Jiang Zemin, uma figura recorrente nos escândalos do PCC

03/06/2012 03:00 Atualizado: 03/06/2012 03:00

Jiang Zemin em 2007. (Fredric J. Brown/AFP)Um ex-secretário do Partido Comunista Chinês (PCC) de Pequim, que foi preso por corrupção em 1998, afirma inflexivelmente que foi a luta política que o enviou à prisão por sete anos, de acordo com um novo livro, informou a Reuters.

Numa publicação de língua chinesa da New Century Media de Hong Kong a ser lançada em breve, um ex-oficial sênior do PCC e prefeito de Pequim, Chen Xitong, disse numa série de entrevistas com o ex-oficial e pesquisador Yao Jianfu, que ele não era culpado dos crimes de corrupção que provocaram sua prisão em 1998. “Este foi o pior erro judicial envolvendo um líder de alto escalão desde a Revolução Cultural, ou desde 1989, foi um erro absurdo da justiça”, disse Chen no livro, de acordo com uma cópia antecipada obtida pela Reuters.

“Numa luta pelo poder, todos os meios possíveis, quaisquer meios baixos, são usados, e o objetivo é tomar o poder”, disse Chen, um ex-membro do Politburo, sobre sua queda do poder.

Chen foi prefeito de Pequim na época dos protestos estudantis, e estava envolvido em ordenar a repressão armada.

Muitos observadores da China acreditam que foi a luta entre facções dentro do PCC que pôs Chen atrás das grades, com seu rival Jiang Zemin, líder de uma facção de oficiais do PCC de Shanghai, sendo o principal suspeito. Jiang era o líder do PCC de 1993 a 2003.

“Eu não era um participante em qualquer luta de poder, não importa o que eles possam acreditar”, disse Chen Yao.

Num editorial publicado em 2005, o Epoch Times disse que sob o manto de uma cruzada anticorrupção, Jiang derrubou Chen e seus apoiadores de Pequim em meados da década de 1990. Entre os presos estavam secretários das autoridades municipais de Pequim. O vice-prefeito Wang Baosen foi encontrado morto, baleado na cabeça. Autoridades afirmaram que ele cometeu suicídio, mas outros suspeitam de um crime.

Chen foi solto em 2003 em liberdade condicional médica, e o ex-prefeito de Beijing, escreveu uma carta de apelo de 50 mil palavras acusando Jiang de persegui-lo politicamente, e dizendo que ele foi vítima de uma luta de poder. Ele também acusou Jiang e seus filhos de corrupção.

O lançamento do livro vem na preparação do aniversário do Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) de 4 de junho. No livro, Chen nega ter usado seu acesso ao então líder supremo Deng Xiaoping para exagerar a ameaça dos manifestantes estudantis, dizendo que ele era apenas uma figura observadora na época.

O livro também expõe informações sobre os escândalos perpetrados por Jiang Zemin no momento em que a facção do atual líder chinês Hu Jintao e do primeiro-ministro Wen Jiabao se prepara para depor Zhou Yongkang, juntamente com a facção de Jiang da qual Zhou faz parte.

Um editorial do Epoch Times descreve como as lutas internas entre as facções de Jiang e Chen marcaram o início da relação de Jiang com o recém-deposto Bo Xilai. O poder político de Bo rapidamente se desintegrou após seu ex-braço direito Wang Lijun fugir para o consulado dos EUA em Chengdu em fevereiro deste ano.

O artigo da Reuters de Benjamin Kang Lim e Chris Buckley traçou paralelos entre a luta interna recente do PCC envolvendo o escândalo de Bo Xilai, e as disputas internas que colocaram Chen Xitong atrás das grades há quase 20 anos, mas não apontam como Jiang foi uma figura importante em ambos os conflitos.

O editorial do Epoch Times afirmou que o pai de Bo, Bo Yibo, líder fundador do PCC, usou uma carta de Chen que denunciava Jiang, para ganhar o favor de Jiang e persuadir Jiang a promover rapidamente seu filho na hierarquia do PCC.

A ascensão de Bo dentro das fileiras do PCC tem sido amplamente associada a Jiang, incluindo sua participação na perseguição ao movimento espiritual do Falun Gong, que começou em 1999, e foi iniciada por Jiang.

Segundo alguns relatos, após a tentativa de Wang de pedir asilo no consulado dos EUA, acredita-se que Bo e o chefe da segurança pública Zhou foram pegos conspirando para arruinar a sucessão do atual vice-presidente Xi Jinping para se tornar o próximo líder do PCC.

Artigos relataram recentemente que Bo, sua esposa Gu Kailai, e Wang Lijun podem enfrentar julgamento já em junho. Bo e sua mulher são suspeitos de matar o empresário britânico Neil Heywood. Wang está enfrentando julgamento por três acusações: traição, corrupção grave e tortura.