Especialistas do mercado e gurus de investimento têm alertado ao longo do tempo que o regime chinês está investindo agressivamente no exterior, em sua busca para se tornar o número 1 no ambiente de negócios mundial e por meio disso dominar o mundo a partir de sua sede em Pequim.
“A ascensão econômica da China, casos crescentes de sua intervenção em assuntos asiáticos e globais e percepções de que os EUA estão economicamente debilitados têm inspirado teorias de que a China inevitavelmente ‘dominará o mundo’ em breve”, afirma um artigo de 2010 no website Daily News & Analysis.
Para suavizar a mensagem, o artigo observou que o Dr. Robert Sutter, um ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA e da CIA, disse que a China dominar o mundo, incluindo os mercados mundiais, não está no horizonte. Declarações sobre dominar o mundo foram feitas no passado sobre a União Soviética e o Japão, que também não se concretizaram.
O debate continua em 2012, com um artigo de fevereiro publicado pelo Conselho das Relações Exteriores no website Foreign Affairs sugerindo que a China dominar o mundo só ocorreria se a economia dos EUA continuar em queda livre.
“O status de credor da China não compensa o fato de que sua economia é atualmente menos da metade da norte-americana e seu povo é apenas tão rico quanto um décimo dos norte-americanos”, disse o artigo da Foreign Affairs.
Sem mais seletividade de indústrias estratégicas
“A Europa está experimentando o início de uma onda estrutural no investimento estrangeiro direto em economias avançadas por empresas chinesas. A decolagem foi apenas recente”, segundo um relatório de junho no website Grupo Rhodium LLC.
Parece que, entre 2006 e 2009, o investimento estrangeiro direto (IED) anual de empresas chinesas aumentou três vezes mais rápido do que nos anos anteriores. Entre 2004 e 2008, o IED atingiu quase 1 bilhão de dólares anualmente, aumentando para um total combinado de 3 bilhões anuais em 2009 e 2010. Em 2011, o IED totalizou 10 bilhões de dólares.
A maioria dos investimentos ocorreu na França, Alemanha e Reino Unido. O relatório Rhodium assume que a maioria dos investimentos nesses três países são orientados a investimentos comerciais e não em campos técnicos ou de recursos naturais. Por outro lado, a maioria dos investimentos do leste europeu está na área de energia, bem como em empresas completamente novas.
Investidores chineses não são mais “seletivos a um punhado de indústrias estratégicas. […] A mistura setorial do investimento chinês na Europa nos diz que uma mudança está em curso. Negócios chineses são menos dominados por recursos naturais e objetivos de facilitação comercial e mais preocupados com a ampla gama de indústrias e ativos espalhados em toda a Europa”, segundo o relatório do Grupo Rhodium.
Mais empresas privadas do que estatais fecham acordos, mas quando se trata do valor dos investimentos, as empresas estatais assumem a liderança.
“Na Europa, a esmagadora maioria dos negócios são feitos por jogadores privados, que definimos como tendo 80% ou maior propriedade não-governamental. […] A dimensão média dos acordos é, naturalmente, muito menor do que para empresas estatais”, sugere o relatório do Grupo Rhodium.
A questão permanece, são as empresas ditas privadas realmente de propriedade privada? Pesquisadores, economistas e especialistas do mercado notaram em muitos artigos que é difícil determinar se uma empresa é de exclusiva propriedade particular ou se há alguma conexão com o governo local ou estadual.
“Muitas empresas privadas operam formalmente sob a proteção jurídica de empresas estatais ou coletivas. Por isso, é difícil calcular as ações das economias estatais e privadas”, disse um artigo de agosto no website da Biblioteca de Economia e Liberdade.
Consequências futuras do IED chinês
“O investimento chinês na Europa pode ser positivo e negativo ao mesmo tempo, dependendo de quem você é”, afirma o relatório do Grupo Rhodium.
Por exemplo, a Huawei Technologies Sweden AB, uma fabricante de equipamentos de telecomunicações, vende equipamentos móveis na Escandinávia, mas se tornou “uma nova competição perturbadora para empresas europeias e seus funcionários”, segundo o relatório do Grupo Rhodium.
