Atletas devem se orgulhar de representar sua pátria com determinação
A medalha de bronze conquistada pelo brasileiro Cesar Cielo nos 50 metros livres nas Olimpíadas de Londres, nesta sexta-feira, vem sendo reportada pela mídia como um fracasso para quem levou o ouro na mesma prova em Pequim 2008. Essa falta de espírito olímpico por parte da imprensa, no entanto, não surpreende, já que quando se trata de esportes as notícias costumam ser: “os atletas decepcionaram” ou “o desempenho não foi como esperado”. Porém, esse tipo de abordagem vai contra o ideal de superação dos limites, que é a principal virtude de um atleta.
O que faz as pessoas se dedicarem ao esporte? É a vitória ou é o avanço gradativo de suas qualidades e os benefícios do treinamento? Muitos atletas ainda não perceberam isso e baixam a cabeça na derrota ou ficam muito contentes na vitória. Muitos se dedicaram ao treinamento, apenas um pode ser vitorioso? Quantos competiram?
As artes marciais, também representadas nos Jogos Olímpicos, estão mais de acordo com estes princípios, mas têm perdido muito de sua origem devido ao pensamento exclusivamente voltado para a vitória na competição. As artes antigas ensinam que a competição é apenas uma pequena parte do objetivo principal: o desenvolvimento das qualidades físicas e, principalmente, da saúde mental. Porém, muitos atletas se esquecem destes princípios e choram ou ficam inconsoláveis após uma derrota. Para a grande mídia, em apenas um dia heróis se tornam fracassados e decepcionam a nação.
Quem lembra dos campeões olímpicos de 1984? Talvez alguns, mas a imagem da maratonista Gabrielle Andersen ficou na memória de todos os espectadores daqueles jogos e muitos já a colocaram como exemplo de atleta olímpico.
Gabrielle, durante a maratona feminina, completamente desidratada e desorientada pelo esforço no calor, além de estar com uma forte cãibra na perna esquerda, cambaleou nos últimos 200 metros da maratona levando 10 minutos para completá-los até cair desacordada nos braços dos médicos sobre a linha de chegada. Após a prova ela disse aos jornalistas que queria terminar o percurso pois aquela talvez fosse sua única oportunidade olímpica devido aos seus trinta e nove anos. Ela foi a 37ª colocada entre as 44 corredoras.
O espectador tem sede de vitória, mas em cada esporte há todo um processo de treinamento. Nações bem organizadas se beneficiam dos avanços científicos e tecnológicos e investiram pesado no desenvolvimento e preparação física dos atletas. Neste sentido o Brasil ainda está muito abaixo das principais nações do esporte e talvez nem deva mesmo investir tanto dinheiro, já que é um país com tantos problemas sociais. Deve-se ter orgulho de todos que se dedicaram para chegar ao nível de uma competição olímpica e, com certeza, se dedicam ao máximo para atingir seus objetivos e representar bem a nossa nação.