Wang Dushan compartilhou duas imagens através da Internet chinesa, que continham três flores de lótus com os caracteres de “verdade, compaixão e tolerância”, em chinês, como na foto abaixo. Ele também enviou material promocional para o show de uma companhia de dança chinesa chamada Shen Yun Performing Arts. Devido a isso, o jovem de vinte anos foi preso logo em seguida, e levado a julgamento.
As duas imagens estão ligadas ao Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa, cujos praticantes têm sido perseguidos há 16 anos. De qualquer forma, o tratamento das autoridades chinesas a Wang Dushan é desconcertante, porque ele não é um praticante do Falun Gong.
Wang foi preso no dia 11 de julho em Pequim, no local onde trabalhava. Mais tarde, ele foi transferido para o Centro de Detenção de Ganyu em sua província natal de Jiangsu, no leste da China, de acordo com um relatório da emissora de língua chinesa com sede em Nova York, New Tang Dynasty (NTD). A NTD e o Epoch Times são filiais da mesma empresa, a Epoch Media Group.
A polícia disse que Wang Dushan foi preso por propagar o Falun Gong através da Internet. Um tribunal no Distrito de Ganyu acusou Wang por minar a aplicação da lei.
As palavras “verdade, compaixão e tolerância” na foto da flor de lótus são os princípios do Falun Gong; e muitos artistas da companhia de dança chinesa Shen Yun Performing Arts são adeptos da disciplina.
Porém Wang “não pratica o Falun Gong”, disse um parente do jovem à NTD em entrevista por telefone. “Ele é apenas um garoto que arranjou um problema por baixar algumas fotos”.
Em 20 de julho de 1999, o ex-chefe do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, lançou uma campanha para “erradicar” o Falun Gong. A prática, que consiste em cinco séries de exercícios lentos e suaves e de ensinamentos morais, atraiu entre 70 e 100 milhões de chineses, de acordo com números oficiais e do Falun Gong, respectivamente.
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De acordo com Minghui.org, uma central de informações sobre a perseguição ao Falun Gong, mais de 3.900 praticantes foram mortos por tortura e abuso, e centenas de milhares ainda definham na prisão.
Investigadores estimam que, entre 2000 e 2008, o regime chinês retirou os órgãos de 65 mil praticantes do Falun Gong ainda vivos, mas que acabaram morrendo no processo ilegal de tráfico de órgãos, realizado pelo Partido Comunista Chinês. Os investigadores acreditam que a colheita forçada de órgãos continua, e que o número de mortos pode ser muito mais elevado.
A perseguição ao Falun Gong geralmente se estende aos familiares, e os praticantes são, frequentemente, demitidos de seus locais de trabalho devido à pressão feita pelas autoridades chinesas.
Mesmo no contexto desta campanha, a detenção de Wang Dushan e o seu posterior julgamento aparentam ser muito agressivos.
No tribunal, o juiz Sun Jiangzhong interrompeu o advogado de Wang, Zhang Zanning, no meio de seu discurso, e disse para ele “não falar muito”, segundo relato do advogado à NTD.
O juiz restringiu Zhang a uma apresentação de 10 minutos. Ele também zombou quando Zhang fez sua defesa, declarando que ele próprio tinha estado em muitos desses casos, e que o advogado não devia mencionar coisas irrelevantes, de acordo com um relato do julgamento realizado pelo Minghui.
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As autoridades judiciais chinesas têm “violado os processos judiciais em quase todos os casos Falun Gong”, disse Zhang à NTD. Por exemplo, a polícia julgou retroativamente Wang Dushan por minar a implementação da lei em 19 de junho, e depois formalmente o indiciou por “usar a Internet para minar a lei nacional”, uma lei penal que não existe na China, disse Zhang.
Zhang também disse que Wang não pratica o Falun Gong e mesmo que praticasse, o Falun Gong não é ilegal perante lei chinesa.
Em vez disso, as mais altas instâncias jurídicas do regime chinês “cometeram um erro muito fundamental” em 1999, quando eles “complementaram as necessidades da campanha de Jiang Zemin contra o Falun Gong” e processaram os praticantes do Falun Gong perseguidos.
Wang Dushan segue preso no Centro de Detenção de Ganyu, e ainda não foi sentenciado.