Na noite de 17 de agosto, o Japão deportou sete dos 14 ativistas que desembarcou numa cadeia de ilhas controladas por Tóquio e disputadas por Pequim, numa tentativa de amenizar tensões entre as duas maiores economias da Ásia.
Sete dos ativistas estavam num avião a caminho da China na noite de sexta-feira, informou a agência de notícias Kyodo. A mídia estatal chinesa disse que os sete ativistas estavam de volta em Hong Kong às 19h50, horário local. O destino dos outros sete não ficou claro nos artigos.
Os ativistas chegaram numa das ilhas Senkaku usando um barco pesqueiro para colocar uma bandeira chinesa no local e pressionar o Japão a renunciar ao arquipélago. As ilhas desabitadas, conhecidas como “Diaoyu” em chinês, estão localizadas no Mar do Sul da China e foram reivindicadas pelo Japão desde a década de 1970.
No entanto, depois de nadarem até a ilha do barco de Hong Kong, eles foram presos pelas autoridades japonesas antes que pudessem fincar a bandeira. Os 14 foram presos por violarem a lei de imigração japonesa e transportados para Naha, em Okinawa. Um repórter de televisão e cinegrafista de Hong Kong estava entre os ativistas, disse a guarda costeira à Kyodo.
A China exigiu que o Japão liberte os ativistas. A emissora japonesa NHK informou que eles poderiam ser deportados logo na sexta-feira. Se os quatorze não tiverem cometido outros crimes, eles serão deportados imediatamente.
Membros da oposição japonesa do Partido Liberal Democrata disseram anteriormente que os ativistas poderiam ser acusados de obstruir o dever dos agentes da lei. Eles teriam atirado tijolos em barcos da guarda costeira. Mas o Japão decidiu simplesmente deportar os ativistas e não indiciá-los, informou a Kyodo.
O chefe de gabinete japonês, o secretário Osamu Fujimura, disse na quarta-feira que o Japão possuía as ilhas Senkaku por lei e controla-as por mais de um século. Ele disse que a soberania de Tóquio sobre as ilhas não deve ser questionada. O primeiro-ministro Yoshihiko Noda também disse que o Japão “lidará com isso estritamente conforme a lei”.
A mídia estatal chinesa fez alvoroço nos editoriais da quarta e quinta-feira sobre a prisão dos ativistas.
Num dos editoriais, intitulado, “O Japão não deve cruzar a linha na disputa de Diaoyu”, o jornal Global Times, controlado pelo Partido Comunista Chinês, disse que Tóquio “toma como certo que as ilhas Diaoyu estão sob seu controlo efetivo. Isso é errado.” O editorial não deu mais detalhes.
Especialistas dizem que tais comentários são principalmente arrogância nacionalista, algo que pode ser útil antes da mudança da liderança durante o 18º Congresso Nacional do PCC, quando os oficiais que saem do Politburo e do Comitê Permanente do Politburo, o órgão mais poderoso na China, transferirão seus assentos.
“Os líderes políticos querem parecer fortes em questões de soberania territorial”, disse Brad Glosserman, o chefe do Fórum do Pacífico, Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, ao Japan Times. “É por isso que temos uma espiral ascendente nas tensões e uma espiral descendente nas relações.”