Irmandade Muçulmana clama vitória nas urnas no Egito

19/06/2012 03:00 Atualizado: 19/06/2012 03:00

Mohammed Mursi (centro), o candidato da Irmandade Muçulmana do Egito, caminha entre seus apoiadores após o anúncio dos resultados das eleições presidenciais na sede eleitoral, no Cairo, em 18 de junho. (Mohammed Abed/AFP/Getty Images)A Irmandade Muçulmana do Egito está reivindicando uma vitória do seu candidato presidencial Mohammed Mursi antes mesmo que os votos da eleição deste fim de semana sejam oficialmente calculados.

Não é esperado que os resultados da segunda e última rodada das eleições presidenciais do Egito sejam anunciados até quinta-feira.

Contudo, os apoiadores de Mursi já afirmam que ele ganhou com 52,5% dos votos, contra 47,5% do candidato rival, o ex-primeiro-ministro Ahmed Shafiq. “O Dr. Mohammed Mursi é o primeiro presidente egípcio da república eleito pelo povo”, disse o Partido Liberdade e Justiça da Irmandade, numa mensagem do Twitter.

Numa conferência de imprensa na manhã de segunda-feira, Ahmed Abdelati, o chefe de campanha de Mursi, disse que os votos em 13 mil postos eleitorais já haviam sido contados. “É um momento que todo o povo egípcio tem esperado”, disse ele, num comentário à TV Al-Arabiya.

No entanto, o resultado foi imediatamente contestado pelos partidários de Shafiq. “Ficamos surpresos com esse comportamento bizarro que equivale a um sequestro dos resultados das eleições”, disse Mahmud Barakeh, um oficial da campanha de Shafiq, em comentários à agência de notícias AFP.

A alegação dos partidários de Mursi veio poucas horas depois do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) do Egito emitir um documento constitucional dando aos governantes militares amplos poderes legislativos.

O CSFA deu poder legislativo ao parlamento eleito do país em janeiro. No entanto, na quinta-feira passada, um tribunal constitucional dissolveu o parlamento citando irregularidades no processo eleitoral.

O documento emitido pelo CSFA no domingo significa que o governo militar provisório retomará o poder legislativo e que novas eleições parlamentares não serão realizadas até que uma Constituição seja elaborada por uma assembleia designada.

O documento também concede ao CSFA um poder de veto efetivo sobre qualquer artigo na nova Constituição que considere contrário aos interesses do país.

O movimento tem levantado preocupações de analistas sobre o poder de qualquer presidente recém-eleito. “Com este documento, o Egito deixou completamente a esfera da Primavera Árabe e entrou no reino da ditadura militar”, disse Hossam Bahgat, um proeminente ativista dos direitos humanos, num comentários ao Washington Post.

“Isso é pior do que os nossos piores receios”, disse Bahgat.