Japão pede a China transparência militar

02/08/2012 03:00 Atualizado: 02/08/2012 03:00

Vista aérea da cidade de Sansha no disputado grupo de ilhas Paracel, que a China agora considera parte da província de Hainan, em 27 de julho de 2012. (STR/AFP/Getty Images)Livro Branco alerta sobre desenvolvimento naval chinês

O anual Livro Branco da Defesa do Japão diz que os procedimentos militares e da marinha da República Popular da China (RPC) precisam ser mais transparente, enquanto o Japão vê montes de dinheiro da China dedicados a despesas militares desconhecidas.

Há muito para o Japão se preocupar.

Uma base naval de larga escala com túneis subterrâneos para submarinos de propulsão nuclear está declaradamente sendo construída na cidade de Sanya, no extremo sul da ilha de Hainan, um local de importância estratégica que tem acesso ao Mar do Sul da China e ao Oceano Pacífico.

O documento japonês citou um relatório dos EUA de 2011 sobre a RPC adicionar em 2003 a guerra midiática, jurídica e psicológica a seu arsenal.

A guerra midiática usará a opinião pública para construir o apoio aos militares chineses. A guerra legal usará as leis para ganhar apoio e minimizar qualquer repercussão política possível. A guerra psicológica irá abalar e desmoralizar um inimigo para minar sua capacidade de lutar.

A RPC tem sido clara sobre as intenções de suas atividades no espaço.

Um relatório da defesa da RPC de 2011 insistiu que todas as atividades no espaço eram pacíficas. Mas um relatório de 2006 afirmava que os grandes projetos científicos e tecnológicos no espaço eram desenvolvidos para melhorar a defesa. O diretor do Departamento de Armamento do Exército da Liberação Popular (ELP) estaria no comando de todo o programa espacial.

O relatório do Japão disse que isso é motivo de preocupação para a comunidade internacional que a China esteja expandindo seus poderes militares e navais sem muita transparência. O documento pedia ao Japão para prestar atenção ao mar sobre futuros desenvolvimentos e para que a matéria fosse analisada cuidadosamente.

“Há incidentes que geram preocupações sobre as decisões e ações militares da China.” O documento citou o inexplicável submarino nuclear chinês que entrou ilegalmente em águas japonesas em novembro de 2004 e testes de armas antissatélite em janeiro de 2007 que preocupam o Japão e que também não foram explicados.

O Japão também observou embarcações navais da RPC realizando o que parecia ser exercícios ou atividades de coleta de dados em águas próximas.

O documento japonês cita o Relatório da Defesa de Taiwan de 2011, que, embora diálogos através do Estreito tenham relaxado as tensões, “o objetivo [da RPC] de unificar Taiwan não mudou. Enquanto a força militar dos dois lados do Estreito de Taiwan se torna ainda mais desequilibrada, podemos assistir ameaças militares crescentes.”

A Rússia, o maior fornecedor de armas da RPC, exporta armamento altamente sofisticado para a China, enquanto a nação comunista desenvolve sua indústria doméstica de produção bélica. Mas a Rússia tem uma política de não fornecer armas que representam uma ameaça para si mesma, segundo o relatório japonês.

Por outro lado, a União Europeia (UE) impôs embargos de armas à China desde o massacre da Praça da Paz Celestial em 1989. Em cada oportunidade diplomática, a RPC insiste que os embargos sejam removidos.

O relatório japonês prevê que a crise da dívida europeia possa fazer a UE mais ansiosa para levantar os embargos e pede ao Japão para prestar atenção contínua ao assunto.