O Grupo Rhodium também afirma que a China Ocean Shipping Group, um provedor de serviços de transporte oceânico internacional na Grécia a um custo muito baixo “pode ameaçar os privilégios do trabalho sindicalizado grego, mas fornecerá centenas de milhões de euros para modernizar e expandir terminais de contêineres e expandir o tráfego de mercadorias e trabalhos relacionados”.
Os europeus suspeitam seriamente das intenções chinesas e estão preocupados que investidores chineses estejam à procura de investimentos em empresas que têm operações que eles possam mover para a China e que não estariam interessados em como isso afetaria o trabalho e o mercado no país-sede dessas empresas.
A comunidade empresarial da Europa não se esqueceu de quando o Grupo Yankuang Co. Ltd. comprou a fábrica alemã Kaiserstuhl no Vale do Ruhr da Alemanha, desmontou-a usando trabalhadores chineses em 2003 e remontou-a na província de Shandong.
“As empresas chinesas são mais propensas do que investidores de outros locais a adquirir ativos europeus, mover tecnologia e ativos valiosos para casa e encerrar operações na Europa”, sugere o relatório do Grupo Rhodium.
Forças competitivas entram em jogo também. O regime chinês poderia conceder empréstimos de baixo custo para o IED e, portanto, concorrentes sem acesso a tais empréstimos podem ser levados à falência.
Em suma, as distorções do mercado chinês comprometem um sistema baseado no mercado competitivo e não permitem que o mercado estabeleça um preço justo para os produtos. Esta distorção de mercado pode destruir a capacidade de um concorrente para competir de forma justa.
Além disso, o regime chinês tem “controle efetivo sobre empresas estatais (por meio da posse e nomeação de executivos) e privadas (por meio da dominação do sistema financeiro, controles de capital e controle regulatório)” e, portanto, é difícil prever o que acontecerá a uma empresa uma vez que esteja em mãos chinesas.
Tem sido observado que éticas comerciais chinesas desleais são trazidas para o Ocidente e criam problemas no mercado ocidental. Violações da legislação trabalhista, evasão fiscal e outras violações de empresas de propriedade chinesa foram trazidas à luz na cidade italiana de Prato e na Suécia.
“Se empresas chinesas que tem bens na Europa não internalizam as normas de negócios ocidentais, elas serão mais vulneráveis a processos judiciais em tribunais da UE, algo que elas eram imunes ao servirem os mercados da UE unicamente por meio de exportações”, adverte o relatório do Grupo Rhodium.
Um novo problema é a atitude dos políticos europeus que estão de olho nos investimentos chineses sem levar em conta as muitas atividades distorcidas de mercado que poderiam prejudicar os mercados locais em curto prazo e os mercados mundiais em longo prazo.
“A promessa de novo investimento chinês já está cativando a imaginação dos políticos europeus e alguns já estão cochichando sobre moderar seu comportamento em relação à China para melhorar suas perspectivas”, segundo o relatório do Grupo Rhodium.
Empresas chinesas investem nos EUA
Os investimentos chineses nos Estados Unidos subiram novamente depois de tomarem uma trajetória descendente na segunda metade de 2011. Durante o último trimestre de 2011, os investimentos chineses chegaram a 69 milhões de dólares, enquanto que durante o primeiro semestre de 2012 os investimentos chineses nos Estados Unidos chegaram a 3,6 bilhões de dólares.
Os Estados Unidos têm aprendido algumas lições ao longo do caminho pela forma como o Estado chinês lida com as negociações e mostrou que usará regulamentos para promover mudanças políticas na China que sejam favoráveis às empresas norte-americanas.
“Num discurso de março de 2012, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton também sugeriu que as autoridades dos EUA estão cada vez mais prontas para usarem interesses de investimentos chineses nos EUA como alavanca para atingir objetivos mais amplos nas relações econômicas EUA-China”, segundo um relatório de julho do Grupo Rhodium.
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