Já há movimentações na rede para novas manifestações no início de dezembro e o partido do governo fará de tudo para desestimular isso. Há várias instituições já consagradas por sua luta pela verdadeira democracia, não se sabe quando e se darão sua colaboração para que esse movimento seja bem sucedido. Entre centenas citamos Maçonaria, Adesg, Igrejas, Clubes e entidades de classe etc. A sociedade precisa cobrar das associações uma resposta sobre qual o seu posicionamento frente ao que está ocorrendo no país. Não há espaço para neutralidade.
A palavra golpe tem sido frequentemente usada desde que gente ligada ao partido do governo começou a ser presa no decorrer da operação Lava Jato da Polícia Federal. Assim como ocorreu em outros países, em especial na Tailândia, a sociedade já começa a se organizar pela internet para cobrar o cumprimento da lei e evitar que o estamento governamental proteja aqueles que devem ser responsabilizados.
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Sites de esquerda, certamente sob orientação da intelligentsia petista, tentam criar no Brasil um ambiente golpista, dando ao governo a imagem de vítima. Mas isso não tem surtido efeito, a sociedade já percebe que o Partido dos Trabalhadores é mesmo o principal protagonista dos maiores escândalos do país. A frase “eu não sabia de nada” não serve mais. Quanto à presidente Dilma e seu vice: se não sabiam de nada, são incompetentes. Se sabiam, são criminosos. Nas duas hipóteses devem deixar o governo.
Na Tailândia, a governante também foi associada a vários casos de corrupção, e era também ligada a um ex-chefe de governo muito carismático, “dono” do partido mais populista do país. A sociedade foi para as ruas, a princípio de forma desorganizada, uns pediam indiciamento e impeachment da primeira ministra do PT (Partido Pheu Thai), outros pediam logo uma intervenção militar, intervenção do rei etc.
A primeira-ministra na Tailândia era taxada de mera “procuradora” de seu irmão, condenado e exilado, que para alguns continuava governando o país. O partido da premier, Pheu Thai, estimulou o crescimento de uma ala militante que se tornou conhecida como os “camisas vermelhas”, que em conjunto realizavam vandalismo e agressões contra a oposição, gerando grande intimidação política. Durante a crise os camisas vermelhas cercaram residências de opositores, tentando intimidá-los.
Aos poucos a sociedade foi se concentrando em torno de um ou dois pedidos principais. A obstinação era tamanha que houveram vários casos de ruas fechadas por semanas por conta dos acampamentos. A sociedade se mobilizava e levava água e alimentos para os manifestantes. Em uma ocasião o governo prendeu 100 idosos que acampavam em frente ao Ministério das Energias.
Em dezembro de 2013, depois que várias associações civis aderiram ao movimento, os deputados do principal partido de oposição resolveram se unir e pediram demissão em bloco, causando um caos no Parlamento. Em certo momento da crise a primeira ministra chegou a contratar mercenários para tentar retomar o controle da situação. O indiciamento da premier foi adiantado e assim, em maio de 2014 a Primeira – Ministra Yingluck Shinawatra foi condenada de forma perfeitamente legal e demitida.
Não houve nenhum tipo de golpe por parte dos militares. Em um primeiro momento estes apenas garantiram a ordem em momentos críticos. Como o parlamento estava praticamente destruído, oposição e governo não conseguiram se entender, foi acertado que os militares permaneceriam no controle até que se pudesse voltar à normalidade.
Aqui no Brasil a sociedade tem se mobilizado, primeiro pela internet, e já tem ido para as ruas. As primeiras manifestações já foram grandes em São Paulo, a confusão e “ajustamento” das reivindicações é natural no início.
A direita há muito que não vai para as ruas e até as lideranças que se formam têm que se adaptar à essa forma de se manifestar. A sociedade que está e estará nas manifestações não é uma massa de “useful idiots” que se dobra facilmente a palavras de ordem só por estas partirem de um microfone ou de um carro de som. São pessoas com consciência política formada e cientes do que desejam para o Brasil. É preciso que as lideranças entendam que vai ocorrer a unificação de forma natural. Imagine vários cursos de água correndo em direção ao oceano, cada um tem cor e velocidade diferente, mas no fim se unirão em um grande rio, com a mesma cor e muito mais poderoso.
Em uma democracia ninguém pode ser desprezado. A direita tem como característica valorizar a liberdade de expressão e o individualismo. Apologia à uniformidade é coisa de esquerdista. Se a liderança que agora surge for realmente perspicaz, digna de permanecer a frente de tão grande grupo, saberá valorizar cada opinião como parte importante do movimento. Como foi dito acima, a voz que ecoará mais forte será a do conjunto, a soma das individualidades.
Se a oposição deseja realmente que o movimento continue ele não pode parar de crescer. A adesão tem que aumentar.
Já há movimentações na rede para novas manifestações no início de dezembro e o partido do governo fará de tudo para desestimular isso. Há várias instituições já consagradas por sua luta pela verdadeira democracia, não se sabe quando e se darão sua colaboração para que esse movimento seja bem sucedido. Entre centenas citamos Maçonaria, Adesg, Igrejas, Clubes e entidades de classe etc. A sociedade precisa cobrar das associações uma resposta sobre qual o seu posicionamento frente ao que está ocorrendo no país. Não há espaço para neutralidade.
Robson A. D. Silva é jornalista