.

Em geral, são as plantas que possuem propriedades imunoestimulantes; mas algumas vitaminas, minerais e até elementos de organismos animais possuem qualidades imunoestimulantes.

Algumas substâncias e, especialmente, certas plantas possuem, ao mesmo tempo, propriedades antibióticas e imunoestimulantes.

Vamos conhecer alguns antibióticos e imunoestimulantes naturais.

Própolis

É um tipo de resina composta, produzida e utilizada pelas abelhas para vedar e impedir a entrada de micro-organismos nocivos nas colmeias.

É  um antibiótico muito eficiente e de amplo espectro, capaz de tratar um grande número de infecções: orais, respiratórias, gástricas (combate, inclusive, a Helicobacter pylori, presente em alguns casos de gastrite e úlceras gástricas), intestinais, cutâneas.

Tem propriedades bactericida, contra muitos tipos de micro-organismos (contra várias bactérias, como Staphylococcus aureusSalmonella typhimurium e outras, e inclusive contra o protozoário Trypanosoma cruzi, causador da Doença de Chagas), e bacteriostáticas em alguns tipos de vírus (como, por exemplo, o vírus da gripe aviária). Pesquisadores descobriram que o seu efeito bacteriostático é também capaz de deter a replicação do vírus HIV-1 em culturas celuares de linfócitos CD4 (in vitro).  

Também foi descoberto que a própolis tem propriedades antineoplásicas (contra o crescimento de tumores): como, por exemplo, no hepatocarcinoma humano.

A própolis é um antibiótico potente e de múltiplas ações, e serve tanto para uso interno como para uso externo (em feridas, cortes, e infecções cutâneas).

Quanto às suas propriedades imunomoduladoras (que interferem positiva ou negativamente no sistema imunológico), as pesquisas atuais revelam que ela beneficia certas funções imunológicas e prejudica outras, não sendo, portanto, uma escolha como imunoestimulante para leigos, já que seus efeitos imunoestimulantes ou imunodepressivos (que deprimem a ação de certos elementos do sistema imunológico) precisam ser conhecidos a fundo para serem utilizados corretamente.

A própolis tem seu melhor efeito na forma de extrato alcoólico de própolis e numa concentração mínima de própolis de 11 a 13%.

Indicações: para muitos quadros infecciosos, como resfriados, gripes, sinusites, otites, laringites, amigdalites, infecções gastrointestinais, gastrites e colites. Em uso externo pode ser aplicada em feridas infeccionadas, cortes, machucados abertos etc.

Contra-indicações e efeitos colaterais: normalmente a própolis é bastante segura para uso geral. Mas, seu uso excessivo pode ocasionar algumas reações alérgicas (devido ao hiperestímulo do sistema imunológico), e em algumas pessoas o seu uso externo pode causar irritação cutânea.

Posologias do extrato de própolis:adultos (30 gotas com água, 3x ao dia); crianças de 7 a 12 anos (15 gotas com água, 3x ao dia); crianças de 4 a 6 anos (de 6 a 8 gotas com água, 3x ao dia); abaixo de 4 anos (de 3 a 6 gotas com água, 3x ao dia). Ao invés de tomar com água, pode-se tomá-la com sucos ou chás. O ideal é que seja tomada logo após as refeições.

Equinácea 

A equinácea é uma erva nativa da América do Norte e tem sido utilizada há centenas de anos pelos índios e povos tradicionais norte-americanos como um antibiótico e imunoestimulante confiável e poderoso. As duas espécies (são ao todo nove espécies de equinácea) que têm propriedades medicinais são a Echinácea purpurea e a Echinácea angustifolia.

A equinácea combate infecções – especialmente respiratórias e urinárias -, herpes e a imunodeficiência. É muito utilizada na América do Norte no combate a gripes e resfriados, e tem, realmente, bons resultados.

