É incrível. Mesmo que a perícia constate que não há indícios de envenenamento, as notas divulgadas insistem em incluir os militares como suspeitos. Um dos peritos diz que na impossibilidade de obter dados toxicológicos não pode-se descartar morte por envenenamento.
“O envenenamento não pode ser descartado, já que a ação do tempo pode ter modificado vestígios.”
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Ora, desse jeito fica complicado. Na falta de dados também não pode-se descartar um raio vindo do espaço, lançado por uma nave alienígena, ou uma picada de cobra. Se fôssemos periciar os corpos de toda a sociedade que morreu há mais de 30 anos, poder-se-ia supor que, por conta da impossibilidade de obter dados, não pode-se descartar a hipótese de que as mortes foram por causas diferentes das registradas em seus atestados de óbito.
A verdade é que na perícia realizada nos restos mortais de João Goulart não se encontrou qualquer sinal de envenenamento. Após um ano de análises, a equipe de peritos coordenada pela Polícia Federal considerou que os dados clínicos de Jango são compatíveis com morte natural.
“Nenhum medicamento tóxico ou veneno foi identificado nas amostras analisadas”, afirmou o perito criminal da PF, Jeferson Evangelista. “Assim, os resultados de todos os nossos exames podem concluir que os dados clínicos, as circunstâncias relatadas pela esposa, são compatíveis com morte natural.”
“Os dados clínicos, as circunstâncias relatadas pela esposa, são compatíveis com morte natural. O infarto agudo do miocárdio pode ter sido a causa da morte do presidente, como poderia ter sido causada por outras cardiopatias. Contudo, inobstante a negativa dos exames toxicológicos, também não é possível negar que a morte tenha sido causado por um envenenamento, tendo em vista as mudança químicas e físicas”, disse o perito Jeferson Evangelista Correa, da PF.
Segundo os dados históricos, o Presidente João Goulart faleceu devido a um ataque cardíaco quando estava exilado na Argentina, em 1976. Mas há certa insistência em que se considere a possibilidade, mesmo considerando depoimentos de testemunhas pouco confiáveis, de o mesmo ter sido envenenado de alguma forma por militares brasileiros ou uruguaios. Os trabalhos de perícia foram realizados pela Polícia Federal e especialistas internacionais.
O relatório revela que a perícia encontrou vestígios do medicamento usado por Jango, mas dentro da dose terapêutica. Foram analisadas cerca de 700 mil substâncias.
“Não se encontrou nas amostras substâncias que pudessem ter causado a morte”.
Assim, o que poderia-se esperas seria uma nota assim: “Jango morreu de morte natural”. Mas não foi o que aconteceu. Conclui-se então que, mesmo na ausência de provas, as “forças de repressão” serão sempre culpadas. Sofrem uma espécie de inversão do princípio constitucional da presunção de inocência. Ou seja, são culpados até que se prove o contrário.
E a coisa não para por aí. A ministra Ideli Salvatti, da Secretaria de Direitos Humanos, disse que o laudo divulgado é apenas parte auxiliar das investigações. Segundo ela, o material será encaminhado para o Ministério Público Federal (MPF) que atua em parceria com autoridades argentinas na apuração da Operação Condor. “Temos a compreensão exata que o que nós estamos analisando é parte do processo investigatório”, disse.
Editado por Epoch Times