Relator do processo do mensalão, que condenou dirigentes do PT envolvidos no escândalo, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, recebeu no domingo passado (23/02) das mãos do senador tucano Aécio Neves (MG) a Medalha da Inconfidência, dada pelo governo de Minas, em Ouro Preto, antiga capital do Estado.
Aécio, potencial candidato do PSDB à Presidência, e o governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), fizeram de Barbosa a figura central da cerimônia realizada anualmente no dia da morte do inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Aécio negou conotação política no evento.
“Estamos homenageando um mineiro que é reconhecido não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro”, disse Aécio. “Não tenho dúvida de que o recente julgamento do STF é um marco importante para a democracia brasileira. Portanto, é uma honra para qualquer um de nós poder tê-lo como conterrâneo.”
Outro mensalão
Mineiro de Paracatu, Barbosa foi o orador do evento e, em seu discurso, defendeu a importância das ações afirmativas. “No Brasil contemporâneo, há progressos recentes na promoção do ideário de igualdade de Tiradentes, como é o caso do reconhecimento da desigualdade e da exclusão social histórica de que foi vítima um segmento chave da comunhão nacional, os negros, fato que levou o nosso STF a chancelar as políticas de ações afirmativas para grupos sociais hipossuficientes em universidades públicas.”
O ministro deixou o local sem falar com a imprensa. Questionado pelo Grupo Estado sobre quando o STF pretende começar a julgar o mensalão mineiro – caso que envolve políticos do PSDB -, ele apenas sorriu e respondeu: “Está vendo por que eu não falo com vocês?”
Somente pessoas credenciadas e autoridades puderam ter acesso ao evento. Um grupo de servidores públicos que protestava contra o governo de Anastasia foi proibido de se aproximar da Praça Tiradentes.
Há 13 anos, quando o governador era Itamar Franco, o petista José Dirceu foi orador do evento, ao lado do então presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que dois anos depois chegaria ao Palácio do Planalto. Dirceu, considerado pelo STF como chefe do esquema do mensalão, criticou na época o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Esse conteúdo foi originalmente publicado no portal Anonymous Brasil