Justiça processa 11 envolvidos na obra de Maluf

26/07/2012 11:25 Atualizado: 26/07/2012 11:25

Ficha de Paulo Maluf no website da Interpol: ''Procurado''. No caso de desvios da obra da avenida Água Espraiada, o ex-prefeito é acusado dos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e organização criminosa, evasão de divisas e crime contra a administração pública. (The Epoch Times)Ex-executivos da Mendes Júnior e da OAS integrarariam quadrilha do ex-prefeito que superfaturou para construir avenida Água Espraiada. Com foro privilegiado, Maluf responde no STF

A Justiça Federal abriu nesta terça-feira processo contra executivos das empreiteiras Mendes Júnior e OAS por desvio de recursos públicos na construção da avenida Água Espraiada, durante a gestão do ex-prefeito e hoje deputado federal Paulo Maluf, entre 1993 e 1996, e do ex-prefeito Celso Pitta, entre 1997 e 2000, ambos do PP de São Paulo, informou o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP).

Os acusados responderão por peculato e lavagem de dinheiro. Maluf já é investigado por desvios de recursos na obra, orçada em 796 milhões de reais, mas por ter foro privilegiado, o caso está no Supremo Tribunal Federal. O ex-prefeito também responde na Justiça Estadual de SP por improbidade administrativa e é procurado pela Interpol.

Segundo a denúncia divulgada pelo MPF, durante a empreitada, foi montado um esquema de desvio de recursos públicos na Prefeitura de São Paulo na gestão do então prefeito Paulo Maluf. A obra, concluída somente em 2000, na gestão de Pitta, teria sido superfaturada e o dinheiro desviado convertidos em dólares e ocultados em bombons, caixas de uísque e presentes entregues a Maluf, Pitta e Reynaldo Egydio de Barros, então presidente da Emurb. Em seguida o montante era enviado para contas no exterior nunca declaradas à Receita Federal.

Ainda de acordo com a denúncia apresentada pelo MPF e acolhida pela Justiça, as empreiteiras subcontratavam empresas prestadoras de serviços e de materiais, que emitiam notas frias por serviços jamais realizados, mas, em seguida, atestados pela Emurb, que autorizava então a liberação dos recursos.

Para dificultar a identificação da movimentação, as empresas subcontratadas recebiam o dinheiro por cheques nominais e depositavam-no em diversas contas, de terceiros, prestadores de serviço e doleiros, ou sacava em espécie. Outra forma de desvio utilizado teria sido o de dólar-cabo, que consiste na remessa artificial de dinheiro para o exterior, por doleiros.

Os réus são Jesus Murillo Valle Mendes, Irineu Boaventura de Castro Junior, Jefferson Eustáquio, Angelo Marcos de Lima Cota, Sidney Silveira Lobo da Silva Lima, Joel Guedes Fernandes e Rosana de Faria Oliveira, da Mendes Júnior, e Carlos Manoel Politano Laranjeira e José Adelmário Pinheiro Filho, da OAS. Também serão investigados Fernando Kurkdjibachian e Célio Bernardes, funcionários da cúpula da extinta Empresa Municipal de Urbanização (Emurb).