O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse hoje ao Parlamento que irá aumentar os esforços para recomeçar a caça de baleias, apesar de um tribunal das Nações Unidas proibir a morte de cetáceos na Antártida.
Os comentários do governante colocam-no em rota de colisão com as associações contra a morte e comercialização de baleias, que esperavam que a decisão judicial terminasse de vez com esta prática nipônica.
“Quero recomeçar a comercialização de baleias, conduzindo pesquisa para obter dados científicos indispensáveis à gestão dos recursos das baleias”, disse Shinzo Abe numa comissão parlamentar.
“Para isso, vou aumentar os esforços para obter a compreensão da comunidade internacional”, acrescentou.
Abe argumentou que, ao contrário da perceção dos estrangeiros, segundo a qual as comunidades organizadas em torno desta prática matam os animais sem misericórdia, as cidades pesqueiras apreciam a carne de baleia e mostram respeito para com estes mamíferos, organizando serviços religiosos no final de cada temporada de caça.
De acordo com o responsável, citado pela AFP, “é lamentável que esta parte da cultura japonesa não seja compreendida”.
O ministro da Agricultura e Pescas japonês afirmou no final de abril estar disposto a manter a caça de baleias no Pacífico Norte, apesar da recente decisão do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) de ordenar o cancelamento do programa de captura na Antártida.
De acordo com a agência noticiosa japonesa Kyodo, Yoshimasa Hayashi disse que o ministério vai defender o programa para “manter a cultura de consumo de baleia e garantir o fornecimento de carne baleia”, sempre que seja sustentável para populações dos cetáceos.
O governo japonês declarou já que vai aceitar a decisão do TIJ, de 31 de março, a determinar o cancelamento do programa de pesca com fins científicos no oceano Antártico por considerar que o objetivo deste programa não se ajusta às exigências da legislação internacional.
Apesar da sentença só afetar as campanhas na Antártida, a decisão podia ameaçar o programa de caça de baleias, também para fins científicos, no Pacífico Norte.
Hayashi admitiu que o governo nipônico ainda não tomou uma decisão sobre se a frota do Pacífico Norte vai zarpar no final deste mês, como é hábito, para dar início à campanha anual.