O julgamento do intelectual e proeminente ativista dos direitos humanos Xu Zhiyong começou e terminou na quarta-feira, enquanto tanto Xu como seu advogado permaneceram em silêncio em protesto contra os procedimentos ilegais tomados pelo tribunal antes e durante o julgamento.
Ambos se recusaram a falar no processo de julgamento para demonstrar sua objeção à recusa do tribunal de ouvir uma das 68 testemunhas de Xu, disse o advogado Zhang Qingfang ao Epoch Times. Ele disse que outros réus presos no mesmo caso também foram impedidos de aparecer no julgamento.
“Porque Xu Zhiyong ficou em silêncio, o juiz decidiu adiar a sessão por cinco minutos especificamente para persuadi-lo a falar, mas não deu certo”, disse Zhang. “Então, porque os advogados [Zhang e outro] ficaram em silêncio, o tribunal interrompeu novamente a sessão para nos convencer”, continuou ele.
Mas, eles se recusaram a falar também, porque o tribunal estava violando gravemente as leis concernentes aos procedimentos judiciais, disse Zhang. Eles não podiam consentir em participar de tal julgamento, disse ele ao Epoch Times.
Ele disse que Xu tinha preparado uma declaração de 50 minutos intitulada “Pela liberdade, pelo bem comum e pelo amor”, que funcionaria como sua defesa, mas o tribunal não permitiu que ele terminasse sua apresentação, interrompendo-o após 10 minutos.
“Mas só porque mantivemos o silêncio no tribunal, isso não significa que ficaremos quietos fora do tribunal. Vamos divulgar nossas opiniões de defesa em breve”, continuou ele.
O conselho de Xu tentou organizar o tempo durante o intervalo para Xu se encontrar com sua esposa, que deu à luz a uma filha na semana passada, mas o tribunal não permitiu. Apenas dois familiares, sua esposa e irmã, foram autorizados no tribunal.
Zhang acredita que a sentença de Xu será severa, mais de três anos e, possivelmente, cinco anos.
Apoiadores detidos
Fora do tribunal, seus apoiadores e a mídia foram contidos à distância e as ruas ao redor do tribunal foram barricadas.
Peticionários e defensores dos direitos gritavam “Abaixo a ditadura”, “Estabeleçam um regime democrático”, e outras palavras de ordem, enquanto a polícia tentava contê-los, informaram os Defensores dos Direitos Humanos Chineses (DDHC).
Uma multidão de mais de 300 apoiadores, inclusive advogados e ativistas de direitos humanos de destaque, apareceu para mostrar seu apoio a Xu, exibindo faixas e cartazes, misturando-se aos jornalistas estrangeiros e aos policiais à paisana.
Ni Yulan, que foi torturada na prisão por seu trabalho em defesa dos direitos humanos, foi levada em sua cadeira de rodas até o tribunal. Os advogados Cheng Hai e Liang Xiaojun, e a defensora dos direitos das mulheres Mao Hengfeng apareceram para mostrar solidariedade, informou a mídia chinesa Boxun.
Mais de 100 advogados e ativistas, entre eles o ativista Chen Yunfei e o advogado Liang Xiaojun, foram arrastados para a prisão negra de Jiujingzhuang num fluxo contínuo de vans comerciais, segundo os DDHC. A polícia teria detido mais pessoas não fosse a presença de correspondentes conhecidos da imprensa estrangeira na cena, disseram os DDHC.
A declaração de encerramento de Xu aborda objetivamente as questões levantadas e pertinentes em seu julgamento, e que continuarão a afligir o regime chinês. Em parte, ele concluiu sua declaração dizendo:
“Por dez anos, eu testemunhei muita injustiça, desgraça e sofrimento, porque eu optei por ficar do lado das pessoas que são impotentes e sem voz diante do sistema. Mas ainda temos o coração e a vitalidade para promover o desenvolvimento de nosso país com sabedoria…”
“Infelizmente, vocês [autoridades] veem os grupos civis como heresia e têm medo de nós. Vocês dizem que temos um propósito político. Vocês estão certos, nosso objetivo político é muito claro, é construir uma China maravilhosa com democracia, estado de direito, liberdade, justiça e amor…”
“Este é o nosso novo espírito cívico: liberdade, justiça e amor. Esses devem se tornar os valores essenciais da nação chinesa e é preciso que nossa geração os defenda e se sacrifique por eles.” Assinado, “cidadão Xu Zhiyong”.