Jovens ‘nem-nem’ já somam 20 milhões na América Latina

20/01/2016 17:38 Atualizado: 20/01/2016 17:42

A América Latina tem cerca de 20 milhões de jovens com idade entre 15 e 24 anos que não trabalham nem estudam, os chamados “nem-nem”, a maioria composta de mulheres, alertou uma pesquisa do Banco Mundial divulgada nesta terça-feira (19) em Washington.

Este fenômeno afeta um em cada cinco jovens nessa faixa etária, um grupo grande que exige ações especiais para evitar a evasão escolar, revelou a pesquisa “Nem-nem na América Latina.”

“O nem-nem latinoamericano típico é mulher e vive em áreas urbanas”, diz o relatório, pois dois terços dos jovens nesta situação são mulheres.”

O economista Rafael de Hoyos, um dos autores da pesquisa, informou que um dos elementos-chave neste cenário é a gravidez na adolescência, que inicialmente leva à evasão escolar de jovens mulheres que mais tarde não conseguem acesso ao mercado de trabalho.

“Essas mulheres jovens, seja por motivo de casamento precoce ou gravidez na adolescência, abandonam a escola. Sem uma educação completa, torna-se muito difícil capacitar-se para um trabalho que lhes permita ajudar a sustentar a família”, disse ele.

No entanto, acrescentou Hoyos, embora a maioria dos “nem-nem” latinoamericanos sejam mulheres, nas duas últimas décadas aumentou consideravelmente o número de homens nessa situação.

De acordo com dados do estudo, praticamente todo o aumento de 1,8 milhão de “nem-nem” latinoamericanos desde 1992 se deve ao crescimento de casos entre os homens.

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“O principal fator neste caso é a necessidade de deixar a escola para procurar um emprego. Como se trata de jovens sem muita experiência, a maioria consegue empregos informais ou mal remunerados. Aqueles que perdem seus empregos não regressam à escola”, explicou Hoyos.

Para o especialista, a gravidade deste problema é tal que nem mesmo o ciclo de crescimento regional impulsionado pelos preços das matérias primas, que permitiu uma redução da pobreza extrema, pode mudar o cenário.

“Apesar do desempenho da América Latina desde 2000, a proporção de “nem-nem” foi reduzida apenas marginalmente, mas aumentou o número bruto de jovens nessa situação”, disse ele.

Da mesma forma, o estudo observou que 60% desses jovens pertencem à camada mais pobre da sociedade e, portanto, sua situação faz com que a transmissão da desigualdade de uma geração para a próxima seja perpetuada.

Em países como Colômbia e México, “há indícios de que o fenômeno dos ‘nem-nem’ mantém relação com o crime e a violência”.

“Para começar a resolver este problema são necessárias medidas que atuem em paralelo, mas a prioridade absoluta é estabelecer estratégias para prevenir que os jovens abandonem a escola”, disse Hoyos.