Devido ao seu forte poder imunoestimulante e à ausência de contra-indicações, a equinácea é utilizada atualmente em diversos países, e é encontrada facilmente nas farmácias das grandes cidades brasileiras.

Ao contrário da própolis, que tem uma característica quente e picante, a equinácea tem uma característica refrescante. Pode-se, por isso, optar pela equinácea em casos onde haja infecções associadas ao calor, e a própolis onde haja infecções associadas ao resfriamento do corpo – mas, sempre observando as outras atividades terapêuticas específicas que cada uma delas possui em relação os diferentes tipos de infecções.

Indicações: infecções recorrentes, baixa imunidade, resfriados, gripes, sinusites, otites, infecções urinárias e herpes.

Contra-indicações e efeitos colaterais: os estudos atuais ainda não foram concludentes sobre sua toxicidade por via oral. Em princípio é uma erva bem aceita pelo organismo, mas não deve ser tomada por longos períodos continuamente (superiores a 30 dias); deve-se descontinuar o seu uso após esse período, e somente retomá-lo após 21 ou 30 dias novamente.

Posologias: adultos devem tomar 1 cápsula ou 1 colher de chá (da tintura de equinácea) 2x ao dia; crianças de 7 a 12 anos tomar 1/2 cápsula ou 15 gotas da tintura 2x ao dia; crianças de 4 a 6 anos devem tomar 1/3 de cápsula ou 7 gotas 2x ao dia; abaixo de 4 anos, tomar de 4 a 7 gotas 2x ao dia. Sempre tomar com algum líquido: água, suco ou chá.

Alho

O alho tem tantas propriedades terapêuticas benéficas ao organismo que poderia quase ser chamado de “panaceia”. Combate o colesterol, a hiperglicemia (excesso de açúcar no sangue), a pressão alta; relaxa a musculatura, beneficia o coração, dilata os vasos sanguíneos; é antibiótico de largo espectro, antifúngico, antivirótico, antiparasitário, antinflamatório, anticoagulante, imunoestimulante, entre outros.

Seu poder antinfeccioso é notável, e continua, após milhares de anos de uso pela humanidade, um excelente antibiótico e imunoestimulante.

Indicações: quase todos os tipos de infecções cedem ao uso do alho, como as respiratórias, gástricas, intestinais, urinárias, ginecológicas, etc. Mas, os efeitos mais poderosos do alho são conseguidos a partir do alho cru, ingerido logo após ser picado, cortado, amassado ou mastigado.

Contra-indicações e efeitos colaterais: não deve ser usado em altas doses porque pode alterar as funções gástricas e sanguíneas, podendo levar à dispepsia, à anemia e sangramentos.

Além disso, todos os processos de aquecimento prejudicam algumas de suas propriedades terapêuticas. Por isso, o seu cozimento (mesmo para fazê-lo como chá) elimina boa parte de suas propriedades. Assim, o ideal é consumi-lo cru. Mas, e o que fazer com o seu sabor picante pungente? Podemos misturar o alho, bem picado ou amassado, em sucos vegetais, comê-lo como saladinha (misturando um pouco de azeite, sal marinho, tomate e folhas verdes – tudo bem picado), misturá-lo em patês ou pastas (homus, baba ganoush) etc. Outra forma de utilizá-lo é na forma de óleo de alho cru, que é vendido em cápsulas nas farmácias. Porém, deve-se atentar para que o processo de obtenção do óleo de alho tenha sido feito a frio (prensado a frio, sem aquecimento ou adição de substâncias químicas). Sendo assim, ele mantém todas as propriedades do alho natural.

Posologia: os adultos devem ingerir 1 dente de alho ao dia, ou meio dente 2x ao dia; ou 1 cápsula de óleo de alho 3x ao dia. As crianças, em sua maioria, terão muita dificuldade em suportar o sabor e o odor do alho crú; por isso, para elas, outros antibióticos, como a equinácea, podem ser mais indicados. O alho deve ser tomado após as refeições, porque contém algumas substâncias que podem irritar o estômago, quando vazio.

