Aproveitando-se de um dos hotéis preferidos e de entretenimento brega do governo popular de Shanghai, quatro juízes seniores, em junho deste ano, brevemente entretiveram-se com prostitutas num jantar e, em seguida, individualmente, em seus quartos de hotel. O assunto foi descoberto por um homem descontente que teve um desacordo anterior com um dos juízes e que obteve imagens de vigilância do hotel. Sua exposição e ampla divulgação dos vídeos online em 1º de agosto causou um alvoroço sobre a corrupção no Partido Comunista Chinês (PCC) e no Judiciário e custou aos juízes seus empregos, pelo menos temporariamente.
“Oficiais do PCC são assim mesmo, obcecados por dinheiro e luxúria. Eles são incontáveis. Quantos oficiais são de fato limpos…? Apenas uma frase: Não tenho qualquer esperança neles”, escreveu um internauta, refletindo a emoção típica na internet.
A história tem aparecido em quase todos os principais portais de notícias e jornais chineses e surge num momento em que o líder chinês Xi Jinping planeja sua campanha de “alinhamento de massas”, que envolve os oficiais do PCC compreenderem os sentimentos do povo chinês. Ele também está preparando um ostensivo esforço de mídia e disciplinar cujo objetivo é eliminar a corrupção no PCC. No processo, muitos oficiais do PCC foram expostos e sujeitos à crítica online ou foram levados por investigadores para interrogatórios longos e secretos nos quais alguns já morreram.
O vídeo de oito minutos postado na internet mostra quatro juízes entrando numa sala de jantar privada no Resort Hengshan, que combina hotel, restaurante e discoteca com as salas privadas de karaokê amadas pelas autoridades chinesas. Logo depois, várias mulheres jovens entram e saem do ambiente. O tom claro no vídeo sugere que são mulheres da noite.
Depois de algumas bebidas, por volta da meia-noite, os juízes se retiram para seus quartos de hotel e as mulheres os seguem logo depois, saindo entre 30 e 90 minutos mais tarde, uma delas recheando o sutiã com dinheiro.
Não está claro exatamente como o acusador, que se identifica apenas como “Ni”, foi capaz de obter a gravação. Em sua narração, ele diz que foi ao hotel e gravou com seu iPad, depois de dizer a um funcionário que tinha “perdido alguma coisa”. Por que o funcionário o deixaria permanecer por três horas gravando o material altamente prejudicial não está claro, particularmente por que alguns dos principais clientes do resort são do governo popular de Shanghai.
A principal queixa de Ni era contra Zhao Minghua, um dos juízes do Supremo Tribunal Popular de Shanghai; Zhao tinha, segundo Ni, interferido num caso em que Ni esteve envolvido, resultado de uma disputa econômica com parentes de Zhao.
As horas de vídeo também foram submetidas ao Comitê de Inspeção Disciplinar de Shanghai, o órgão do PCC cujo trabalho é descobrir e punir a corrupção entre oficiais.
Ni disse ao Legal Evening News que, além da devassidão, ele também tinha provas da corrupção financeira de Zhao. A esposa de Zhao não tem emprego, diz Ni, mas o casal é dono de quatro propriedades, duas das quais valem mais de US$ 1 milhão. Isso deveria ser impossível com o salário de um juiz, acusou Ni. Além disso, Zhao é regularmente convidado por amigos, a maioria deles advogados, para jantares e noites de entretenimento. Um jantar custa 20 mil yuanes (US$ 3.265), afirmou Ni.
“Este tipo de comportamento furtivo é normalmente praticado como um ato individual. Mas quando se trata de visitar prostitutas em grupo, você pode ver o quão grave é o problema. Isso mostra que todo o sistema está podre; visitar prostitutas aparentemente é parte da cultura no sistema judicial”, disse Shi Da, um comentarista político da emissora independente NTDTV.
Shi Da indicou a influência do ex-líder chinês Jiang Zemin (1989-2002), que antes também foi secretário do PCC em Shanghai, por ajudar a criar uma cultura de permissividade para este tipo de comportamento dos oficiais do PCC. “Jiang Zemin estava envolvido neste tipo de coisa”, disse Shi Da.
Após a notícia do escândalo, o governo local de Henan emitiu uma nova regulamentação em 3 de agosto que indivíduos não podem espalhar vídeos de vigilância sem autorização. Aqueles que o fizerem podem ser multados em 30 mil yuanes a partir de 1º de outubro.
As autoridades de Henan não se referiram ao escândalo dos juízes de Shanghai, mas os internautas também não perderam tempo. “Regulamentos politizados que protegem os direitos da classe dominante saem cada vez mais rápido e são implementados cada vez melhor”, escreveu Shi Pu, um professor de Direito na Universidade de Finanças e Economia de Henan.
Outro internauta escreveu: “Não há recompensas por reportar um problema. Em vez disso, há inclusive uma multa para punir quem fizer o relato. Alguns oficiais são realmente ridículos.”
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