Jovens chineses rejeitam vestibular nacional e vão estudar no exterior

10/06/2014 12:43 Atualizado: 10/06/2014 12:43

Cerca de 9,4 milhões de alunos do ensino médio participaram do exame vestibular anual no fim de semana passado, o teste mais importante na China e que define o curso da vida de muitos. Um número crescente de estudantes chineses, no entanto, optou por não fazer o exame, alguns escolheram estudar no estrangeiro, onde esperam algo melhor, ou pelo menos uma educação mais holística. Cerca de um milhão de estudantes se recusou a fazer o exame este ano, segundo relatórios oficiais.

Segurança pesada foi despachada em todo o país no sábado e domingo, com policiais militares guardando as entradas de escolas e ruas principais. Fotos online mostram policiais armados (algo incomum na China nessas ocasiões) e outros com capacetes e coletes.

O número de alunos que participaram do exame este ano aumentou 3%, ou 270 mil pessoas, pela primeira vez depois de cinco anos de declínio. Entre eles, 170 mil são estudantes de áreas rurais, segundo um relatório de pesquisa da ‘Educação Chinesa Online’, um website que publica informações oficiais sobre datas e resultados de exames e detalhes das carreiras a serem escolhidas.

O relatório diz que quase um milhão de alunos desistiu do vestibular este ano, com muitos preferindo estudar no exterior, e outros indo diretamente procurar emprego. Não prestar o vestibular parece mais acentuado nas grandes cidades. Shanghai teve 52 mil alunos fazendo o exame deste ano, menos da metade do número de 2006. Pequim teve 70 mil, mais de 2 mil a menos do que no ano passado, e um declínio por oito anos consecutivos. Na província de Henan, menos 34 mil estudantes fizeram o exame em relação ao ano passado.

Entre aqueles que foram para o exterior estão alguns dos melhores e mais brilhantes, dizem os acadêmicos chineses. “Isso afeta a qualidade dos alunos nas melhores universidades, como a Universidade de Pequim e a Universidade Tsinghua”, disse Chu Zhaohui, pesquisador do Instituto Nacional de Ciências da Educação, em entrevista à Rádio Nacional da China. “Sua fonte de alunos de qualidade está atrofiando, porque os bons alunos e estudantes de famílias de melhores condições financeiras estão todos indos estudar no estrangeiro”, disse ele.

A China enviou 413,9 mil estudantes para o exterior em 2013, um aumento de cerca de 4% em relação a 2012 e também uma tendência de uma década, segundo o Ministério da Educação da China. Em 2013, a China tinha mais de três milhões de pessoas estudando no exterior, a maioria no mundo. Os Estados Unidos é um dos destinos mais populares. No ano passado, 93.768 estudantes chineses foram para os Estados Unidos estudar no segundo grau e 103.427 para graduação universitária. Estudantes na China frequentemente veem a oportunidade de estudar no exterior como sendo educacionalmente melhor e tendo mais prestígio.

A Rádio Som da Esperança entrevistou o sr. Li, um estudante universitário na província de Guangxi, que disse: “A educação no exterior é certamente melhor do que na China. Filhos de líderes do alto escalão estão todos indo estudar no estrangeiro, o que prova isso.” O sr. Li disse que seus professores universitários na China seguiam os manuais e livros estrita e literalmente, algo que ele poderia ter feito por si mesmo. E acrescentou: “Se eu tivesse dinheiro, eu certamente emigraria. Na China, a comida não é segura, o ambiente não é seguro, nada é seguro.”