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Limão

O limão é outra planta com inúmeras propriedades terapêuticas notáveis.

Vem sendo utilizado por muitos povos, há milhares de anos. Suas propriedades terapêuticas foram descobertas e difundidas por grandes médicos em toda a Ásia, Europa e Oriente mëdio.

Na Índia, há um ditado antigo que diz mais ou menos assim:”Onde há um limoeiro o médico não é necessário”. De fato, o seu consumo cotidiano é capaz de manter uma pessoa em boa saúde, e tem efeito extraordinário em vários tipos de doenças: infecciosas, degenerativas, inflamatórias, carenciais etc.

No Brasil, o tipo mais comum de limão é o limão-Tahiti – de interior verde claro e casca verde-escura -, mas exitem outros, como o limão-galego – de casca alaranjada e interior alaranjado – e o limão siciliano – de casca amarela e interior amarelo-claro.

Algumas propriedades terapêuticas do limão são: desinflama, refresca e alcaliniza o organismo;  desinflama o aparelho digestivo e cicatriza feridas (úlceras) gástricas e duodenais; é um imunoestimulante poderoso e um bactericida de amplo espectro; reduz a pressão arterial; fortalece o fígado e auxilia a vesícula biliar etc.

Indicações: gripes e resfriados, febres, infecções gastro-intestinais, gengivite, laringite, esofagite, gastrite, duodenite, colite e outras. Externamente pode ser utilizado em cortes e feridas, pois é bactericida e cicatrizante; mas nunca deve-se aplicá-lo na pele e depois ficar sob o sol, porque a pele ficará manchada.

Contra-indicações e efeitos colaterais: quando tomado em excesso pode provocar desarranjos gástricos e intestinais.

Posologia: adultos podem tomar o suco de 1 limão 3 x ao dia, ou até de 3 em 3 horas (em casos de infecções mais importantes); de preferência, longe das refeições. Se possível, tomar o limão puro e aos goles, porque isso ajuda a melhorar a resposta curativa do organismo. Para as crianças pode-se dar suco de limão diluído em água (limonada, sem açucar, ou com pouquíssimo açúcar ou mel).

Óleo de copaíba

O óleo de copaíba é extraído de uma árvore amazônica e tem seu uso popularizado e suas propriedades bem conhecidas entre os povos tradicionais locais.

Tem inúmeras propriedades terapêuticas: antinflamatória, antimicrobiana (contra bactérias, fungos, vírus etc) diurética, hipotensora, anti-ulcerosa, anti-tumoral, cicatrizante, etc -, auxiliando no tratamento de diversas doenças infecciosas, degenerativas e metabólicas.

É muito indicado para infecções respiratórias, servindo como um antibiótico natural de primeira linha para casos infecciosos persistentes, combatendo, ao mesmo tempo, a tosse crônica e o catarro.

Também atua eficazmente em infecções genito-urinárias, como em uretrites, cistites, leucorreias, gonorreia etc.

Externamente é indicado para quase todo tipo de infecções cutâneas, sejam devidas a fungos, bactérias ou outros micro-organismos, e atua complementarmente como notável cicatrizante.

Normalmente, o óleo preparado para uso externo é mais forte do que o preparado para uso interno, e, já que o óleo de copaíba é bastante poderoso, deve-se utilizar cada qual de acordo com suas indicações.

Indicações: infecções respiratórias, sinusites, otites, gastrite infecciosa, úlceras gástricas, infecções intestinais, infecções urinárias e genitais. Cortes, feridas abertas, micoses e infecções cutâneas.

Contra-indicações e efeitos colaterais: durante a gravidez e a amamentação não deve ser utilizado.

