A Irmandade Muçulmana do Egito está reivindicando uma vitória do seu candidato presidencial Mohammed Mursi antes mesmo que os votos da eleição deste fim de semana sejam oficialmente calculados.
Não é esperado que os resultados da segunda e última rodada das eleições presidenciais do Egito sejam anunciados até quinta-feira.
Contudo, os apoiadores de Mursi já afirmam que ele ganhou com 52,5% dos votos, contra 47,5% do candidato rival, o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq. “O Dr. Mohammed Mursi é o primeiro presidente egípcio da república eleito pelo povo”, disse o Partido Liberdade e Justiça da Irmandade, numa mensagem do Twitter.
Numa conferência de imprensa na manhã de segunda-feira, Ahmed Abdelati, o chefe de campanha de Mursi, disse que os votos em 13 mil postos eleitorais já haviam sido contados. “É um momento que todo o povo egípcio tem esperado”, disse ele, num comentário à TV Al-Arabiya.
No entanto, o resultado foi imediatamente contestado pelos partidários de Shafiq. “Ficamos surpresos com esse comportamento bizarro que equivale a um sequestro dos resultados das eleições”, disse Mahmud Barakeh, um oficial da campanha de Shafiq, em comentários à agência de notícias AFP.
A alegação dos partidários de Mursi veio poucas horas depois do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) do Egito emitir um documento constitucional dando aos governantes militares amplos poderes legislativos.
O CSFA deu poder legislativo ao parlamento eleito do país em janeiro. No entanto, na quinta-feira passada, um tribunal constitucional dissolveu o parlamento citando irregularidades no processo eleitoral.
O documento emitido pelo CSFA no domingo significa que o governo militar provisório retomará o poder legislativo e que novas eleições parlamentares não serão realizadas até que uma Constituição seja elaborada por uma assembleia designada.
O documento também concede ao CSFA um poder de veto efetivo sobre qualquer artigo na nova Constituição que considere contrário aos interesses do país.
O movimento tem levantado preocupações de analistas sobre o poder de qualquer presidente recém-eleito. “Com este documento, o Egito deixou completamente a esfera da Primavera Árabe e entrou no reino da ditadura militar”, disse Hossam Bahgat, um proeminente ativista dos direitos humanos, num comentários ao Washington Post.
“Isso é pior do que os nossos piores receios”, disse Bahgat.