Amy Minghui Yu não é uma órfã, mas ela teme que possa se tornar uma a qualquer momento. Seu pai, mãe e uma tia estão presos na China. Eles não cometeram nenhum crime, não fizeram nada de errado, eles simplesmente escolheram viver de acordo com os princípios de verdade, compaixão e tolerância, assim como Amy.
Com 26 anos e vivendo em Londres, Amy escolheu seu nome do meio, Minghui, logo após seu pai ser preso na China há quase dez anos. “Ming Hui” é um termo chinês que pode ser traduzido como “Sabedoria Pura”.
Na China pré-comunista, quando conceitos espirituais faziam parte dos assuntos cotidianos, ideias sobre ser sensato e sábio seriam comumente empregadas. No entanto, Amy nomeou-se segundo um website.
O ‘Minghui.org’ é um website internacional multilíngue que reporta sobre a vida e experiência de praticantes do Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa. Desde 1999, quando o Falun Gong foi proibido na China, o site tem se concentrado em como as pessoas na China convivem com e burlam a perseguição nacional dos cerca de cem milhões de chineses praticantes do Falun Gong.
Cinco entradas no site referem-se ao pai de Amy, o Sr. Yu Zonghai. Uma delas diz sobre a Prisão Mudanjiang, onde ele está detido:
“A Prisão Mudanjiang é apelidada de ‘campo de concentração da morte’. … As instalações médicas e o saneamento são extremamente precários. Os guardas forçam os prisioneiros a trabalharem mais de 11 horas diariamente, incluindo feriados e fins de semana. A fim de alcançar os objetivos econômicos, a prisão aloca prisioneiros para cada chefe de ala e faz com que cada chefe seja responsável por apresentar um lucro pré-determinado para a prisão. Cada chefe é pressionado a atingir o lucro econômico atribuído e também gerar alguma renda para si mesmo. Dessa forma, sem quaisquer limitações, eles tentam extrair o máximo do trabalho dos presos e não pagam um centavo em compensação. O Partido Comunista Chinês [PCC] também atribui operações aos guardas prisionais, contratando os responsáveis a apresentarem um lucro de 1,5 milhões de yuanes [c. US$ 250 mil] por ano. “
Amy tenta divulgar que seu pai está se deteriorando fisicamente. Ela projetou cartões postais para que as pessoas assinem e enviem à prisão pedindo sua libertação.
A imagem de seu pai no cartão, fotografado por um membro da família, mostra-o atrás de um vidro espesso falando num telefone: sua cabeça raspada, os olhos serenos e o rosto machucado com cicatrizes e hematomas.
Isso e as mãos são tudo o que é visível de seu corpo, mas visitantes relataram que o Sr. Yu “foi brutalmente espancado. Sua perna estava quebrada e uma costela fraturada projetava-se pela pele. Ele ainda sofria tonturas, não conseguia enxergar claramente e tinha problemas para caminhar.”
Sobre sua última visita ao pai anos atrás, Amy disse: “Tenho medo que ele não suporte até que possa retornar para casa… Eu o achei muito cansado. Ele é realmente uma pessoa muito forte mentalmente, eu nunca tinha visto aquele olhar antes em seu rosto. Temo que sua esperança pela vida tenha sido arrancada.”
Para espalhar sua campanha, ela lê para pequenos grupos a partir de um script. Torna-se óbvio que ela usa um script para não perder o controle lembrando-se do sofrimento. Quando a mãe de Amy foi presa, ela empurrou Amy, então com 16 anos, para longe dela para prevenir que Amy também fosse presa. Às vezes, a voz de Amy vacila quando ela reconta o que aconteceu e apenas sugere a devastação que sua situação familiar lhe trouxe.
Colegas de seu pai também foram presos e alguns mortos. Eles eram pessoas que Amy conhecia bem.
Embora relativamente segura, quando ela veio pela primeira vez para ficar no Reino Unido, ela ainda achava difícil confiar nas pessoas, não querendo, por exemplo, contar sua história à Anistia Internacional. Amy só viu seus pais por oito horas em 10 anos – sem tocá-los, atrás de um vidro, numa linha de telefone e sendo observada. Qual a situação de seus pais desde então é desconhecido.
Amy vive emocionalmente torturada pela prisão da família. Apesar de não ter sido fisicamente agredida ou presa pelo PCC, no entanto, ela ainda é perseguida e contida pela mistura de emoções negativas causadas pela destruição de sua família. “Eu mudei o meu nome”, disse ela, “para lembrar o que ocorreu, para nunca esquecer onde quer que eu vá ou quem quer que eu me torne.”
Com o encorajamento de amigos, ela se aproximou de políticos locais, contou-lhes sobre seus pais e convenceu-os a pressionarem o PCC pela libertação dos familiares. No final de seu roteiro, ela diz: “Diante da tortura e até mesmo da morte, eles ainda se levantam por seu direito de crença e, ao fazerem isso, eles mostram ao mundo como um verdadeiro ser humano deve ser.”
Amy respeita seus pais e anseia por seus conselhos, mas só pode usar sua memória deles como orientação. E para ajudar sua memória, ela mudou seu nome.
Link para o site Minghui (inglês) aqui.
Artigos no site Minghui relacionados a Yu Zonghai.