O vice-presidente da CBF, José Maria Marin, e outros seis dirigentes da Fifa, foram presos na manhã desta quarta-feira (26) em um hotel em Zurique, na Suíça, sob acusações de corrupção. A polícia suíça efetuou as prisões a pedido da Justiça americana, onde corre um processo sobre corrupção na organização.
Marin foi visto deixando o hotel entre os detidos, acompanhado de policiais que carregavam sua mala e seus pertences em uma sacola plástica. O vice-presidente da Fifa, Jeffrey Webb, que é presidente da Concacaf (Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe), também está entre os detidos.
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Em nota, o Departamento de Justiça americano informou ter indiciado 14 pessoas por fraude, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha: nove dirigentes da Fifa e cinco executivos de empresas ligadas ao futebol. O grupo é acusado de armar um esquema de corrupção com propinas de pelo menos US$ 150 milhões de dólares (mais de R$ 470 milhões), que existe há pelo menos 24 anos. O pedido de extradição do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, já foi feito pelos Estados Unidos à Suíça.
Entre as acusações que os suspeitos enfrentam estão lavagem de dinheiro, crime organizado e fraude eletrônica. “O indiciamento sugere que a corrupção é desenfreada, sistêmica e tem raízes profundas tanto no Exterior como aqui nos Estados Unidos”, disse a procuradora-geral Loretta Lynch.
“Essa corrupção começou há pelo menos duas gerações de executivos do futebol que, supostamente, abusaram de suas posições de confiança para obter milhões de dólares em subornos e propina”. Além de Marin, outros dois brasileiros estão envolvidos nas investigações sobre corrupção na Fifa. O mais conhecido deles é José Hawilla, dono da Traffic Group, maior agência de marketing esportivo da América Latina.
O Departamento de Justiça norte-americano revelou que Hawilla assumiu a culpa em dezembro do ano passado por acusações de extorsão, fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça. O outro acusado é José Margulies, conhecido como José Lázaro, proprietário de empresas de transmissão de eventos esportivos.
Em outro desdobramento do caso, autoridades suíças abriram uma investigação sobre como foram escolhidas as sedes para as próximas duas Copas do Mundo. Segundo a promotoria, o caso é “contra pessoas suspeitas de gestão criminosa de verbas e lavagem de dinheiro, ligadas à distribuição de verbas para as Copas de 2018 e 2022”.
Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, a Fifa disse que não há alteração nos planos de realizar as Copas de 2018 na Rússia e de 2022 no Catar. Em nota, a organização disse que está “colaborando plenamente” com as investigações na qualidade de “parte lesada”, e que “saúda ações que possam ajudar a contribuir para eliminar práticas criminosas no futebol”. Os dirigentes da Fifa estavam reunidos em Zurique para o encontro anual da organização, marcado para sexta-feira, no qual o presidente Sepp Blatter buscaria um quinto mandato. Blatter não estaria entre os presos.
Segundo o jornal The New York Times, policiais à paisana pegaram a chave dos quartos dos suspeitos na recepção do hotel Baur au Lac e, sem alarde, deram início às prisões. Eduardo Li, da Costa Rica, e o uruguaio Eugenio Figueredo, presidente da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) também teriam sido levados pelas autoridades. Li seria integrado ao comitê executivo da Fifa nesta sexta-feira.
Outro nome confirmado posteriormente foi o de Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa. Ali Bin Al-Hussein, príncipe da Jordânia e rival de Blatter na disputa pela presidência da Fifa, vai se reunir com seus conselheiros ainda nesta quarta-feira para discutir o impacto das prisões na eleição. No início do mês, Blatter disse estar ciente de que alguns de seus ex-colegas estavam sendo investigados.