Enormes multidões de manifestantes receberam o líder chinês Hu Jintao que visitou Hong Kong em 1º de julho. Desde que o território foi devolvido à República Popular da China em 1º de julho de 1997, a marcha tem sido uma tradição. Este ano, mais de 400 mil manifestantes participaram, o dobro do ano passado, segundo a Frente Civil de Direitos Humanos, o principal organizador do evento anual.
A crescente influência do Partido Comunista Chinês (PCC) sobre a administração política de Hong Kong tem alimentado o descontentamento do povo. Manifestantes exibiram faixas e gritaram uma grande variedade de mensagens, incluindo a reabilitação dos estudantes que sofreram no Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) em 1989 e em oposição às violações dos direitos humanos no continente. Uma vez que Hong Kong é a única cidade democrática chinesa, os manifestantes acreditam que sua voz pode ajudar seus concidadãos submetidos a abusos dos direitos humanos no continente.
Durante sua visita, Hu empossou o recém-nomeado chefe-executivo Leung Chun-ying numa cerimônia inaugural cheia. Leung é considerado leal ao governo comunista; muitos participantes ficaram surpresos que ele fez seu discurso inaugural em mandarim e não no dialeto nativo de Hong Kong, o cantonês.
Mais tarde, Leung se dirigiu a um salão comunitário no distrito de On Ting para uma mesa de discussão. Manifestantes irados cercaram Leung quando ele saia do carro, forçando-o mais tarde a deixar a mesa através da escada dos fundos antes que a discussão terminasse.
Hu fez comentários durante a cerimônia, “Embora reconheçamos as realizações de Hong Kong nos 15 anos após seu retorno, também devemos estar conscientes das divergências profundas e problemas na sociedade de Hong Kong”, disse Hu. Um participante respondeu com gritos de “pôr fim ao regime de partido único” e “reparar o 4 de junho”. A polícia recolheu o participante, identificado como Ken Tsang, um representante do Partido Cívico.
Jornalistas também foram censurados durante a visita de Hu. A polícia recolheu Rex Hon, um repórter do Apple Daily de Hong Kong, depois que ele questionou Hu sobre as reparações da repressão de Tiananmen em 4 de junho.
Mak Yan-ting, presidente da Associação dos Jornalistas de Hong Kong expressou sua opinião numa entrevista coletiva, “Queremos que a polícia saiba claramente que não aceitamos sua censura à maneira como fazemos perguntas, ao que reportamos e que voz queremos focar. Nosso trabalho é fazer perguntas. Eles não têm o direito de interferir nisso”, disse ela. “Não importa se eles estão testando a água ou dando ordens políticas, eles devem saber que a indústria da mídia e a sociedade não aceitará isso.”