As autoridades chinesas cancelaram seu diálogo de direitos humanos com o governo do Reino Unido recentemente, citando “declarações irresponsáveis e negligentes” do Reino Unido sobre as condições dos direitos humanos na China.
Um relatório recente sobre os direitos na China emitido pelo governo do Reino Unido envolveria “calúnia irracional e críticas”. O Relatório sobre Direitos Humanos e Democracia de 2013, publicado pelo órgão britânico Foreign & Commonwealth Office em 10 de abril, identificou a China como um “país preocupante”.
O relatório inclui a mesma descrição básica das condições de direitos humanos na China, como é discutido por grupos de direitos humanos internacionais e outros governos ocidentais, incluindo os Estados Unidos. “O crescimento econômico da China continua a contribuir para a melhoria dos direitos econômicos e sociais de muitos cidadãos chineses”, observa o relatório em suas linhas de abertura. “No entanto, os direitos civis e políticos continuam sujeitos a restrições significativas.”
A seção sobre a China, então, menciona os casos mais importantes de abuso dos direitos humanos no ano passado e inclusive reconhece modestamente alguns avanços nos direitos humanos na China, como as promessas feitas em novembro (recentemente revogadas) que a China pararia de usar órgãos de prisioneiros executados para transplante.
O Ministério das Relações Exteriores da China não especificou que parte do relatório era “irresponsável e negligente”. Hua Chunying, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, no entanto, deu alguns esclarecimentos sobre o pensamento do regime chinês por trás do cancelamento do diálogo com o Reino Unido.
“Quando se engajar num diálogo entre pessoas ou países, o princípio de igualdade e respeito mútuo deve ser seguido. O objetivo é, por meio do diálogo, melhorar a compreensão, aumentar a confiança mútua e promover a cooperação”, disse Hua, numa pergunta e resposta com repórteres que publicaram online.
As descrições de abusos de direitos humanos dos cidadãos chineses por parte das forças de segurança do Partido Comunista não parecem estar de acordo com este espírito, segundo a opinião do próprio povo chinês. Hua disse que relatórios como os do Reino Unido “usam a desculpa dos direitos humanos para interferir na política interna da China e na soberania de seu sistema judicial”.
Um porta-voz do Foreign & Commonwealth Office do Reino Unido, segundo uma declaração preparada e lida por telefone, disse: “Estamos desapontados que o governo chinês na semana passada tenha adiado unilateralmente o diálogo que foi marcado para o dia 16 de abril. ”
O porta-voz continuou: “Não cabe a nós dizer por que ele foi adiado… Consideramos que o diálogo seja uma parte importante das relações bilaterais com a China.” O diálogo foi acordado entre o primeiro-ministro David Cameron e premiê chinês Li Keqiang em dezembro passado.
O Reino Unido não parecia arrependido com seu relatório de direitos humanos sobre a China. O porta-voz indicou que não há planos para alterar a forma como as condições na China são relatadas. “Apoiamos totalmente o relatório”, disse o porta-voz.