Uma série de jornalistas mexicanos assassinados desde o final de abril tem alarmado organizações de direitos humanos e grupos pró-liberdade de imprensa.
Desde 28 de abril, seis repórteres e fotógrafos foram encontrados assassinados em diferentes partes do México. Um funcionário administrativo de um jornal também foi morto. “Na realidade, em muitas partes do México, os cartéis, militares e policiais operam num vácuo”, diz o pesquisador mexicano Rupert Knox da Anistia Internacional sobre a atual situação. Qualquer um que reporte sobre o que esses grupos fazem, acrescenta ele, pode estar se colocando em “extremo perigo”.
Knox também diz que a taxa de impunidade dos assassinos de jornalistas é muito elevada, apesar da recente legislação que torna crime federal matar um repórter. Em março, uma emenda constitucional foi aprovada pelo Senado do México para permitir que as autoridades federais investiguem tais crimes. A legislação também responsabiliza os oficiais seniores da administração do governo pelos inquéritos ao invés dos agentes estaduais da lei reconhecidos por sua ineficácia e corrupção.
O pesquisador aponta que a reforma constitucional ainda precisa ser transformada em lei, mas diz que organizações de direitos humanos como a Anistia têm esperanças de que isso se tornará “outra arma no arsenal” de proteção para os jornalistas. Enquanto isso, os jornalistas terão de continuar principalmente defendendo a si mesmos, uma proposição dificultada pela cultura midiática do país. “Os jornalistas [no México] não são muito bem organizados como um grupo”, diz Knox, acrescentando que, em geral, quanto mais localizada é uma mídia, mais vulnerável ela é.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos do México calcula o número de jornalistas assassinados desde 2000 em 81. A comissão também informou que outros 14 simplesmente desapareceram. “Os jornalistas, especialmente aqueles que reportaram sobre o tráfico de drogas ou têm sido críticos das forças de segurança e autoridades, têm enfrentado sério assédio e ataques”, diz um relatório recente do Human Rights Watch. “Enquanto muitos ataques contra a imprensa em 2011 foram atribuídos ao crime organizado, evidencias apontam o possível envolvimento de autoridades estaduais em alguns casos.”
De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas, “Reportagem sobre batidas ao crime é o trabalho mais perigoso na imprensa mexicana.”
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Ocupação perigosa do México
28 de abril: Uma correspondente da revista semanal Proceso que investigava redes criminosas e corrupção política, Regina Martínez, é encontrada morta em Xalapa, Veracruz.
3 de maio: A polícia encontra corpos mutilados dos fotojornalistas da polícia e do crime organizado, Guillermo Luna, Gabriel Huge, e Esteben Rodríguez em Boca del Río, no estado do Golfo do leste, em Veracruz. Eles estavam numa lista negra circulada por um grupo do crime organizado no ano passado. Irasema Becerra, a namorada de um dos homens e um secretário de um jornal, também foram encontrados mortos.
13 de maio: O ex-jornalista René Orta Salgado, que deixou o jornal El Sol em janeiro, é encontrado estrangulado na mala de um carro no centro da cidade mexicana de Cuernavaca.
18 de maio: O corpo mutilado do experiente repórter do crime Marco Antonio Ávila García é descoberto dentro de um saco de lixo na beira da uma estrada no noroeste do estado de Sonora.
Fonte: Anistia International, Human Rights Watch e CPJ.