Posologia: adultos podem tomar 1 cápsula ou 5 a 7 gotas de óleo de copaíba diluidas em sucos, chás ou água, 3x ao dia, de preferência, após as refeições.  Usar com cuidado em crianças, porque o óleo é bastante forte. Para crianças, de 7 a 12 anos, em geral, podem ser de 2 a 4 gotas 3x ao dia, diluídas como dito acima. Abaixo dessa idade, é melhor obter a ajuda de um profissional especializado para orientar o seu uso.

Cravo-da-Índia

O cravo-da-Índia é nosso conhecido desde as primeiras idas ao dentista: seu óleo é usado pelos dentistas em obturações dentárias como anti-séptico e analgésico.

Além dessas propriedades, o cravo-da-Índia é um tônico estimulante (fortalece a energia vital e aquece o organismo), aperiente (estimula o apetite), antimicrobiano (contra fungos, bactérias, vírus etc), apresentando atividade bactericida e/ou bacteriostática e fungicida contra uma grande variedade de bactérias e fungos (Pseudomonas spp.Vibrio spp., Edwardsiella spp., Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Candida albicans, Aspergillus e outras).

Pode ser usado na forma de chá, tintura alcoólica ou óleo, sendo o chá normalmente o uso mais comum e mais seguro.

Indicações: infecções respiratórias e bronquites, dor de dentes, infecções orais (em gengivites e infecções dentárias), amigdalites, otites, hiposecreção gástrica e falta de apetite. Externamente pode ser usado em cortes, feridas infeccionadas e micoses.

Contra-indicações e efeitos colaterais: deve ser usado com cautela (nas doses e formas recomendadas), especialmente porque pode irritar as mucosas (da boca, do estômago e dos intestinos), sendo, assim, contra-indicado para as gastrites, colites, síndrome do cólon irritável, úlceras gastroduodenais e distúrbio hepáticos. Não deve ser utilizado (especialmente o óleo) por pessoas que apresentam distúrbios neurológicos, como Parkinson, epilepsia e outros. Pessoas que têm alergias respiratórias não devem usar o óleo de cravo. Não deve ser utilizado durante a gravidez e amamentação. Para o uso em crianças o melhor é ter a orientação de um fitoterapeuta ou aromaterapeuta experiente. Pode causar também irritação cutânea, se aplicado em excesso ou em quem tem alergia ao cravo.

Posologia: para adultos, pode ser tomado na forma de 1 xícara de chá 3x ao dia, antes ou após as refeições. Da tintura, pode-se tomar de 15 a 30 gotas com líquidos, 3x ao dia. Pode-se bochecar e/ou gargarejar com o chá ou com a tintura de 3 a 4x ao dia, especialmente após as refeições, em casos de gengivites ou amigdalites. O óleo também pode ser usado diluido (cerca de 2 a 4 gotas em 1 xícara de água morna) para bochechos e gargarejos.  Para micoses nas unhas e frieiras dilui-se o óleo de cravo (6 gotas em 1 colher de chá de óleo de amêndoas ou azeite) e passa-se 2x ao dia nos locais afetados. Mas, nas micoses é necessário usar sapatos abertos durante todo o tratamento e eliminar o foco de fungos nos calçados (deixando-os no sol forte, por pelo menos 3 horas, e usar talcos anti-sépticos nos mesmos). Além disso, é preciso enxugar perfeitamente os pés (especialmente entre os dedos) e tomar cápsulas de óleo de alho 3x ao dia, durante todo o tratamento, para reforçar a imunidade. Depois de usar por 3 semanas o óleo de cravo, pode-se usar o óleo de copaíba (2x ao dia) por mais 3 semanas para garantir a eliminação completa das micoses.

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Existem outros antibióticos e imunoestimulantes naturais, geralmente derivados de plantas, e em especial das aromáticas. Alguns óleos essenciais são poderosos antimicrobianos e/ou imunoestimulantes, mas seu uso deve ser orientado por aromaterapeutas experientes, já que os óleos essenciais são bastante intensos em suas propriedades e precisam ser usados com sabedoria.

 

Alberto Fiaschitello é terapeuta naturalista e cientista social